Todo e qualquer objeto encontrado no fundo do mar pertence a União. Isso significa que naufrágios e artefatos a ele relacionados são protegidos por lei e não podem ser retirados do mar sem autorização da Marinha. Essas medidas visam proteger o nosso patrimônio submerso de eventuais "piratas" nacionais ou estrangeiros.
Os naufrágios, assim como os sítios arqueológicos em terra, são peças do quebra-cabeças da história marítima brasileira. Cada embarcação que foi ao fundo conta uma história e nos diz um pouco da época em que navegava. Quem eram seus tripulantes? Como viviam? O que transportavam? Porque afundou? Essas respostas são fundamentais para resgatarmos a história do nosso povo e construirmos a nossa identidade cultural. Além do valor histórico, muitos contam estórias trágicas em que vários marinheiros e passageiros perderam suas vidas. São como túmulos, onde homens e mulheres passaram seus últimos momentos.
É uma pena que no Brasil as leis não sejam aplicadas e fiscalizadas. Mergulhadores sem escrúpulos estão destruindo este patrimônio. Na década de 80 dinamitaram o Navio do Pécem a fim de ter acesso a sua carga de carvão mineral - SS Baron Deshmond, um cargueiro inglês afundado pelo infame U-507 durante a II Guerra Mundial. Hoje, pouco resta da estrutura original do naufrágio. O Vapor do Paracuru, um naufrágio sem identificação também foi dinamitado recentemente eliminando qualquer vestígio de sua identidade. Em 2009 o naufrágio Amazonas, na entrada do Porto do Mucuripe, teve o seu hélice serrado e removido. Os materiais removidos do fundo terão um desses destinos: ser vendido como sucata ou cair no esquecimento no canto de uma estante. Pouca gente sabe mas nossa história está virando sucata...
Em um mergulho recente ao Naufrágio do Avião, um dos melhores pontos de mergulho de Fortaleza tive uma grande decepção. Os restos da estrutura do avião da FAB foi dinamitada, sua asa e hélice removidos. Mesmo o fato do naufrágio estar dentro dos limites do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio não impediu os criminosos. O que antes era um atrativo para o turismo subaquático do Estado, hoje não passa de um monte de ferros retorcidos sem identidade. Vale lembrar também que naquela aeronave quatro pessoas viveram seus últimos instantes...
Enquanto a legislação atual dificulta o trabalho de pesquisadores sérios os que não a seguem tem passe livre. E a nossa história continuará virando sucata...
Assista imagens gravadas em 2004 e 2010. Veja a diferença.
Leia mais sobre o Avião e outros naufrágios da costa cearense na Revista Decostop !
Boa Marcus, fica ai a denuncia. Eu que já havia mergulhado inumeras vez no Avião fiquei decepcionado e triste pois, perdemos um grande mergulho. Não acreditava que era o mesmo lugar que havia estado varias vez quando trabalhava no Projeto Netuno. Acho que esse foi o último mergulho no que restou do Avião. Nunca mais ninguem vai lá. Abraço,
ResponderExcluirLeo Correia
e eu q nunca tive e nunca mais vou ter a oportunidade de conhecer...
ResponderExcluirPutz q merda.. não me surpreende mais nada do que o homem faz.. triste!
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