quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Naufrágio do Ruy Wanderley em Bitupitá

Currais em alto mar ao largo de Bitupitá, CE.

texto adaptado do blog Bitupitá Atividades

Em meados da década de 70 existia em Bitupitá uma comunidade de estivadores que trabalhavam intensamente no manuseio da principal produção local: o sal. Transportado pelo o Rio Timonha das salinas de Chaval para navios que ficavam fundeados ao largo da antiga comunidade "Das Almas" (atual Bitupitá) o sal produzido ali era comercializado em todo o Brasil. Era um trabalho rotineiro mas que movimentava a área com barcaças e grande navios.

Entre os dias 26 a 28 de fevereiro de 1972  chegava à costa Bitupitaense o navio chamado Minuano para receber um carregamento de sal, ficou fundeado aproximadamente 5 km da praia, em uma profundidade de 10 a 12 metros. Atualmente fica mais ou menos onde hoje se localizam os currais de número 32 a 40. Fundeado em alto mar, aguardava os navios tipo alvarenga com a carga de sal das salinas de Chaval. Um desses navios-alvarenga era o "Ruy Wanderley" que operava sempre a estiva de “Bitu” na barra do Pontal das Almas.

Em uma tarde comum do dia 5 de março de 1972 com o mar levemente agitado o navio Minuano começava a receber carga do navio Ruy Wanderley à contra-bordo. A carga era içada com guindastes para os porões do navio Minuano, sempre com movimentos cauteloso devido ao balanço do mar. Apesar da cautela nessa movimentação das ondas, os dois navios se chocavam violentamente pelas laterais. Com a pressa para terminar o processo de carregamento o mestre do Ruy não se preocupou muito com as batidas e continuou a manobra. Foi quando um dos operadores de guindaste observou ondas entrando no navio sem escoar.

Por volta das 18hs do mesmo dia começou a manobra alijamento da carga e após a descida da primeira lingada a tripulação sentiu o navio descer devido à sobrecarga, com isso começaram as pressas o trabalho para retirar as caçambas de sal para tentar evitar o naufrágio. No entanto nada adiantou, e um dos estivadores deu o alarme: “O navio esta afundando! Cortas os cabos! Corta os cabos!” Cortaram os cabos para evitar que os dois navios fossem a pique e saltaram para o resgate que foi realizado pelas canoas que pescavam no local. Já era noite quando o navio Ruy Wanderley se despedia do seu trabalho em um trágico acidente, por volta das 19hs só se via uma pequena ponta do mastro do grande Ruy.

O navio Ruy Wanderley naufragou no dia 5 de março de 1972 por volta das 18hs em uma profundidade de 8 metros na maré baixa e em mais ou menos na distância de 5 km da praia, sendo hoje possível ver em um mergulho ao lado do curral de número 32.

O relatório do inquérito atribuiu o acidente as fortes pancadas no Minuano e considerou responsável o mestre João Fagundes de oliveira e o imediato (moço de convés) José felinto da Silva por insistirem no transbordo de cargas naquelas condições, sendo representado contra pela procuradoria por negligencia e imprudência, foram condenados a pena de multa de um salário mínimo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário