segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Imagens do Navio Mara Hope em 2012

Esse ano estive pouco por lá mas encontrei algumas imagens de maio de 2012. 


Detalhe dos danos em maio de 2012.

Mara Hope, maio de 2012

Faltando uma "fatia"!

Detalhe do estrago.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A verdade sobre o Seawind - o navio cargueiro que naufragou em Fortaleza

O NM Seawind, dias após seu afundamento. Ainda com a superestrutura em seu lugar em julho de 2012.

O Seawind ancorado no Mucuripe
em setembro de 2011.
Em setembro de 2011 uma produtora da TV Cidade e amiga me convidou para atuar como tradutor em uma reportagem. O assunto: ea questão trabalhista dos marinheiros búlgaros do Navio Mercante (NM) Seawind foi exposto aqui em matéria publicada em outubro daquele ano.


O Seawind era um navio cargueiro que navegava sob bandeira panamenha apesar de pertencer a uma companhia de navegação búlgara assim como também era sua tripulação. Sua história é um tanto curiosa. Seus marinheiros estavam com salários atrasados a meses quando deixaram o porto de Vitória, ES, com o navio carregado com mármore.  Seu destino era algum porto na Itália. Estavam quase sem suprimentos quando fizeram escala em Salvador para reabastecer. Devido a longa espera pelo reabastecimento que atrasou, crustáceos cresceram nas grades das "caixas de mar" que puxam água para refrigeração dos motores. Aí começaram os problemas. Em alto mar as máquinas pouco

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Mapeamento das Casas Submersas do Açude Castanhão

"O sertão vai virar mar." E de mar nós gostamos!
Mergulhador no Açude castanhão

Porta na Casa Pequena
Um dos maiores do país e o maior do Ceará o açude Castanhão foi construído a partir do represamento do Rio Jaguaribe obra que foi iniciada em 1995 e finalizada em dezembro de 2002. Sua construção objetivava o consumo humano que sofre com as secas frequentes na região. Estas obras se deram em meio a uma grande polemica: a represa iria submergir uma cidade inteira chamada: Jaguaribara!

Em 1957 é criado um novo município: Jaguaribara, que antes era apenas um distrito de Jaguaretama.  Esta região foi habitada no final do século XVII e se desenvolveu nas margens do rio perene que a abastecia: o Jaguaribe. A cidade de nome tupi devido a forte presença indígena na região (Jaguaribara significa "Morada das Onças") foi palco de batalhas históricas durante a Confederação do Equador, um movimento separatista deflagrado em 1824. Um dos líderes do movimento, Tristão Gonçalves de Alencar Araripe foi morto na região durante uma emboscada em local que hoje encontra-se submerso, o "Alto dos Andrade"... A cidade e seus moradores foram levados para uma nova cidade, a primeira projetada do Ceará inicialmente chamada de Nova Jaguaribara.
Mergulhadora na janela

Como mergulhador tanta história sob a água me empolga! O fato de que agora o que está ali está acessível a poucos me fascina. Mas esse fascínio sempre veio com uma decepção quando se tratava de Jaguaribara: a cidade teria sido demolida antes da chagada das águas, e de fato foi. Mas nem tudo estava perdido. Um colega me passou a informação de que casa isoladas, em pequenos povoados distantes da cidade teriam sido ignoradas e deixadas de intactas. A informação precisava ser verificada então organizamos algumas expedições para verificarmos a "mergulhabilidade" do açude Castanhão.

Localizando os pontos com GPS
Em uma primeira expedição verificamos a visibilidade da água que se mantém em torno de 6m; a temperatura estável e quente como no sertão: 29 graus; e profundidade média de alguns pontos, cerca de 16m. Mas nada de casas! Na segunda expedição munidos de coordenadas e GPS partimos para a primeira casa que foi encontrada com sucesso em um rápido mergulho! Uma grande emoção que reside na certeza de termos sido os primeiros (Marcus e o Marlon) a visualizar aquelas portas e janelas onde a dez anos atrás moravam pessoas! Hoje já fizemos três expedições e mapeamos várias casas. Muitas não resistiram ao avanço das águas e a sua frágil estrutura ruiu, outras permanecem parcialmente inteiras e algumas estimamos que estejam mais de 70% preservada!
Filtro de água potável
na Casa dos 18

Algumas casas/pontos:
  • Casa Grande da Fazenda, trata-se da maior construção de onde funcionava uma fazenda que hoje está a cerca de 15m de profundidade. A estrutura está bem demolida, mas sua caixa d'água permanece de pé. Este ponto merece mais alguns mergulhos para um mapeamento completo.
  • Casa Pequena da Fazenda, na verdade são duas casas, distantes cerca de 30m uma da outra. Também na faixa dos 14m.
  • Casa dos Dezoito, assim chamada devido a sua profundidade máxima: dezoito metros. Está mais de 70% preservada, grande parte de seu telhado, sua caixa d'água, e outras estruturas resistiram, nela também foram encontrados artefatos como um ferro de passar roupas, fogão de barro, colher, filtro, cadeira de balanço.
  • Casa do Fogão, sua estrutura de alvenaria está cerca de 30% preservada. Algumas paredes estão de pé e sua instalação elétrica permanece no local (mas não dá choque).
  • Os mergulhadores na primeira
    expedição de mapeamento
  • Casa do Jaburu, está aos 14m de profundidade próxima a Pedra do Jaburu, um lajedo que sobe até a superfície. A cerca do quintal da casa está inteira e pode ser vista, bem como tucunarés e outros peixes. 
  • Pedra do Jaburu, pequeno rochedo, pico de um pequeno morro que emerge da superfície. Um mergulho interessante, cheio de árvores, peixes e até um ninho de cupim submerso!
  • Parede da Barragem, local ideal para ambientação inicial antes de nos aventurarmos nas casas.

A vida aquática é tímida mas podem ser avistadas pequenas agregações de tucunarés com até 10 indivíduos, pequenos pintados, camarões e lesmas bem como uma flora completamente diferente e diversificada. Outro fato interessante é que a madeira resiste muito mais tempo em água doce do que no mar o que resulta num surreal mergulho pela caatinga!! 

Fontes: