quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Floração de Algas Verdes no Litoral Cearense

Nos meses de junho a agosto os mares cearenses são invadidos por algas verdes filamentosas. Vamos conhecer um pouco mais sobre esses seres vivos.

Algas verdes na Pedra da Botija no PEM da Pedra da Risca do Meio em julho de 2016.
São organismos de hábito aquático, muito encontrados nas praias do litoral cearense. Apresentam ocorrência com ampla variedade de habitats, como, por exemplo, habitat marinho. Apesar de serem comumente encontradas nas areias das praias, as algas verdes estão em sua maioria presente em água doce. Podem ser encontradas em variedades de formas: microalgas, sendo vistas principalmente com ajuda de lupas e microscópios e macroalgas que podem ser vistas a olho nu.

Grande aglomerações de algas na
Pedra da Botija
As macroalgas, dentre elas as algas verdes, pertencentes ao reino protista, são seres fotossintetizantes, liberando oxigênio na água como resultado do processo de fotossíntese. Por apresentarem essa característica, são organismos de extrema importância para a manutenção da vida na terra. São caracterizados como fitoplâncton, fazendo parte da cadeia trófica de diversos organismos, como moluscos, crustáceos, peixes e até mamíferos marinhos. Além de serem o alimento desses animais, as algas verdes, são utilizadas como forma de obrigo e berçário no período reprodutivo desses animais.

São bastante encontradas na região entre-marés, vivendo presas em formações rochosas, em recifes e praias arenosas. No litoral cearense podemos observar esse cenário em muitas praias, dentre elas, Iparana, Pacheco e Pecém. A presença desses organismos nas praias e até em formações rochosas de águas profundas, proporcionam positivamente o desenvolvimento de ambientes diferenciados para espécies que aí habitam.
Mergulhadores envoltos por algas.

Segundo Pedro Carneiro, pesquisador especialista em algas do Instituto de Ciências do Mar da UFC, as algas que aparecem no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio nos meses de junho a agosto são uma floração do gênero Rhizoclonium. Ele explica:
"Essa forma permite que possam crescer e se reproduzir muito rapidamente, mas elas acabam sendo muito predadas e não conseguem competir muito bem por substrato. Então ela é efêmera, aparece e desaparece rapidamente. Mais perto da praia as florações costumam aparecer nas primeiras chuvas, quando a água recebe nutrientes. Em mar aberto não deve ser esta a causa, mas ainda não sabemos bem o que é. A própria queda da temperatura da água nesse mesmo período do ano pode desencadear isso.  Chamamos de floração esses eventos de crescimento explosivo.
Essa alga é cosmopolita. O gênero tem várias espécies que ocorrem em várias partes no mundo todo, em ambiente marinho, em estuário e em água doce. Como é uma alga muito fina, as vezes é difícil dizer qual a espécie exata."
Caulerpa racemosa, alga verde
facilmente observada no litoral cearense.
Dentre as diversas algas verdes (filo Clorophyta) encontradas no litoral cearense, o gênero Caulerpa sp. é bastante encontrado a beira mar, principalmente a espécie Caulerpa racemosa, conhecida popularmente por Uva-do-Mar, pois, apresenta aparência de um cacho de uva. A espécie é bastante encontrada em regiões tropicais, em muitos países no mundo inteiro, apresentando ciclo de vida muito rápido, em habitat natural, pois se encontra disponível os recursos necessários para o seu desenvolvimento, como a luz solar, justificando a sua grande abundância na natureza. Devido a sua grande disponibilidade nesses habitats, é a base da cadeia alimentar de muitos animais, dentre eles o ouriço-do-mar.

As algas de modo geral (verdes, pardas e vermelhas) são de extrema importância, tanto para o homem como para toda biodiversidade do planeta. Esse grande grupo, atualmente desempenha um grande papel impulsionador da economia das cidades litorâneas do Ceará. Dentre as cidades, temos o município de Flexeiras, em Trairi, onde atualmente possui projeto de cultivo de algas. 

Projeto S.O.S Algas em parceria pela Associação dos Produtores de Algas de Flecheiras e Guajirú(APAFG), Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (IDER) eInstituto Terramar.
O projeto S.O.S Algas utiliza de maneira sustentável as algas, promovendo a preservação de espécies que ocorrem na comunidade, e ainda garantindo a subsistência de muitas famílias. Dentre os diversos benefícios proporcionados por esses organismos, às algas são utilizados pela indústria farmacêutica na extração de compostos base para medicamentos; na indústria, na produção de sorvetes, cosméticos, fertilizantes; na medicina; e também, principalmente, na alimentação por serem ricas em proteínas, sais minerais e vitaminas, como exemplo na produção do sushi. 
Sushi envolto por alga.

Diante disso, é notável a grande importância desses seres vivos, pois, além dos diversos benefícios que as algas proporcionam a espécie humana, desempenham papel primordial a manutenção da biodiversidade aquática. Sendo essas, assim como as plantas, as grandes responsáveis pela presença do oxigênio gasoso em todo no planeta. Além do papel de abrigar e refugiar muitos animais, nos diversos ecossistemas naturais.

Referências:
https://marinelifeindia.wordpress.com/2013/01/29/oval-sea-grapes-seaweed-caulerpa-racemosa-forsskal-j-agardh-1873/
S.O.S. Algas - http://sosalgas.blogspot.com.br/

2 comentários:

  1. Gostaria de saber se se pode comer a uva do mar preparada adequadamente e se nao faz mal a saude! Obrigado.

    ResponderExcluir
  2. Encontrei essa alga aqui na praia de Ipioca perto de Maceió...minha dúvida e a mesma.. é comestível?

    ResponderExcluir