quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Restos de materiais de pesca retirados do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio

Material de pesca artesanal retirado da Pedra da Botija, a 24m de profundidade. Este ponto fica dentro dos limites do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, Fortaleza, CE.

Grande quantidade de chumbadas.
No dia 24 de dezembro mergulhamos na Pedra da Botija dentro do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio (PEMPRM). A quantidade de restos de petrechos de pesca artesanal nos chamou atenção e dedicamos nossos mergulhos a remover a maior quantidade possível desse lixo.

O PEMPRM foi criado em 5 de setembro de 1997 pela Lei Estadual 12.727 que proíbe várias atividades predatórias mas permite a pesca artesanal dentro dos seus limites a fim de preservar as tradições pesqueiras da comunidade do Mucuripe. Apesar de ser um santuário da vida marinha, o Parque sofre com a falta de recursos para manejo e fiscalização.

Encontramos muitas esponjas presas nas linhas de pesca abandonadas. Aparentemente o azol fica preso às estruturas rígidas dos corais e o pescador se ver obrigado a cortar a linha na superfície, abandonando o restante, cerca de 20 a 30m de nylon, 250g de chumbo e azol, no mar. Este material mantém-se preso ao recife. A mercê da correnteza o nylon enrola-se às esponjas fragilizando a estrutura da mesma que pode se quebrar durante os maiores swells e facilitando um novo enrosco pelo pescador. Além disso, o próprio azol pode prender-se e danificar a estrutura da planta.



As imagens acima mostram diferentes espécies de esponjas presas nas linhas. 

O que parece sustentar essas teorias além da grande quantidade de linhas é a ausência de grandes esponjas neste local e em outros constantemente visitados por pescadores e que apresentam grande quantidade de petrechos de pesca.

Apesar dos problemas ainda é um lugar maravilhoso!

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Lançamento da segunda parte do documentário O Naufrágio Amazônia e o Resgate dos Cristais


O que
Lançamento do documentário e confraternização de Natal

Onde
Cantina Al Pancino (Rua Coronel Linhares, 945 - Aldeota)

Quando
Quinta-feira, 15/12, às 19:30h 

Amigos,

Mais um ano termina e muita coisa aconteceu. Foram meses especialmente produtivos no contexto do mergulho cearense e chegou a hora de nos reunirmos para lembrar momentos, contar histórias e planejar o futuro em nossa confraternização de Natal!

No encontro será lançada a segunda parte do documentário O Naufrágio Amazônia e o Resgate dos Cristais em que continuamos o trabalho lançado há um ano de recuperação da carga e do resgate da história para os cearenses. A belíssimas peças recuperadas neste trabalho estarão expostas durante o evento!

Convidamos a todos, mergulhadores ou não a comparecer na Cantina Al Pancino na quinta-feira, 15 de dezembro a partir das 19:30h e conhecer essa história do mar que resgatamos para vocês!

Não falte!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Pesquisa científica descreve recife de corais em águas profundas do Ceará

por Marcelo Oliveira 

Mergulhador junto aos recifes do Canal do Uruaú. 

Pesquisa publicada recentemente descreveu a biodiversidade em recifes de corais localizados a cerca de 40 metros de profundidade no litoral leste do Ceará. O trabalho foi feito por pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a operadora de Mergulho Mar do Ceará. 

O artigo publicado na revista internacional Marine Biodiversity (Biodiversidade Marinha) com o título Mesophotic ecosystems: Coral and fish assemblages in a tropical marginal reef (northeastern Brazil) - Ecossistemas mesopóticos: Conjuntos de corais e peixes em um recife marginal tropical (Nordeste do Brasil) - descreveu os corais e peixes que vivem associados ao fundo do mar. Os pesquisadores descreveram os recifes através de mergulho autônomo no ponto conhecido como Canal do Uruaú (36m), localizado a cerca de 6 horas de barco a partir de Fortaleza. 

Na pesquisa foram feitas fotografias e vídeos para descrever a área possibilitando um maior conhecimento sobre o ambiente em águas profundas “Observamos uma biodiversidade significativa, principalmente de corais, tubarões, peixes e arraias. Os mergulhadores conhecem a área como um paraíso para as arraias”, aborda o instrutor de mergulho Marcus Davis, um dos autores do estudo. 

Os resultados são importantes, pois fornecem informação sobre a biodiversidade marinha de recifes de corais em águas profundas, os quais estão sendo descritos principalmente nos últimos 10 anos. Este tipo de recife tem sido encontrado em diversas áreas no mundo. No Brasil está em locais como perto da foz do rio Amazonas, litoral da Bahia, Atol das Rocas e o Arquipélago de Fernando de Noronha. 

“O litoral do Ceará possui uma vida marinha rica e pouco conhecida, principalmente em águas mais profundas. O Canal do Uruaú é uma área bastante interessante, porém infelizmente sem qualquer tipo de proteção ambiental, apesar de sua função para que as espécies possam se reproduzir. Seria bastante relevante criar uma unidade de conservação marinha na área ” aborda outro autor do estudo, o Professor Marcelo de Oliveira Soares do Labomar-UFC.

A pesquisa faz parte da rede do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) Ambientes Marinhos Tropicais, que visa analisar os recifes de corais no Nordeste do Brasil. 


Referência do Artigo
Soares, M.O.; Paiva, C.C.; Davis, M.; Carneiro, P.B.M.. Mesophotic ecosystems: Coral and fish assemblages in a tropical marginal reef (northeastern Brazil). Marine biodiversity, 2016. 

Fonte
Instituto de Ciências do Mar (Labomar), Universidade Federal do Ceará (3366.7010)

Fotos
Marcus Davis

Texto 
Marcelo Oliveira

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Cristais do Navio Amazônia: 35 anos no fundo do mar


Em agosto de 2016 realizamos o resgate das peças de cristal de um dos contêineres do navio Amazônia, naufragado há 35 anos na Enseada do Mucuripe em Fortaleza. 

O Amazônia levava bens produzidos na Zona Franca de Manaus com destino ao Rio de Janeiro. No entanto, ao largo de Fortaleza embarcação teve problemas e adernou na entrada do Porto do Mucuripe. Grande parte de sua carga derivou até as praias do Pirambú, outra afundou na Enseada.

Em 2012 o mergulhador Régis Freitas trouxe para nosso conhecimento a localização de um desses contêineres que carregava produtos de cristal. Começou então uma jornada burocrática para conseguir as devidas autorizações junto ao Estado Maior da Armada liderada pelo pesquisador Augusto César.

Com as autorizações em mão iniciamos o planejamento da operação. Em quatro dias resgatamos do fundo do mar cerca de setecentas peças. Os cristais trabalhados consistem em quatro modelos de petisqueira e fruteiras. Após 35 anos no fundo do mar algumas estão perfeitamente preservadas mas a maioria apresentam algum dano, mesmo mínimo mas que não tira o brilho e a beleza das peças que passaram décadas perdidas e enterradas no fundo da Enseada do Mucuripe e que graças a este trabalho fantástico pode ser apreciado pelo público!

As peças estão divididas em lotes
Primeiro Lote: peças em perfeito estado de conservação ou com algum dano mínimo, ou aquelas do modelo do qual existem menos exemplares .
Segundo Lote: peças com algum dano mínimo.
Terceiro Lote: peças com danos significativos ou com incrustações de seres marinhos.

Modelos
Petisqueira Redonda. Cerca de 28cm de diametro. Grande número de exemplares deste modelo. 1o, 2o e 3o lotes.
Petisqueira Ovalada. Cerca de 28cm x 21cm. Exemplar com o menor número de unidades. 1o lote.
Fruteira Redonda. Cerca de 20cm de diametro. Poucas unidades. 1o lote.
Fruteira Quadrada. Cerca de 21cm de lado, 27cm de diagonal. 1o lote.

Veja a matéria completa!

Gostaria de adquirir um peça com certificado de autenticidade? 
Entre em contato através do email mardoceara@gmail.com ou pelo 85 98844-5180 (oi/wzp).


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Onde está o ar respirado pelos peixes e outros organismos aquáticos?

Não é de hoje que sabemos da capacidade que os peixes têm de respirar debaixo d'água. Mas poucos de nós sabe da dificuldade que é respirar dessa maneira. Tudo isso vem da dificuldade de se obter oxigênio na água, pois só é possível captar o oxigênio que esteja dissolvido nela. E isso pode representar problemas para os animais que necessitam dele.

1. Bolhas de ar na água simbolizando os gases dissolvidos nela.
Para os organismos terrestres, o ar está repleto de oxigênio. A composição do ar atmosférico seco, sem umidade, é de 20,95% desse gás, disponível a uma pressão de 760 mmHg. A medida que subimos montanhas essa concentração de quase 21% permanece constante, mas a dificuldade de respirar em altitudes decorre da pressão parcial (pO2) que diminui, dificultando a troca gasosa nos pulmões, que ocorre de onde a pressão é maior para a menor, ou seja, do pulmão (pO2= 104 mmHg) para o sangue (pO2= 40 mmHg).
2. Esquema demonstrando as pressões parciais para ocorrência das trocas gasosas entre o pulmão e o vaso sanguíneo.
Na água, a solubilidade do oxigênio gasoso é de 34,1 ml /litro a 15°C. Isso quer dizer que em 1 litro de água a 15°C podem ser dissolvidos 34,1 ml de gás oxigênio. Isso parece razoável, mas esse valor pode variar conforme os fatores ambientais, entre eles a temperatura, a quantidade de sais e a pressão.

3. Solubilidade dos gases (O2, N2 e CO2) na água.
Quanto mais quente for um líquido que apresenta gás, menos esse gás fica retido, como facilmente podemos notar em um refrigerante quente, que as bolhas saem rapidamente, dando a ideia de que ele 'explodiu'. Quando está no copo, bolhas são vistas subindo nas paredes do copo, pois, a medida que o refrigerante esquenta, o gás perde solubilidade e vai saindo. A diferença é que no refrigerante o gás é o dióxido de carbono, o CO2.

4. Bolhas no refrigerante demosntrando a presença de gás (CO2) dissolvido, perdendo solubilidade a medida que esquenta.
Assim como a temperatura, o aumento da quantidade de sais na água diminui a solubilidade. Por isso na água salgada tem uma quantidade de gases dissolvidos menor que na água doce. Diferentemente da pressão que, quanto maior a pressão, maior a solubilidade do gás naquele meio. 

5. Esquema de experimento mostrando a interferência do aumento da pressão no aumento da solubilidade do gás na água.
Voltando ao refrigerante, quando ele ainda não foi aberto podemos notar que a garrafa PET está mais rígida que quando ele é aberto. Isso deve-se ao fato de, ao ser aberto, aquele 'tchisss' equilibra as pressões internas na garrafa com a do meio externo. Era essa pressão que mantinha parte do gás dissolvido. Tanto que depois de aberto, mesmo que refrigerado, ele fica 'sem gás'.

6. Garrafas PET fechadas mostrando-se mais rígidas devido a pressão interna ser alta. 
Ao nível do mar, a pressão é constante de 760 mmHg, o conhecido 1 ATM. A medida que mergulhamos essa pressão aumenta. Esse aumento ajuda na manutenção de uma quantidade de oxigênio nessas águas. Junto com a profundida, a temperatura normalmente cai, ajudando, também, na solubilidade do oxigênio nessas águas.

Nos corpos d'água a quantidade de gases dissolvido é equilibrada constantemente, pois há contato com o ar atmosférico e, até que a água esteja com quantidade máxima de gás dissolvido, chamada de saturada, ocorre intercâmbio entre os gases da água com os do ar. Mantendo esse equilíbrio.

O problema está quando há um aumento da temperatura da água. Comum em poças de água, piscinas na praia, pois a pequena quantidade de água exposta à luz do sol aquece, evapora uma parte e os sais ficam em uma quantidade menor de água. Ou seja, água quente e com mais sais. A solubilidade do oxigênio cai gradativamente. Além disso o consumo desse gás pelos organismos presentes ali ajuda na redução dele na água, podendo levar a morte daqueles organismos.

7. Bolhas de ar formadas na água pelo aumento da temperatura com consequente redução da solubilidade.
O mesmo ocorre em águas onde são descartados resíduos de refrigeração de motores, como em usinas nucleares. A água aquece, reduz a quantidade de oxigênio e alguns organismos sensíveis já morrem pela temperatura, outro morrem pela incapacidade de conseguir o oxigênio que necessita, pois seus órgão respiratórios só conseguem retirar o oxigênio da água.

Quando mergulhamos levamos em nossos cilindros uma reserva de ar para respirarmos durante o mergulho. Logo desenvolveremos tecnologia para retirar o oxigênio da água para usarmos em nossa respiração subaquática. Será? Bem, enquanto isso não ocorre, nos resolvemos com a carga dos cilindros, deixando essa capacidade para seus organismos capacitados naturalmente.


Referências:
Livro: Fisiologia Animal - Adaptação e Meio Ambiente. Knut Schmidt-Nielsen, 5 ed.;
            A Vida dos Vertebrados. F. Harvey Pough, 4 ed.
Imagens:
http://alunosonline.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/d9bb470261b63b5bbfd93a57e4b3cf1e.jpg
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYfAAA/cap-20-equilibrio-acido-basico-hidro-eletrolitico
http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/07/carbonatacao-450x342.jpg
http://images.slideplayer.com.br/30/9522823/slides/slide_5.jpg
http://alunosonline.uol.com.br/upload/conteudo/images/pressao%20de%20um%20gas.jpg
http://lemanjue.com.br/wp-content/uploads/Por-que-nao-devo-consumir-refrigerantes-730x375.jpg
https://desafioint.files.wordpress.com/2014/07/o8exdc.jpg?w=584

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Arraias e tubarões cearenses - características e espécies


Tubarões Lixa no Petroleiro do Acaraú, CE.


O litoral do Estado do Ceará mede aproximadamente 570 km de extensão, onde 19 municípios fazem fronteira com o mar. Apresentando grande extensão de praias arenosas, onde algumas vezes é interrompido por dois tipos de formação: os afloramentos rochosos e os recifes de praia. Diferentes habitats resultam de várias adaptações pelos organismos que buscam condições ambientais propícias para melhor desenvolver suas funções vitais. Isso não é diferente com seres vivos que são encontrados nas aguas marinhas cearense.

Os organismos que mais dominam a maioria dos ecossistemas marinhos são os peixes. A maioria dos peixes marinhos fazem parte da comunidade nectônica, isto é, são seres que têm a capacidade de movimentos ativos e são capazes de nadar e vencer as correntes marítima, e com isso apresentam uma ampla distribuição geográfica, podendo habitar tanto a coluna d’água, quanto apresentar uma estreita relação com o substrato. No Brasil são 1.298 espécies marinhas, mas o conhecimento sobre a diversidade desta fauna ainda não é completamente definido, a cada ano esse número vai aumentando, assim presume-se que a riqueza de peixes seja ainda maior. Para o estado do Ceará são 179 espécies de peixes registradas, dentre eles estão os elasmobrânquios, representados pelas arraias e tubarões.

Os elasmobrânquios são peixes com esqueleto cartilaginoso, possuem grandes maxilares superiores e inferiores, têm de cinco a sete aberturas branquiais separadas. Estão distribuídos em todos os oceanos: em águas tropicais, subtropicais, temperadas e frias. Podem ocorrer desde regiões costeiras até grandes profundidades, ocupando numerosos ambientes como recifes de corais, estuários e águas oceânicas, desde a superfície até áreas profundas.



Função ecológica e a pesca

Os elasmobrânquios constituem um grupo importante para a manutenção dos mecanismos que ocorrem nos ecossistemas aquáticos, motivo esse por ocuparem o topo da cadeia trófica, assim acabam participando de maneira acentuada no equilíbrio de energia no ambiente em que vivem. Essa grande função ocorre também nos mares cearense. Mas os elasmobrânquios estão sofrendo ameaças de sobrepesca existente em aguas alencarinas, isso por conta que de vez ou outra é alvo das pescarias de pequeno porte e na maioria das vezes artesanais, onde quase não existem embarcações munidas especificamente para a pesca de tubarões e raias. Os tubarões são geralmente capturados por barcos que utilizam espinhéis, redes de emalhar ou de arrasto de fundo, com a finalidade de capturar outros recursos pesqueiros. As raias são capturadas principalmente por embarcações artesanais que usam a pesca com anzóis. A sobrepesca além de diminuir o número de indivíduos também atrapalha na identificação dos mesmos, pois muitas das pescas de elasmobrânquio é apenas identificada como cação e raias. 

Uma das alternativas, para tentar reverter o quadro de ameaça sobre as arraias e os tubarões, é o investimento e aplicação do turismo sobre esses animais, onde já acontece em várias regiões do globo terres, como o mergulho, onde é uma boa oportunidade das pessoas conhecerem o verdadeiro temperamento desses animais e estudar esses seres vivos. Segundo registros em literatura cientificas, são cerca de 58 espécies de elasmobrânquios que estão sob o mar cearense. Onde estão distribuídos em 21 famílias, elas são: Hexanchidae; Squalidae; Etmopteridae; Somniosidae; Dalatidae; Ginglymostomatidae; Rhincodontidae; Pseudocarchariidae; Alopiidae; Lamnidae; Triakidae; Scyliorhinidae; Carcharhinidae; Sphyrnidae; Pristidae; Narcinidae; Rhinobatidae; Rajidae; Urolophidae; Dasyatidae; Gymnuridae; Rhinopteridae; Myliobatidae; Mobulidae:



Espécies registradas no Ceará

Tubarões
Os tubarões possuem corpos cilíndricos, com caracteristicas hidrodinâmicos, aberturas branquiais nas laterais da cabeça, nadadeiras destacadas da cabeça e nadadeiras caudais bem desenvolvidas.

  • Hexanchidae:
Heptranchias perlo (Tubarão-de-sete-guelras); Hexanchus griseus (Tubarão-de-seis-guelras); 

  • Squalidae:
Cirrhigaleus asper (Cação-bagre); Squalus cubensis (Galhudo-cubano ou cação-bagre); Squalus grupo megalops (cação–gato); Squalus mitsukurii (Tubarão-bagre ou cação-bagre)

  • Etmopteridae:
Etmopterus bigelowi (Cação-lanterna)

  • Somniosidae: 
Centroscymnus owstoni (xara-preta)

  • Dalatidae:
Isistius brasiliensis (tubarão-charuto)
Tubarão Lixa na Pedra do Paraíso, CE

  • Ginglymostomatidae:
Ginglymostoma cirratum (tubarão-lixa)

  • Rhincodontidae:
Rhincodon typus (tubarão-baleia)

  • Pseudocarchariidae:
Pseudocarcharias kamoharai (tubarão-crocodilo)

  • Alopiidae:
Alopias superciliosus (tubarão-raposa-de-olho-grande ou cação raposa)

  • Lamnidae:
Carcharadon carcharias (tubarão branco); Isurus oxyrinchus (Tubarão-anequim); 

  • Triakidae: 
Mustelus canis (Cação-cola-fina ou boca-de-velha); Mustelus higmani (Cação-diabo)

  • Scyliorhinidae: 
Scyliorhinus sp. (Scyliorhinus besnardi ou Scyliorhinus haeckelii (Cação-gato-pintado))

  • Carcharhinidae:
Carcharhinus acronotus (Tubarão-flamengo); Carcharhinus falciformis (Tubarão-lombo-preto); Carcharhinus leucas (Tubarão-cabeça-chata); Carcharhinus limbatus (Tubarão-salteador ou galha-preta); Carcharhinus longimanus (Tubarão-galha-branca); Carcharhinus obscurus (Tubarão-fidalgo); Carcharhinus perezi (Cação-coralino); Carcharhinus plumbeus (Tubarão-galhudo); Carcharhinus porosus (Cação-azeiteiro); Carcharhinus signatus (Tubarão-toninha); Galeocerdo cuvier (Tubarão-tigre ou jaguara); Negaprion brevirostris (Tubarão-limão); Prionace glauca (Tubarão-azul); Rhizoprionodon lalandii (Cação-frango ou rabo-seco); Rhizoprionodon porosus (Tubarão-pintadinho ou rabo-seco); Carcharhinus maou (Tubarão-galha-branca-oceânico)
Peixe Serra em meio a cardume de xilas

  • Sphyrnidae: (panan/martelo)
Sphyrna lewini (Tubarão-martelo-entalhado); Sphyrna mokarran (Tubarão-martelo-grande); Sphyrna tudes (Cambeva); Sphyrna tiburo (Cambeva-pata); Sphyrna zygaena (Tubarão-martelo-liso); 

  • Pristidae:
Pristis perotteti (Peixe-serra); Pristis pectinata (Peixe-serra)



Arraias
Arraia manteiga no Naufrágio do Pecém
As raias apresentam corpo deprimido dorso-ventralmente, fendas branquiais na porção ventral da cabeça, nadadeiras peitorais fundidas à cabeça e nadadeiras caudais bem desenvolvidas ou em forma de chicote.

  • Narcinidae:
Narcine brasiliensis (Treme-treme)

  • Rhinobatidae:
Rhinobatos lentiginosus; Rhinobatos percellens (cação-viola)
Treme-treme em Abrolhos, BA

  • Rajidae:
Dipturus sp. (Dipturus leptocauda ou Dipturus mennii ou Dipturus trachyderma); Breviraja cf. spinosa

  • Urolophidae:
Urotrygon microphthalmum

  • Dasyatidae:
Dasyatis americana (manteiga); Dasyatis guttata (bico-de-remo); Dasyatis marianae (arraia-de-fogo); Dasyatis geijskesi; Pteroplatytrygon violácea; Himantura cf. schmardae
Cação Viola em Abrolhos, BA 

  • Gymnuridae:
Gymnura altavela; Gymnura micrura

  • Rhinopteridae:
Rhinoptera bonasus; Rhinoptera brasiliensis 

  • Myliobatidae:
Aetobatus narinari (pintada ou chita)

    Arraia de Fogo, Pedra da Risca do Meio, CE
  • Mobulidae:
Manta birostris (Raia-jamanta); Mobula thurstoni (Raia-manta-mirim)






terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ilhas Oceânicas Brasileiras

Ilhas oceânicas brasileiras
Fonte: http://www.lecar.uff.br/
Se procurarmos o significado da palavra ilha, na internet ou no dicionário, veremos de modo simplificado que ilha é uma extensão de terra firme contornada por água, doce ou salgada. Por sua vez acaba criando um isolamento entre terras. Mas existe dois tipos de ilhas: continentais e oceânicas. As continentais são extensões do território continental que se “isola” após inundações, portanto pertencem a mesma plataforma continental. Já as oceânicas têm a plataforma continental distinta do continente, onde tem origem geológica por surgimento a partir do fundo oceânico, podendo ser vulcânicas formada por erupções vulcânicas ou coralígenos que são formadas pelo acumulo de corais.

Importância biológica
As ilhas oceânicas apresentam uma biodiversidade menor que encontradas no território continental, mas não por isso se torna menos importante, talvez ao contrario, pois essas ilhas já foram, e ainda são, laboratórios para muitos cientistas, como por exemplo Charles Darwin e Alfred Russel Wallace onde elaboraram a teoria da seleção natural. A ilha oceânica é utilizada para estudo do crescimento e a regulação populacional de sua fauna característica, da competição entre as espécies e a interação entre predadores e presas. Outro tipo de pesquisa é sobre a riqueza de espécies endêmicas, esse tipo de pesquisa mostra a importância das ilhas oceânicas. Pois algumas pesquisas já mostraram a superioridade de espécies endêmicas das ilhas oceânicas comparadas as especies endêmicas encontrada em áreas continentais, isto é, certas especies são somente encontradas em regiões pertencentes a ilhas oceânicas.

O Brasil é conhecido por possuir a maior diversidade biológica do mundo, e as ilhas oceânicas possuírem especies endêmicas. As ilhas oceânicas brasileira além de possuírem rica biodiversidade, inclusive as endêmicas, tem um cenário harmônico criado pelos bens da natureza, onde podemos destacar o ambiente marinho como: peixes recifais e esponjas como grupo de endemismo. Alguns pesquisadores explicam que isso acontece, além do isolamento da região, por conta de possuir restritas áreas de substrato consolidado em águas rasas, que acabam sendo fatores relevantes e limitantes para a colonização de larvas e fixação de adultos e juvenis.

As ilhas oceânicas brasileiras compreendem um total de cinco exemplares: arquipélago São Pedro e São Paulo, arquipélago Fernando de Noronha, Atol das Rocas, arquipélago Martin Vaz e ilha da Trindade.

Arquipélago São Pedro e São Paulo
O arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), composto por 5 ilhotas maiores e várias outras de menor tamanho. O arquipélago estar a 330 milhas (531 Km) náuticas do arquipélago de Fernando de Noronha, e a distancia mais próxima do continente é cerca de 510 milhas (820 km) do estado do Rio Grande do Norte, mas o ASPSP pertence ao estado de Pernambuco. 

O arquipélago se destaca por ser a única ilha oceânica de águas profundas do mundo formadas por rochas ultrabásicas, de origem plutônica e não vulcânica. O ASPSP conta com instalação de uma estação científica, a qual é ocupada por três ou quatro pesquisadores e eventualmente militares. Algumas relatos dizem que uma das visitas mais Ilustre foi de Charles Darwin, quando fez sua viajem em volta do mundo. A região tem grande importância cientifica, pois contribuem para o conhecimento da climatologia do Oceano Atlântico e impactos sobre as anomalias do clima, como a seca no Nordeste do Brasil e a formação de tempestades tropicais. Outra contribuição é sobre estudos de oceanografia física, de correntes oceânicas e o relevo submarino. Estudos sobre as especies encontradas no ASPSP tem um grande peso, pois poderão esclarecer questões ainda pendentes em relação à estrutura populacional de espécies para importância das ilhas que compõe e para outras especies de pesquisas relacionadas a movimentos migratórios.

O arquipélago faz parte do ciclo de vida de muitos animais, principalmente espécies marinhas, como peixe-voador que utiliza a região para sua reprodução. Também tem a albacora laje que usufrui do arquipélago para obter alimentação, o mesmo fazem os lagostim, as aves atobá, os quelônios tartaruga-de-pente e os golfinho-nariz-de-garrafa. Outros animais se fazem presente no ASPSP, como o espadarte e espécies bastante raras, como o tubarão-baleia.


Arquipélago de Fernando de Noronha
O arquipélago de Fernando de Noronha estar a 360 km de Natal. A formação do arquipélago está associada à teoria da deriva continental, com a instabilidade da crosta terrestre que possibilitou o extravasamento do magma através de uma fratura. O arquipélago é composta por 20 ilhotas, onde a ilha principal possui cerca de 16,4 km², correspondente a 91% da área emersa.

Fernando de Noronha, talvez seja a mais visitada e famosa das ilhas oceânicas brasileiras, pois recebe constantemente turistas brasileiros e estrangeiros, o motivo das vistas são diversos como: surf, banho nas praias paradisíacas, contemplação da natureza presente no local, mergulho e pesquisa. Charles Darwin visitou o arquipélago, onde posteriormente divulgou suas observações sobre a geologia, petrografia, natureza vulcânica, fauna e flora da ilha principal. A partir daí facilitou bastante saber sobre a natureza do local. Outra facilidade é que as águas são transparentes tendo assim uma grande visibilidade no fundo do mar. Com isso no arquipélago podem ser praticados diversos modalidades de mergulho: o mergulho autônomo, técnico, mergulho livre (apneia) e até mesmo o batismo (Discovery Diver). Essas praticas acabam colaborando para exploração do ecossistema marinho da região.

O arquipélago de Fernando de Noronha conta com cerca de 230 espécimes de peixes, quinze variedade de corais e duas especies de tartaruga. Das especies de peixes encontra-se: guarajuba (Coranx bartholomaei), arraia-prego (Dasyatis americana), peixe-papagaio (Sparisoma amplum), budiões-de-noronha (Thalassoma noronhanum), tubarão cabeça-de-cesto (Carcharhinus perezi) góbios-neon (Elacatinus randalli), o catuá (Cephalopholis fulva) e a moreia-verde (Gymnothorax funebris). As tartarugas celebridade do arquipelago, monitoradas pelo projeto Tamar são: tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga-verde, ou aruanã (Chelonia mydas) habitam o arquipélago. Outro animal bastante procurado pelos visitante são os golfinhos rotadores (Stenella longirostris).

Atol das Rocas
O Atol das Rocas estar cerca de 145 km de distancia do arquipélago Fernando de Noronha, e é uma elevação da cadeia que pertence ao arquipélago, e cerca de 260 km da da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. As ilhas vulcânicas que recebem nome de atol é por serem ilhas coralígenos com formato anelar, formando pequenas porções de terra ao redor de uma laguna. Atol das Rocas se destaca também por ser o único atol do Atlântico Sul e um dos menores do planeta.

Atol das Rocas é cercada por naufrágios, alguns acreditam que ate mesmos o responsavel pelo seu descobrimento tenha se envolvido em um. Por isso não se sabe ao certo quem foi o responsável pela sua descoberta. A região é composta por duas ilhas: ilha do Farol que possui cerca de 34,6 mil metros quadrados, 1 km de comprimento, por 400 metros de largura - o nome é dado por ter sido o local de instalação do primeiro farol da ilha - e a ilha do Cemitério esta possui cerca de 31,5 mil metros quadrados, 600 metros de comprimento, por 150 metros de largura, tem este nome devido no local estar seputado os faroleiros e seus familiares, assim como algumas vítimas dos diversos naufrágios. 

Atol das Rocas tem a superfície do recife predominantemente recoberta por macroalgas, onde por muitas vezes se apresentam como floresta de algas. Nessa região muitas das algas coralinas apresentam crescimento verticalmente, com taxas relativamente elevadas. Diversos corais podem ser encontrados na região, cerca de 38 espécies, destacando Spirastrella coccinea, Chondrilla nucula e Topsentia ophiraphidites. Crustáceos tipicos de ilhas oceânicas de aproveitam da caracterização da região, como Gecarcinus lagostoma, e o aratu, Grapsus grapsus. A fauna da região também é compostas por aves que utilizam as duas ilhas da região como local de reprodução. Os peixes também compõe a fauna citando: o atum, alguns tipos de agulhões, garoupa rajada, mero e badejo, sendo aproximadamente 147 espécies de peixes na reserva.

Ilha da Trindade / Arquipélago Martin Vaz
O surgimento da ilha da Trindade e do arquipélago Martin Vaz se deu por conta de uma grande extravasamento em escala colossal de magma da fratura na placa sul-americana. A Ilha da Trindade está localizada a 1.167 quilômetros de Vitória (ES) e a 2.400 quilômetros do continente africano. Já o Arquipélago de Martin Vaz situa-se a 47 km a leste de Trindade. Consideradas parte do território da cidade de Vitória (ES), pois o arquipélago pertence a uma cadeia de montanhas submarinas do Atlântico numa linha reta que vai capital do Estado do Espírito Santo em direção à África.

A região é coberta de historia. Desde a origem desta localidade existiu disputa entre Portugal e Inglaterra, onde Portugal teria descoberto primeiro e depois teria vindo a primeira expedição da Inglaterra, que foi realizada pelo famoso astrônomo inglês Edmund Halley ( o mesmo do cometa), e ter se a posado do lugar. Depois da disputa diplomática entre os dois países, Portugal teria ficado com a posse, mas entre essa disputa de posses a região teria sido abandonada e comerciantes de escravos e piratas teriam permanecidos no local, com isso surgiu na região que teria um grande tesouro enterrado pelos piratas, que teriam sido cobiçados por diversas expedições.

O que chama mais atenção na região é a grande abundancia da fauna, principalmente quando falado dos peixes, onde cardumes colossais de sardinha e purfa circulam a região. Outro fato de extrema importância da fauna de peixes é que seis especies são endêmicas dos recifes que circundam essas ilhas, como exemplo temos: peixe-donzela de Trindade (Stegastes trindadensis) e a maria-da-toca ou moreia-de-Trindade (Scartella poiti). O animal de destaque na região são as tartarugas, pois três espécies habitam no local como: tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), que se alimentam de esponjas encontradas nos recifes; a tartaruga-verde (Eretmochelys imbricata) que em Trindade é seu maior sítio reprodutivo do Atlântico Sul e um dos maiores do mundo; e ainda pode se encontrar a tartaruga-gigante ou tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Essa tartaruga é a maior das especies de tartaruga, mas infelizmente, corre grande risco de extinção.

Referências:
http://www.bahia.ws/category/ilhas-brasil-guia-turismo-viagem/
http://maradentro.org.br/ilhasrj/livro/algumas-diferencas-entre-ilhas-costeiras-e-oceanicas-no-brasil
http://www.biomania.com.br/bio/?pg=artigo&cod=2313
http://vida-estilo.estadao.com.br/noticias/geral,ilhas-oceanicas-sao-chave-para-manter-biodiversidade,369984
http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-178_Serafini.pdf
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/Mohr_et_al_2009.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensgeo_3e4.pdf
http://ocs.ige.unicamp.br/ojs/terraedidatica/article/viewFile/997/423


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Mergulhadores Contra o Lixo - Clean Up Day



Amigos e amigos mergulhadores!

Realizaremos mais uma ação para limpar o mundo e o convidamos para nos ajudar como voluntário! Mergulhadores estão convidados a submergir e retirar todo o lixo que conseguirem do fundo do mar! Não mergulhadores podem participar na limpeza da faixa de praia, e dos calçadões. Praticantes de rapel e escalada podem nos ajudar na limpeza dos paredões rochosos! Faxina completa! Será domingo, dia 25 de setembro de 2016 às 9h, nos encontraremos na Praia do Aterrinho!

Convidamos nossos amigos e clientes mergulhadores a se voluntariar conosco nesta linda ação! 

O Mar do Ceará dispões de 30 vagas para nossos amigos e clientes mergulhadores. Sua reserva deve ser feita através do email mardoceara@gmail.com até o dia 23 de setembro e, logicamente, está condicionada ao número de vagas. Todo o equipamento será fornecido gratuitamente aos participantes pelo Mar do Ceará! As camisetas do evento e as cargas de ar que serão utilizadas pelos mergulhadores foram patrocinadas pelos amigos da Conecta Consultoria ContábilTomodachi Sushibar, Copa Engenharia, Triunfo Tipografia e Contabilidade, Infitech Automação

Outros apoiadores estão contribuindo para esta linda ação: Cagece, Ecofor, Divers for Sharks, Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente,  Paula do Coco e Rede Cativa.

Todos unidos por um mundo melhor!

Haverá troca de mudas (de plantas) por recicláveis promovida pela Secretária de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA)!!

Lembre-se! Não é mergulhador? Você também pode participar do evento! A ação contará com mergulhadores para limpeza submersa, praticantes de rapel para a coleta de resíduos nos quebra-mares e voluntários para coleta na praia e ações de conscientização aos transeuntes!


Reunião dos Mergulhadores
Quinta-feiras, às 20:00, no Tomodachi Sushi Bar (Av. Desembargador Gonzaga, 1426)

Data do Evento
25 de setembro de 2016

Local de Encontro
Praia do Aterrinho, na Barraca Paula do Coco, ao lado do "Espigão" da Rua João Cordeiro.

Checkin: 
9h às 10h

Duração do Evento: 
9h às 15h

Recomendações: 
Boné ou chapéu, protetor solar, luvas.
Chegue no horário pois precisamos dar a confirmação dos participantes e as devidas instruções!

sábado, 17 de setembro de 2016

Recifes Artificiais Marinhos - o que são e como são utilizados

Recife artificial marinho no Cabeço do Arrastado, no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.
Os Recifes Artificiais Marinhos são sistemas que visam transformar ambientes marinhos no intuito de obter novos habitats, e também servirem de proteção contra o avanço do mar e proteção para o fundo marinho contra danos da pesca de arrasto. Geralmente são de ações antrópicas, pois trata-se de construção submersas artificialmente, tais como pilares de piers, cascos de navios, colunas e fundações de plataforma de petróleo e estruturas de concreto ou rocha natural.

Essas estruturas irão imitar os substratos rochosos presente no infralitoral, onde atuam como atrações para comunidades biológicas, assim contribuindo para a conservação da biodiversidade local. Alguns órgãos indicam o aproveitamento de recifes artificias, pelas nações, com o intuito de beneficiar-se corretamente de seus recursos marinhos. Além de favorecer como atrativos para uso nas atividades pesqueiras, pois elaboram oportunidades de pesca e diminui o tempo de procura da pesca. Outro benefício que possibilita é o aumento de turismo em torno da região, pois a áreas poderá ser utilizada por mergulhadores recreativos, tendo como incentivo: barcos naufragados e a história entorno do ocorrido, biodiversidade diversifica, e o mergulho diferenciado. O turismo poderá também  ser atraído pela pratica de surf, onde algumas cidades pretendem instalar os recifes artificiais para deixar mais consistente as ondas da região, temos como exemplo a cidade de Maricá (RJ). Sendo provavelmente um importante favorecimento na elaboração de pesquisas cientificas.

Tambor utilizado como recife artificial
Contudo, não é só espalhar os recifes artificiais em todas as praias. Algumas considerações têm que serem estudadas e analisadas para discernir a viabilidade deste incremento no ecossistema marinho, pois isso acarretar alterações na linha da costa, onde altera todo o meio. Também poderá ocorrer perda de estrutura pela inadequação do substrato e condições oceanográficas (regime de correntes, tempestades, altura e período potencial das onda e profundidade), ou até mesmos as estruturas utilizadas podem expor a biota à substâncias químicas e causar poluição do meio, por exemplo temos o uso de tambores que antes poderiam terem armazenado produtos químicos. Outro ponto preocupante é o abuso por captura dos pescados, como já citado anteriormente, os recifes artificiais são grande atrativos para vários indivíduos marinhos, portanto, muitas vezes são utilizados como armadilhas ou até mesmo por pesca de maneira desequilibrada causando diminuição significativa para as espécies do pescado.

Regulamentação mundial e nacional:
Para orientar a utilização de recifes artificiais em águas marinha, em contexto internacional, temos a Convenção de Londres de 1972 abordando normas internacionais que está relacionada com a poluição nos mares e métodos legais para a segurança de operações oceânicas. Outros atos internacionais tratam sobre prevenção e combate de possíveis contaminantes. Como a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo (1969), Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos ou outras Matérias (1972). E também convenção tratando sobre direitos e deveres dos países que é o caso da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM, 1982 – artigos 56, 60, 80 e 210) e dentre outros, todos com intuito de estabelecer procedimentos referente ao meio ambiente marinho e à segurança da navegação. Referente ao Brasil não existem ferramentas específicas para regulamentação dos recifes artificiais marinho. O pais acaba adotando normas acordadas na Convenção de Londres (1972) e regras de prevenção da vida humana, como também referente a poluição ambiental e segurança de navegações. 

Tipos e objetivos:
Os tipos utilizados são bastante diversificados quanto ao tamanho e a composição. Também variam desde simples à complexo modo de preparo. A baixo estão os tipos de recifes artificiais marinho utilizados:

  • Materiais naturais (bambus, folhas e toras de madeira);
  • Tubos de PVC;
  • Tambores de metal
  • Pneus;
  • Concreto;
  • Carcaças;
  • Meios de transporte (embarcações, aviões);

Os tipos de recifes artificiais marinho variam de acordo com os objetivos, onde os principais deles são:

  • Recifes de conservação da biodiversidade
  • Recifes de produção pesqueira;
  • Recifes para atividade de mergulho recreacional;
  • Recifes de proteção da orla

Os recifes artificiais também são utilizados para fins de pesquisas, mas para essa finalidade ainda precisa ter um amadurecimento técnico e cultural, pois essa finalidade é de grande importância, assim podendo esses recifes serem utilizados de maneira controlada e similar ao meio natural, assim possibilitando a estudar e esclarecer melhor todo o ecossistema presente em recifes.

Pontos de mergulhos: Internacional...
Museu subaquático em Mali Losinj
O melhor jeito para sabermos como realmente são os recifes artificiais marinho é por meio da prática do mergulho, pois dessa maneira o praticante tem a oportunidade de observar o ecossistema que fixam nas estruturas artificiais, e até mesmo entender como cada estrutura estão configuradas após ser submersa. Mas os recifes artificiais não são encontrados em todas as praias, e lembrando que existem grande diversidades dessas estruturas, como por exemplo temos na Turquia, na cidade turística de Kusadasi sob o Mar Egeu, um Airbus A300. Já na cidade de Nova York colocarão antigos vagões do metrô no oceano Atlântico para formar recifes artificiais e atrair de volta peixes e animais marinhos que antes habitavam a costa. Os mais famosos recifes artificiais são compostos por navios, e um dos navios que chama atenção, estar na Flórida, na costa de Pensacola, por ser um Porta Aviões construídos na era da Segunda Grande Guerra, possuindo 294 metros de comprimento. No litoral do México, cerca de oito metros de profundidade existem cerca 450 esculturas submersas que além de recifes artificias formam espécie de museu de arte. Há uma tendencia mundial de criar museu subaquático, pois existe um outro na Croácia em Mali Losinj, no local, cerca de 5 a 10 metros de profundidade, existem réplicas de armas navais antigas e réplicas de Apoxyomenos esse ultimo sendo o mais famoso do parque, que tem um percusso cerca de 300 metros de comprimento.

Recife artificial "REEF BALL",
fonte; http://www.reefball.com
... e nacionais
No Brasil também pode-se encontrar mergulhos para conhecer recifes artificiais e toda biodiversidade que essas estruturas formam. A cidade de Recife(PE) é considerada a capital nacional de mergulho em naufrágio. Por possuir mais de 25 naufrágios acabam tendo diversos pontos de mergulhos. No estado do Paraná existem recifes artificiais feitas de concreto, esse concreto tem alta tecnologia para não prejudicar o ecossistema marinho, além de proteger da pesca por redes de arrasto, esses recifes artificias são conhecidos como “REEF BALLS”. Já no Rio de Janeiro utilizam tubos de aço reciclados da indústria de petróleo e concreto para construir recifes artificiais, localizados cerca de 8 quilômetros do litoral de Rio das Ostras no estado fluminense. No estado cearense também pode se encontrar recifes artificiais por naufrágios como também estruturas similares a rochas e sobre os pilares dos piers.

Portanto, o que precisa ser feito antes de qualquer implantação de recifes artificial é o persistente e importante estudo e análise do possível meio a ser ocupado por tal estrutura, assim como também profissionais e estudiosos capacitados para planejamento, elaboração e excursão da engenhosa submersa. Contudo, é necessário elaborar uma legislação especifica para tal atividade, onde regulamente e esclareça todo e qualquer tipo de exploração, por meio dos recifes artificias, assim como também quem poderá se beneficiar das estruturas. E apresentar direitos e deveres para os mesmos.


Referências:

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Operação Regaste dos Cristais e o Naufrágio Amazônia

Após 35 sob a água o selo com a marca do fabricante permanece perfeitamente preservado


Em 2 de novembro de 1981 chegava ao Porto do Mucuripe uma embarcação avariada. O navio mercante Amazônia apresentava problemas em suas bombas de esgotamento e já estava um pouco adernado à bombordo quando se aproximava da entrada do porto. Nos momentos finais da aproximação o navio adernou completamente e deitou sobre seu bombordo no fundo da Enseda do Mucuripe. Sua carga foi se desprendendo aos poucos, contêineres e grandes toras de madeira foram despejadas no mar. Começava assim a Operação Resgate dos Cristais!

Alguns contêineres recheados de produtos industrializados na zona franca de Manaus e que antes eram destinados ao Rio de Janeiro flutuaram e foram dar à Praia do Pirambu, assim como sua carga de madeira. A população ficou histérica com a possibilidade de obter algum bem daquele sinistro e a carga foi saqueada! No frenesi do saque algumas pessoas se machucaram seriamente.

No entanto, alguns desses contêineres afundaram antes de chegar a margem levando consigo os produtos que traziam. E eles traziam peças de cristal! Travessas, cinzeiros, recipientes de diversos tamanhos feitos de um material que não se deteriora facilmente sob a água: vidro de alta qualidade, na verdade cristal. Segundo o wikipédia:
"cristal é a denominação popular para um vidro de alta qualidade, transparência e densidade obtido através da adição à massa vítrea (durante a fabricação) de variados sais metálicos e em especial, neste caso, o óxido de chumbo (Pb3O4).[...] Geralmente quando o teor de chumbo é maior que 10% tais vidros ganham a denominação comercial de "cristal", provavelmente se trata de tentativa de conferir uma distinção de "alta qualidade" em comparação aos vidros ditos "comuns". Os teores de óxido de chumbo podem chegar até a 25%."

Nos anos seguintes mergulhadores amadores localizaram e "fizeram a festa" retirando peças de qualquer maneira e sem as devidas autorizações. Os contêineres foram saqueados. Existem relatos sobre cerca de 200 peças oriundas do Amazônia estão agora em Jericoacoara e que peças foram vendidas pela internet. O problema desta prática é que a legislação brasileira é bem protecionista em relação à bens perdidos no mar. Depois de um certo tempo, qualquer bem perdido ou abandonado no fundo do mar passa a ser propriedade do Estado. Portanto, para retirar qualquer peça do mar são necessárias autorizações dos órgãos competentes, no caso a Marinha do Brasil e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 
O tempo passou e a história foi esquecida. Virou lenda atestada por alguns poucos que ainda lembravam ou conheciam a localização. Em 2006 quando comecei a pesquisar sobre este naufrágio tive dificuldade de encontrar a data mas localizei em jornais antigos fotos do seu afundamento. 

Mais tempo passou e em 2012 Régis Freitas, um mergulhador conhecido como "Régis Doido", trouxe para nosso conhecimento a localização de um desses contêineres. Augusto César Bastos abraçou o projeto de resgatar essas peças com o intuito de doá-las para o futuro Aquário do Ceará.

Augusto batalhou por 4 anos para que seu projeto de exploração fosse aprovado em Brasília. O longo processo burocrático de coleta de assinaturas foi árduo e o documento ainda foi perdido em transito de órgão para outro. Mas em novembro de 2015 ao lado do documentarista Roberto Bonfim, ainda sem a autorização em mãos mas ansiosos à sua espera, lançamos junto com o Atlas de Naufrágios do Ceará o documentário "O Naufrágio Amazônia e o Resgate dos Cristais" em que apresentamos o resgate desta história para o público cearense.

Mas no início de 2016 a autorização estava em mãos e a data escolhida para realizarmos definitivamente o resgate dos cristais. Acertamos meses antes a logística da operação que foi autorizada para ser executada por mergulhadores recreativos. Por este motivo, além do staff da Mar do Ceará, clientes e alunos foram convidados a participar da operação. 

No domingo, 21 de agosto, embarcamos no "Seu Lulu", um traineira de 12m para um curta navegação até o local planejado. Duplas foram definidas assim como suas funções sob a água. A primeira dupla mergulhou para localizar precisamente o contêiner. Fizeram uma busca circular ao redor do local mais indicado e após 20 minutos de busca foi dado o sinal verde. As peças foram colocadas cuidadosamente em caixotes e após alguns mergulhos uma dezena de caixas estavam cheias aguardando uma outra dupla que às elevava para a superfície com o uso de balões infláveis (saco elevatório ou lift bag). Neste dia conseguimos recuperar as peças que estavam expostas na areia.
Interessante observar que grande parte do papelão utilizado para embalar as peças ainda estava preservado e alguns selos com a logomarca do fabricante foram encontrados e é perfeitamente legível o nome "Kaysons Crystal Limitada" e o "CGC 04.299.301/0001-19" mesmo após 35 anos submerso.

Era um contêiner pequeno com mais ou menos 3m x 2m x 2m e toda a sua estrutura se deteriorou exceto sua armação e a parte inferior, enterrada na areia. Por isso nos dias seguintes foi necessário cavar. Utilizamos um sistema de sucção a ar para dragar o fundo  e expor as peças que estavam enterradas. O processo de cavar, coletar, amarrar e içar foi repetido por mais três dias até concluirmos a operação. Foram dias muito divertidos, mergulhos fáceis a 10m de profundidade e com visibilidade média 4m. Após a fase de mergulho, foi necessário limpar e armazenar as peças. 

Parte da carga recuperada será destinada a Marinha que solicitou uma porcentagem. Outra parte será vendida para custear as despesas operacionais. Como não obtivemos resposta do Aquário sobre a nossa oferta de doação idealizamos o "Museu Subaquático de Fortaleza". Mais um projeto de nosso grupo de pesquisas! Aguarde!

Alguns vídeos sobre a Operação Resgate dos Cristais:
Carga de Cristais é Retirada do Fundo do Mar (em 09/11/15)
Operação Conclui Retirada de Cristais do Fundo do Mar (em 26/08/16)

Participaram da Operação
Augusto Bastos
Alexandre Martorano
Alexsander Medeiros
Antônio Frazão
Cynthia Ogwa
Fabiana Santana
Francisco Carlos
Franco Bezerra
Joumar Roussine
Lídia Torquato
Lívia Torquato
Luciano Andrade
Marcondes Férrer
Marcus Davis
Melquíades Junior
Thiago Pereira
Thiago Magalhães
Pedro Emanuel
Rafael Alves

Veja também
Cristais do Navio Amazônia: 35 anos no fundo do mar