segunda-feira, 1 de março de 2010

Um Mergulho no Mar do Ceará - Foi tudo verdade




Foi Tudo Verdade
           por Augusto Cesar

            Eram pouco mais de três horas quando o telefone tocou. Já estavam na Washington Soares, avisa o porteiro para liberar a entrada. Valeu, vou me ajeitar. Fiquei esperando lá embaixo assistindo TV.
         Passamos parte do material para o meu carro e o Marcus; então seguimos em direção para a Barra Nova em Cascavel, onde iríamos pegar o barco para mergulhar no navio dos Remédios e na volta no Siqueira Campos.
         Chegamos entre o final da noite e início do dia, com cores que não costumo a ver. Estava ventando muito, o que logo me chamou atenção, até falei na hora isso com alguém. Embarcamos o material na batera e fomos a pé, margeando a boca do rio até o barco.
         O mestre ligou o motor e deu partida, nos sentamos os quatro um ao lado do outro no banco atrás da cabine na popa, pois era o único banco existente. O vento não havia cedido nem as ondas que estavam muito fortes vindos do oceano entrando na barra empurrando o barco para trás.
         De repente o Régis Doido grita: vem uma onda, e pula para frente, não houve tempo para mais nada, a água entrou de uma vez, e de uma vez saiu, deixando a sensação de pânico e ao mesmo tempo de alívio.
         Tomamos o rumo indicado pelo o GPS, que indicava primeiro o Siqueira, pois se o tempo continuasse como estava, voltaríamos dali mesmo, o barco estava sendo muito maltratado com aquele mar. Tínhamos que navegar por cerca de mais 8 km.
         As ondas foram abrandando um pouco e quando passávamos próximos ao Siqueira decidimos continuar para o Remédios. Era um naufrágio que não conhecíamos e sabíamos muito pouco sobre sua história; Como é incipiente a literatura sobre o assunto no Brasil!
         Sabe-se a data (1986), e os boatos, que estava transportando remédios (daí o seu nome), e que estava a serviço parece das Forças Armadas. Estava lá adormecido no fundo do mar com centenas ou milhares de peixes (não deu para contar) dentro, ao lado, em cima, por perto, de longe. Era um verdadeiro uma sensação maravilhosa lá no fundo do mar.
         Depois do primeiro impacto com uma visibilidade de mais de dez metros, fomos descendo e observando o estado em que se encontrava o navio, procurando no casco alguma pista do que pudesse ter lhe trazido ao fundo.
         Encontramos um casal de moréias em uma loca entre o casco e a areia, era um belo casal, continuamos e encontramos uma lagosta enroscada em um manzuá, o Marcus pegou a faca e soltou a moribunda.
         Nadamos para cima e entramos na cabine onde encontramos dois tubarões lixa, dormindo na sombra, de repente entra o Régis, parecia um filme, naquela profundidade só no peito, com seu arpão de onde tira parte de seu sustento.
         Após alguns minutos chegamos á proa da barcaça, e procuramos encontrar alguma explicação para parte frontal , que servia de rampa para desembarque, estava aberta. Não fazia lógica a princípio, ficamos ainda mergulhando até acabar o ar, foram 59 minutos lá embaixo.
         Levantamos a âncora e partimos pro nosso segundo mergulho, há mais de hora de viagem. Fomos almoçar e descansar, o dia já era tarde, e o cansaço era grande, fomos deitando em qualquer lugar do convés que houvesse para poder dormir.
         Começamos a montar o material, chegando era pular no mar e descer para o Siqueira. O Régis desceu primeiro, o Marcos logo depois para amarrar o cabo no naufrágio, o Luciano foi o próximo e eu fiquei por último, pois ajudei o Luciano com o seu material. Estava pronto para entrar no mar quando ouço um assobio, era o Marcus que dizia para não pular, o mar estava muito mexido não dava nada com mais de meio metro de distância.
         Desmontei meu material e ajudei ao dois a subir, o mergulho tinha sido abortado, íamos agora esperar o Régis que estava pescando. Esperamos mais um pouco e ele apareceu, disse que tinha visto um camurupim e ia tentar buscá-lo.
         Estávamos conversando distraídos quando o mestre grita e aponta: olha ele sendo puxado pelo peixe. Eu virei e vi aquela insólita situação, o Régis em cima d água, sendo arrastado contra a correnteza segurando no cabo. De repente ele para, passam-se alguns segundos quando salta inteiramente de dentro do mar aquele enorme peixe escamado, refletindo a luz do sol em toda sua extensão. Foi uma visão espetacular, o peixe deu mais dois saltos, mergulhou e escapou.
         Desta aventura temos os vídeos do mergulho já que fizemos só um. Do peixe só ficou o vídeo na memória.
         E se fosse verdade será que alguém ia acreditar.    

Voce encontra mais informações sobre essa expedição ao Naufrágio do Remédios nesta edição de janeiro de 2010 da revista trimestral DecoStop.


Texto:
Augusto Cesar

Fotos:
Marcus Davis

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