sexta-feira, 21 de março de 2014

Mara Hope: há 30 anos um marco no litoral de Fortaleza


O Mara Hope em 2012
por Paula Christiny

Você sabia que aquele navio naufragado que visualizamos quando estamos nos Espigões da Beira Mar, na Ponte dos Ingleses ou na Ponte Metálica se chama Mara Hope? E que ele está fazendo aniversário? Se você não sabia, ele é uma atração turística e patrimônio histórico da cidade, mesmo que quase ninguém o valorize. Então em virtude desses festejos, o Mar do Ceará que também é cultura vai lhe contar a história do “Gigante de Fortaleza”.

O Mara Hope, é um navio petroleiro que naufragou na costa de Fortaleza No dia 6 de março de 1985, há trinta anos. A embarcação foi fabricada em 1967 pelo estaleiro espanhol Astilleros de Cádiz com o nome de Juan de Austria, porém ao longo de seu período de atividade teve outros nomes, foi chamado de Asian Glory (1979) e de Mara Hope (1983). Nesse período, também teve diferentes empresas proprietárias a Naviera Ibérica, a Bona Shipping, a Carpathia Trading e a Commercial Maritime.

Mara Hope ao sair do estaleiro de Astilleros de Cádiz em 1967
No ano de 1983, quando estava ancorado em Port Neches, no Texas, para reforma, o navio sofreu um incêndio na casa de máquinas. Devido a intensidade do fogo e do risco de explosão as pessoas que moravam nas proximidades do porto foram evacuadas. Ninguém morreu e os 40 tripulantes saíram do navio sem nenhum dano. Depois do incêndio o petroleiro não tinha mais condições de operar e no ano de 1984 saiu rebocado rumo a Kaohsiung, em Taiwan, para desmonte e posterior venda como sucata.

Porém em, 6 de março de 1985, durante a viagem o rebocador do Mara Hope, o Sucess II, teve problemas mecânicos enquanto navegava em águas brasileiras, sendo obrigado a ancorar no estaleiro da Industria Naval do Ceará que se localiza ao lado do Hotel Marina Park, de frente ao local onde o navio viria a encalhar dias depois.

O afundamento do petroleiro se deu dia 21 de março de 1985, período em que Sucess II ficou ancorado em Fortaleza. O Mara Hope soltou-se de suas amarras durante a noite com maré alta e uma forte tempestade, ficando a deriva até encalhar num banco de areia próximo a Praia de Iracema. Há relatos de que houve tentativas de mover o navio, porém todas em vão, devido ao tamanho do banco de areia em que o mesmo e a profundidade que o mesmo tinha encalhado. Ainda existe uma versão não confirmada, de que o rebocador que conduzia o Mara Hope depois de vários problemas soltou suas amarras, deixando o mesmo à deriva.

O Sucess II no estaleiro para reparos e o Mara Hope ao fundo à direita
Depois do encalhe, foi dada perda total no navio, o Mara Hope foi desmantelado pela empresa proprietária para se aproveitar tudo que pudesse, o desmonte foi completado por piratas locais, restando no local apenas a carcaça. 

Anos depois, pouco se encontra da embarcação. Fora d´água pode se visualizar parte da sua proa, seu guindaste e nos dias de maré baixa pedaços do seu motor. Toda sua estrutura está sendo corroída pelo tempo, cheia de buracos e ferrugem. Os porões que carregavam petróleo estão com água. O metal que está debaixo d'água está cheio de corais, ainda hoje cobre e bronze são retirados por piratas. Tais constatações preconizam o fim do gigante. 

Apesar dos riscos banhistas
visitam o local
Propriedade da União, o navio permanecerá até o fim dos seus dias no mesmo local, já que segundo a Capitania dos Portos é inviável a sua recuperação. Até hoje, os vestígios do Mara Hope permanecem encalhados a aproximadamente 700 metros da Ponte Metálica. Tendo como um dos melhores pontos de visualização a Igreja de Santa Edwirges. Ainda assim, o navio se coloca imponente na orla de Fortaleza e é um dos programas de grupo de banhistas e curiosos que o visitam, de barco ou a nado, com intuito, conhecer o navio, ou ver Fortaleza por um novo ângulo e acabam por desafiar perigos saltando de suas partes emersas.

O Mara Hope começou a ruir e o que sobrou não é nem a metade do que foi o petroleiro no seu auge. Sua estrutura está bastante comprometida e sua visitação é desaconselhada. O gigante de Fortaleza está bastante vulnerável, não resistindo nem as ressacas do mar. 

Mas indo embora Mara Hope nos ensina muito sobre interação do Homem com o que ele produz e como esse produto se mistura com a sua existência e sua vida social. Nesses trinta anos o ele teve diferentes significados para o cidadão de Fortaleza, que mudaram ao longo do tempo de sua estadia nessa capital, o mesmo é de uma só vez ponto turístico para visitantes, posto trabalho para pescadores, fonte de renda aos saqueadores, veículo de imaginação para muitos. Pode-se dizer que mais do que objeto material, uma sucata de ferro, o Mara Hope se reinventou, em suas inúmeras apropriações sociais, técnicas de uso e manipulação, importância econômica e a sua necessidade social e cultural. Conclui-se o “Gigante de Fortaleza” precisava estar ali para que ele pudesse movimentar os motores do nosso imaginário.


O fim de um gigante.

Nota do Editor
Há alguns anos entrei em contato com Port Neches, Texas, a fim de localizar alguma imagem do seu incêndio. Para a minha surpresa foi me dito que ainda havia uma foto do Mara Hope queimando na parede da unidade do Corpo de Bombeiros do porto.


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13 comentários:

  1. Muito bom conhecer mais da nossa história!

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  2. Tiraram uma foto do navio e enviaram para o povo on
    line e escrevi um comentário de não saber da sua historia e me mandaram o link dessa matéria. Muito interessante.

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  3. muito boa esta materia

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  4. Matéria excelente...parabéns!!

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  5. muito boa matéria sempre tive curiosidade sobre o assunto e agora sei,parabéns

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  6. Excelente matéria, matou minha curiosidade

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  7. Excelente matéria, matou minha curiosidade

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  8. excelente a História Mara Hope

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  9. Excelente artigo, desconhecia esta magnifica historia da nossa capital do sol

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  10. Que genial a matéria sempre quis saber a história do naufrágio e visitar o navio.

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  11. por que nao se faz mergulhos profissionais no navio

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  12. Tudo isso eles precisaram de uma pessoa que tenh vivido nesse exato ano no exato local ( praia )

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