segunda-feira, 23 de julho de 2018

Insight sobre mergulho em caverna

Mergulhadores tailandêses verificando o nível da água no túnel.

Este mês, o mundo acompanhou um resgate emocionante na Tailândia. Mergulhadores se tornaram heróis. E mais uma vez se levantou os riscos e perigos do mergulho. Do mergulho em caverna. O mergulho recreativo é estatisticamente considerado um dos esportes mais seguros que existem, enquanto o mergulho em caverna é considerado um dos mais perigosos. Assim sendo, alguns esclarecimentos em relação ao que aconteceu na Tailândia.

Mergulho em caverna. Fonte: https://www.leisurepro.com
Antes de mais nada é preciso lembrar que há vários tipos de mergulho. Mergulho em caverna é uma categoria a parte. Tanto a PADI quanto a NAUI (associações que regulamentam e emitem certificações a mergulhadores) e as outras certificadoras consideram o mergulho em caverna uma especialidade. Algo a se fazer DEPOIS de se ter um curso de mergulho básico. Um tipo de mergulho para o qual é necessário já ter alguma prática e experiência no mergulho recreativo.

De acordo com Clecio Mayrink, um dos idealizadores do site Brasil Mergulho e experiente mergulhador de caverna, uma das principais causas de morte em caverna é a falta de técnica do mergulhador. Isso para se explicar porque tanto nervosismo ao se retirar os meninos da caverna na Tailândia. O mergulho autônomo recreacional por si só já traz suas dificuldades para um iniciante, como se acostumar com o equipamento e a respiração. Num mergulho em caverna em que se requer um mínimo de experiência, explica-se o nervosismo em escolher essa forma de resgate. E por isso se escolheu sedar os meninos. Entrando em pânico durante o mergulho eles colocariam em risco não somente as próprias vidas como as dos mergulhadores de resgate. Assim, desacordados, foi possível se fazer a retiradas deles em segurança.

Entrada da Mina da Passagem, na cidade de Mariana, Minas Gerais 
Apesar de todos os riscos envolvidos num mergulho em caverna (trata-se de um lugar apertado, que muitas vezes tem apenas uma entrada, é em geral escuro, etc.) muitos escolhem esse tipo de mergulho.  Em busca de cenários que não podem ser vistos em nenhum outro lugar, sem contar cenários que poucos terão acesso, todos os anos várias pessoas de diversos países se especializam nessa atividade. Além disso, alguns mergulhadores buscam a emoção de um mergulho que tem mais dificuldades e que forçam os limites de cada um. Esse foi um dos motivos que levou Michael Will, cearense de Fortaleza, farmacêutico, a buscar essa experiência em Minas Gerais, na Mina da Passagem. "Doido pra se tornar instrutor de mergulho" nas palavras dele, fez a escolha desse mergulho por acreditar que melhoria sua habilidade como mergulhador. A maior dificuldade para ele foi se acostumar com locais apertados e o equipamento (mergulho em caverna tem todo um equipamento diferenciado do mergulho autônomo). Ao mesmo tempo ele achou a experiência parecida com o mergulho em naufrágio, atividade para a qual ele já tem certificação.

Michael Will mergulhando na Mina da Passagem, Mariana, Minas Gerais
A Mina da Passagem trata-se de uma categoria dentro do mergulho em cavernas, por tratar-se de uma estrutura feita pelo ser humano, ao contrário das formações naturais. Ainda assim, os riscos e perigos são os mesmos. Este ponto de mergulho assim como outros já teve trechos bem mapeados e que são constantemente monitorados, garantindo assim, segurança para quem começa na atividade. No caso específico da Mina da Passagem uma curiosidade. A partir de um determinado ponto, o mergulho torna-se mais difícil e arriscado, assim o aviso: a partir dali apenas mergulhadores experientes! O que é usado para marcar esse ponto? Um boneco bem assustador.

Para quem não tem medo de lugares apertados e que gosta de um visual cênico bem diferente e único, fica a dica: mergulho em caverna! Em geral, há pouca vida nesses lugares, mas mesmo assim os cenários podem ser belíssimos. 






Fonte:
http://www2.padi.com/blog/2013/03/26/cave-diving-a-hidden-world-awaits/
http://www.brasilmergulho.com/porque-mergulhadores-morrem-em-cavernas/
https://www.thephuketnews.com
https://www.vox.com/2018/7/11/17561932/thai-cave-rescue-boys-stretcher https://www.leisurepro.com/blog/scuba-guides/cave-diving-enter-underground-world/
http://www.divegold.com.br/minadapassagem.html
http://www.altomarmergulho.com.br/cavernas-pelo-mundo-mina-da-passagem/

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Cearenses que mergulham longe


Foto da Silfra por Filipe Alencar

Curiosidade, paixão pelo mar ou desejo de aventura estão entre os motivos que levam as pessoas a mergulhar. No geral, acho que todos são movidos pelo desejo ou sonho de mergulhar. Alguns vão mais longe, figurativa e literalmente. Como Anistela Nunes que num espaço de dois anos foi do primeiro mergulho a se formar instrutora de mergulho e ter certificação de mergulhadora técnica. De lá para cá já foram mais de 400 mergulhos e esse ano, um desses foi literalmente longe: na Islândia.

Anistela Nunes mergulhando na Silfra
A Islândia tem um dos mergulhos mais procurados do mundo, pois é possível mergulhar e tocar ao mesmo tempo em duas placas tectônicas: a da Eurásia e a da América do Norte. Localizada no Parque Nacional de Thingvellir, a Silfra, como é chamada a fissura, fornece um dos mergulhos com água mais clara do mundo, podendo passar dos 100 m de visibilidade. A Silfra é preenchida com água derretida originada de uma geleira chamada Langjökull e permanece fria o ano todo com temperatura entre 2°C – 4°C. A temperatura faz com que o mergulhador tenha que estar preparado, usando o equipamento adequado. No entanto, mesmo quando a temperatura do ar cai, a água na fissura não congela pela constante entrada de água derretida da geleira.

Por estar bem na junção das duas placas tectônicas, a Silfra é considerado um local de mergulho vivo, que constantemente muda. Quer seja pelo deslizamento de rochas após um terremoto ou pelo afastamento das placas, é um local de mergulho que vale a pena ser visitado várias vezes. Quiser saber mais sobre esse mergulho clique AQUI (site em inglês). Apesar do lago próximo estar repleto de peixes o charme do lugar é a própria paisagem. Formas de vida limitam-se a algas, que dão um toque especial ao cenário.

Mas não precisa ir tão longe (figurativamente) quanto Anistela para fazer esse mergulho. No caso de Filipe Alencar, o sonho já era esse mergulho na Islândia. O que ele queria era a experiência de mergulhar entre as duas placas, além de uma paixão pelo país. Ele começou a mergulhar em dezembro de 2017 e já em março partiu para realizar esse sonho. O curso básico de mergulho e o curso de "dry suit" ou roupa seca, equipamento necessário para mergulhar em águas tão frias, veio um atrás do outro. Mas a pouca experiência não é nada, quando se tem um sonho. Coragem de ir atrás e um pouco de treino já bastam em várias situações. Verdade que alguns mergulhos ao redor do mundo pedem mais experiência, mas não é o caso de mergulhar na Silfra. 


Filipe Alencar mergulhando na Silfra
Não interessa se você é um mergulhador experiente como Anistela, ou se você está começando sua aventura no mundo dos mergulhos há pouco tempo como Filipe, o que importa é que se você tem um sonho de um mergulho (ou de mergulhar) que você vá atrás! Que você possa ter coragem de fazer como esses dois: ir longe! Se não fez o curso ainda, faça. Se falta algum curso ou certificação, corre atrás. O que você está esperando? 














Fonte:
https://www.dive.is/dive-sites/silfra