quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cronologia dos Portos de Fortaleza - de 1811 a 1896

(Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção ou Porto do Siará, 1811. Atribuído a Francisco Antônio Marques Giraldes.)


1811 – Foram feitos os primeiros estudos para a construção do Porto de Fortaleza pelo oficial da marinha Giraldes. Foi entregue uma planta com um projeto.

(Planta do Porto e Vila de Fortaleza, autoria de Silva Paulet, 1813)


1826 – Neste ano foi levantada uma outra planta pelo Cap. João Bloen, no governo de Nunes Belfort.

1830 – Em nova planta feita pelo Cap. Ten. Joaquim Lucio dos Santos e em estudos pelo engenheiro francês J. E. Seraine. Nesta época as profundidades da Enseada do Mucuripe eram muito menores que as atuais, inviabilizando a construção do porto neste local. No entanto, nestes estudos contatou-se a existência de um antigo ancoradouro na enseada.

1849 – O engenheiro Manoel Gouveia foi incumbido de dar seu parecer sobre a construção de um trapiche flutuante, bem como o melhor modo de realizar o embarque e desembarque no porto. Gouveia condenou o projeto de construção de um trapiche de madeira avançando sobre o mar, previa que o acumulo de areia nas suas proximidades. No entanto, o engenheiro sugeriu que esta poderia ser uma solução temporária.

Na mesma ocasião o Cap. de Artilharia Afonso de Almeida emitiu seu parecer contrário à ponte flutuante e favorável à ponte firmada sobre estacas de carnaúba sendo orçada a obra em 20 contos de réis e 20 anos de duração.

1854 – O problema do porto de Fortaleza foi submetido a exame pelo governo de Pernambuco pelo engenheiro Henrique Augusto Millet, para satisfazer a recém criada Companhia de Navegação Pernambucana.

O engenheiro sugeriu a construção de um cais – onde fica o atual estaleiro da INACE – e uma muralha sobre os arrecifes já existentes. Recomendou a também a dragagem da área entre a muralha e o cais e a fixação das dunas do litoral por plantações bem dirigidas.

O projeto de Millet foi orçado em 500 contos de réis, quantia extremamente alta e por este motivo o projeto não foi executado.


(Planta da cidade de Fortaleza, 1856. Pelo Padre Manoel do Rêgo Medeiros.)


1857 – O trapiche sugerido por Gouveia foi finalmente construído: uma ponte de madeira que avançava sobre o mar servindo para embarque e desembarque de passageiros e mercadorias.

A ponte foi pouco a pouco se aterrando como previra o engenheiro.

1858 – O Coronel de engenharia José Gomes Jardim apresentou um projeto idêntico ao de Millet, com a construção da muralha orçado em 800 contos.

O engenheiro francês Pierre Florent Berthot iniciou longos estudos para a construção do porto. Após quatro anos observando marés, ventos, correntes de fundo e de superfície, modificações hidrográficas e o movimento das areias, etc., o francês sugeriu a construção de uma muralha submersa de grande extensão na Praia do Meireles, 2500 metros a leste do trapiche da alfândega, para “desviar” as areias que vinham das dunas do Mucuripe e se acumulavam no Porto.


(Planta Exata da Capital do Ceará, 1859. Por Adolfo Herbester.)


1860 – Estando na “Província” uma comissão cientifica para estudos astronômicos chefiada pelo Cap. Ten. Giacomo Raja Gabaglia foi este convidado para emitir sua opinião sobre o porto da capital.

Gabaglia criticou os estudos prévios e sugeriu que seriam necessários 25 anos de estudos para a construção do Porto. Porém sugeriu a construção de dois quebra mares flutuantes para um porto com capacidade para 25 ou 30 navios. O engenheiro tentava evitar o assoreamento, mas desprezou a agitação que existiria no porto, uma vez que a vaga continuaria a se propagar através do quebra mar flutuante.

1861 – Estava pronta a muralha submersa de Berthot com cerca de 370m de comprimento. O projeto se mostrou ineficaz, pois em pouco tempo a muralha de Berthot estava completamente aterrada. Apesar dos quatro anos de estudo, o engenheiro considerou apenas os sedimentos trazidos pelo vento, desprezando ao arrasto pelas correntes marinhas.

1864 – O Engenheiro Zozimo Barroso foi incumbido pelo Governo Imperial de examinar e apresentar soluções para o porto. Os estudos deste engenheiro não foram publicados. No entanto, no ano seguinte o relatório publicado pelo Ministério da Marinha apresentava vários fatos provenientes do estudo do eng. Barroso. O mais importante deste relatório é a indicação da Enseada do Mucuripe como local favorável a construção do porto. Foi a primeira vez que houve uma manifestação franca em prol da Enseada como local propício para a localização do Porto de Fortaleza.

1866 – Os engenheiros Zozimo Barroso e James Foster se propuseram a construir o porto do Mucuripe. Porém o projeto dos engenheiros encontrou forte oposição entre os comerciantes da época pela distancia a que se localizaria o novo porto.

1867 – Em agosto a Companhia de Gás obteve a permissão para construir um trapiche para descarga de seu material no local do antigo porto.

O engenheiro Law e Blont apresentaram um projeto de uma ponte situada no prolongamento da Rua Formosa (hoje Rua Barão do Rio Branco) destinada a atracação de navios de todos os calados para desembarque de passageiros e mercadorias. Deveria ter uma profundidade de 17 pés(pouco menos de 9 metros).

1870 – O engenheiro Zozimo Barroso, a fim de provar que estava certo quanto a localização do porto na Enseada do Mucuripe, submeteu seus estudos a aprovação do engenheiro inglês Charles Neate. Este, mesmo achando que o Mucuripe era o local mais adequado concordou com a Associação Comercial que preferia um porto mais próximo a capital.

Neate apresentou um projeto baseado nos estudos de seus antecessores. Seu projeto incluía a elevação dos arrecifes e sobre esses, a construção de um quebra-mar de 400m de extensão, a construção de um molhe de 150m destinado a atracação de navios com 5 ou 6 metros de calado, paralelo a este um outro molhe de 300m para atracação de navios menores.

Neste ano o acumulo areia chegou ao ponto de só permitir o embarque na maré alta e ficando completamente “no seco” durante a baixa.


(Projeto para o Porto de Fortaleza por Charles Neate, 1870.)


1874 – Foi convidado pelo Governo Imperial o engenheiro inglês John Hawkshaw para realizar estudos sobre os portos do Brasil. Em parecer emitido no ano seguinte, para o Ceará o inglês realizou um rápido levantamento hidrográfico do ancoradouro fronteiro a cidade e sondagens geológicas sobre os recifes do porto.

Hawkshaw apresentou um projeto similar ao de Neate com pequenos ajustes.


(Planta de Fortaleza, 1875. Por Adolfo Herbester.)

1881 – O engenheiro norte americano Milnor Roberts foi contratado pelo Governo Imperial para novos estudos. Roberts endossou os projetos de Hawkshaw e Neate acrescentando algumas alterações.

No entanto, as sondagens de Hawkshaw que negaram o projeto de Neate foram desprezadas por Roberts.

1883 – Em maio foram contratados os engenheiros Tobias Laureano Figueira de Melo e Ricardo Lange para apresentarem estudos definitivos baseado no projeto de Hawkshaw. Aprovados no ano seguinte, foi criada na Inglaterra a “Ceará Harbour Corporation Limited” com à qual foi fechado o contrato.

1886 – Depois de novos estudos exigidos pelo engenheiro Honório Bicalho foram iniciadas as obras. Porém, à medida que o quebra-mar era construído a areia foi se acumulando à direita do paredão.


(Planta da Cidade de Fortaleza, Capital da Província do Ceará, 1888. Por Adolfo Herbester.)


1889 – Foram paralisadas as obras, o quebra-mar estava completamente aterrado. O engenheiro Coimbra quando procurado para explicar o insucesso das obras, este sugeriu a construção de um dique a 800m do porto com 500m de extensão.

1891 – Os engenheiros Alfredo Lisboa e L. Baldwin Bent tomaram providencias para a retomada das obras. Foi iniciada a dragagem do porto, a abertura de um canal através de um viaduto completamente obstruído e a construção de um dique de pedras destinado a concentrar as correntes litorâneas para evitar o assoreamento nos arredores do porto.

Sir John Bruce, ex-presidente do Instituto de Engenheiros de Londres, foi encarregado da diretoria da “Ceará Harbour Corporation”. Este determinou a construção de um molhe a leste do porto, em frente a Praia do Meireles, a dragagem do Porto entre outras medidas.

1895 – O engenheiro A. Lisboa apresentou a Companhia um novo projeto baseado em Hawkshaw para remediar os efeitos das marés. Entretanto em seu projeto a bacia deixaria de ter os 22 hectares e 6m de profundidade previstos no projeto de Hawkshaw para 48 hectares e 2,2m de profundidade e um canal de acesso de 20 metros de largura. O molhe seria equipado com pranchões de madeira para embarque e desembarque. Essas medidas foram, na verdade, uma confissão da impossibilidade do projeto de Hawkshaw.

1896 – Insatisfeito com o rumo das obras o Governo Imperial contratou o engenheiro Domingos Sergio de Sabóia e Silva. Após estudos, apresentou um projeto em que teria uma bacia de 13,5 hectares e limitada ao norte e a leste pelo quebra-mar de Hawkshaw, ao sul pelo litoral e a oeste por dois molhes convergentes de madeira, além de um trapiche de madeira partindo do cais com 100m de largura e 160 de extensão e a dragagem da bacia.



Fontes:

Biblióteca Menezes Pimentel

Álbum de Fortaleza, 1931

Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez)

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