segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Naufrágio da Santa Edwiges

Mergulhadore sobre os destroços do "Naufrágio da Santa Ewirges"
Os verdes mares cearenses já foram temas para diversos escritores e poetas. No entanto a tonalidade marrom-esverdeada que muitas vezes se mantém próxima à costa do Ceará é característica de pouca visibilidade enquanto submersos. Para nossa sorte em alguns períodos do ano águas mais claras chegam a nosso litoral revelando mistérios a muitos anos escondidos.

No fim do século XIX e início do século XX a área onde foi construído o hotel Marina Park e o local onde hoje funciona a Indústria Naval do Ceará - INACE era conhecida como Poço da Draga. Fortaleza ainda não possuia instalações portuárias adequadas e este local funcionava como ancoradouro natural. Muitas embarcações de diversos tamanhos terminaram seus dias ali, incógnitas. 

E foi num desses naufrágios que uma equipe do Mar do Ceará mergulhou, uma embarcação a muito tempo esquecida que é trazida de volta para nossos livros de história. São estruturas de aço localizadas em frente a estátua da Santa Edwiges, ao lado do hotel. A dica veio de pescadores que há muito tempo conhecem bem o local e nos informaram da existência de "uns ferros" naquela área.

Mergulhadore entre as "pás" do hélice
A área dos destroços se estende por cerca de 30m de comprimento. A proa está voltada para praia em um ângulo aproximado de 60 graus para boreste. O tamanho do hélice parcialmente enterrado coincide com as estimativas de comprimento. A embarcação está completamente destruída mas algumas estruturas ainda puderam ser observadas apesar da precária visibilidade: cabeços de amarração que sempre são deixados pra trás e são uma boa forma de se orientar em um naufrágio, estruturas do leme, quilhas e cavernames. 

O único motivo do hélice não ter sido levado por saqueadores é que ele não foi feito de metais nobres ou seja, sem valor comercial. Parte do seu eixo também foi identificada, mas nada dos seus motores. As chapas que constituíam o casco parecem ter sido soldadas e não pregadas com rebites, o que nos dar uma pista quanto a sua idade.

Lancetas nos destroços do naufrágio
Existe uma grande possibilidade de tratar-se o pequeno vapor Rio Formoso, pertencente a Companhia Pernambucana de Navegação e que encalhou em uma praia nos arredores do "Porto do Ceará" em 1913.  

A vida marinha é tímida, pequenas lagostinhas, lancetas e outros pequenos peixes recifáis. 

É importante lembrarmos que todas as embarcações naufragadas guardam uma pequena parte do quebra cabeças da nossa história marítima e devem ser preservadas.

Ficha Técnica
Nome: Naufrágio da Santa Edwiges (nome real desconhecido)
Localização: Em frente a estátua da Santa Edwirgens, na Av. Leste-Oeste.
Data: desconhecida
Tamanho: aproximadamente 30m de comprimento
Estruturas localizadas: hélice, leme, quilha, cavernames cabeços de amarração da popa.
Profundidade: 1m - 4m
Visibilidade: 0m - 2m




Texto e fotos
Marcus Davis A Braga

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vistando Antigos Pontos de Mergulho: Serra Pelada e Mara Hope

Mergulhadores na Serra Pelada, Fortaleza, CE

Neste mês de outubro os ventos deram uma trégua e a água limpa encostou na praia! Mergulhadores do Mar do Ceará aproveitaram para fazer o reconhecimento de antigos pontos de mergulho e avaliar sua operacionalidade.


Em uma equipe de 8 mergulhadores partimos em direção a Serra Pelada. Este ponto se localiza na metade do caminho entre o Parque Estadual Marinho e o Porto do Mucuripe. São os restos de um antigo conteiner depositado ali na década de 80 e algumas ferragens que ganharam esse nome pela quantidade de vida marinha que nele existia. Antigos mergulhadores relatam uma quantidade considerável de meros, um peixe pré-histórico cuja espécie se encontra em extinção.
Encontramos alguns metais e apenas a armação do conteiner, pois suas "paredes" a muito se desmancharam. Apesar de poucos atrativos uma boa quantidade de vida marinha estava presente no local a uma profundidade de 22m. Fizemos um drift (mergulho seguindo a correnteza) a procura de outras estruturas mas nada mais foi localizado.

Seguimos para o local onde estão sendo criados novos pontos de mergulho mas a água não aparentava boa visibilidade. Esses pontos serão ideais durante a temporada de mergulho que vai de março a julho. Alteramos a rota e nos aproximamos ainda mais da costa para um mergulho no naufrágio Mara Hope.

No Mara constatamos visibilidade de até 4m entre suas ferragens e pouca vida marinha: apenas alguns batatas, ciliares e lancetas, uma lagosta tímida tentava não ser notada em sua loca. O mergulho neste naufrágio deve ser feito com cuidado pela quantidade de chapas soltas que rangem com a força das marés.

À quem interessar segue a marca da Serra Pelada 03 37,888 S / 038 27,150 W.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aventura em Alto Mar - Contexto Esportivo

Matéria publicada no blog Contexto Esportivo em 06 de novembro de 2010.

por André Pinheiro (Zizou)

Navio encalhado há 25 anos é utilizado como ponto de apoio ao turismo ecológico na orla marítima de Fortaleza


Visitar a cidade de Fortaleza sem conhecer o litoral da capital Cearense é um “pecado”. Milhares de turistas locais e não locais visitam diariamente um dos cartões postais mais importantes do estado: a Avenida Beira mar. Do Mucuripe à Ponte metálica muitas atrações turísticas como comida regional, artesanato local e show de humor são oferecidas aos turistas, porém nada que associe nossa cultura com a beleza natural de nosso litoral e sua fauna marinha. Para quem pensa em visitar a orla marítima de Fortaleza, em especial a praia de Iracema e não vê atrações que estejam diretamente ligadas à natureza é porque ainda não foi informado dos passeios de barco ao Mara Hope, um petroleiro que encalhou há 25 anos em um barranco de areia próximo ao estaleiro na praia de Iracema.

Foi pensando em divulgar o mar do ceará e a história do Mara Hope, que o Instrutor de mergulho, Marcus Davis, teve a idéia de juntar a beleza natural da orla marítima de fortaleza com a curiosidade que as pessoas tinham sobre aquele “monstro de ferro” que há 25 anos está no mesmo local. “As pessoas sempre me questionaram sobre o Mara Hope, muitos sequer sabiam que era um navio”, Disse Marcus. Em Agosto de 2009, Marcus tira do papel o projeto de realizar passeios de barco ao navio encalhado e junto com uma equipe de profissionais, inicia os passeios ao Mara hope.

Os passeios ao Mara hope são realizados em média 2 vezes ao mês e são divulgados através do site da própria empresa, www.mardoceara.com.br e através de outra mídias sociais como Orkut e Tweeter. Os interessados fazem a reserva através do telefone do “Mar do Ceará” e chegam com meia hora de antecedência do embarque ao local marcado, que fica localizado no calçadão da beira mar em frente à escola de Wind surf nº 4320. O passeio dura em média 3 horas, sendo 45 minutos até chegar ao Mara Hope onde a embarcação é ancorada por mais ou menos 1 hora e 15 minutos e o retorno leva em média 1 hora até o ponto de onde a embarcação saiu.

SAM_0587Uma pequena jangada leva o visitante a fazer o embarque no “Trimarã” (uma embarcação de 3 cascos) que leva o turista ao Mara Hope. A embarcação é tripulada por 1 comandante e 2 marinheiros, além da equipe do “Mar do Ceará”, liderada por Marcus Davis. O Trimarã está totalmente equipado com equipamentos de segurança; bóias; caiaques; radio; GPS; motor e vela, proporcionando assim, total segurança aos visitantes. Dentro da embarcação, o visitante pode ainda comprar cerveja, refrigerante e água mineral, lembrando que só é permitido tomar cerveja durante a volta do passeio por questões de segurança. Ao embarcar, os visitantes são conscientizados de como proceder durante o passeio através de um briefing (uma lista de orientações), passadas pelo coordenador do passeio, Marcus. “É muito importante passar essas informações aos visitantes, pois servirá para o bem estar deles durante o passeio” Afirma Marcus. Além do briefing, existe um termo de responsabilidade que é disponibilizado àquelas pessoas que desejam subir ao convés do navio encalhado, já que apesar do local estar marcado com tinta branca avisando dos pontos perigosos, ainda assim há riscos pelos quais a organização do passeio não pode se responsabilizar.
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Feito o briefing e recolhido os termos de responsabilidade, a embarcação segue em direção ao Mara hope. Durante o percurso, a beleza da cidade vista do mar é exuberante e quando golfinhos aparecem para completar a bela paisagem é como se Picasso cumprimentasse Portinari. Aos marinheiros de primeira viajem o início do passeio parece não agradar muito, pois com o balanço do barco logo ficam enjoados, contudo, a equipe conta com a presença da socorrista Karla Prudente, que acompanha durante todo o passeio aqueles que passam mal, os auxiliando com medicamento contra náuseas além de instruções para o bem estar dos mesmos.

SAM_0599No decorrer do passeio, a equipe do “Mar do Ceará”, vai explanando aos visitantes questões como a fauna marinha do litoral Fortalezense, bem como a importância de se preservar o local, dando dicas de como evitar a degradação do ecossistema marinho, através de um trabalho realizado junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (SEMAM).

A aventura ecológica parece chegar ao seu ápice quando o Trimarã vai se aproximando do Mara Hope. Ao ver de perto aquele “monstro de ferro” já deteriorado pela ferrugem, logo começam as indagações a respeito de sua história. O coordenador do passeio, Marcus Davis, além de mergulhador profissional é também um historiador de naufrágios e está extremamente gabaritado para fornecer aos visitantes informações, bem como respostas satisfatórias pertinentes ao Mara Hope. “Estar em contato com o Mara já é emocionante e quando se conhece um pouco mais da história dele, o passeio se torna mais interessante.” Comenta Marcus.
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Lançar âncora! A ordem do comandante é a alegria dos que estão a bordo da embarcação. Todos recebem coletes salva-vidas e buscam da melhor maneira que lhes apraz desfrutar do ambiente natural no qual está inserido o navio encalhado. Alguns poucos contidos resolvem apreciar a paisagem sem sair do Trimarã. Outros se satisfazem com um mergulho raso no mar. Já para a maioria, o interessante mesmo é subir nos caiaques ou até mesmo nadando, irem conferir de perto o “gigante de ferro”. Esses de espírito mais aventureiro chegam a subir ao convés do navio e são contemplados com uma vista inigualável. “Já tinha visto o pôr do sol de Fortaleza na ponte metálica, mas do convés do Mara Hope, a visão e a sensação são indescritíveis.” Disse o turista do Rio Grande do Sul, Mário Hoffmann, 30. Outros ainda mais aventureiros, não só sobem ao convés como também arriscam um salto de aproximadamente 10 metros de altura. Eles sobem por uma escada na lateral do navio com bastante cuidado, pois apesar dela estar sempre sob reparos é sempre bom estar atento para não escorregar e provocar algum acidente mais de maior gravidade. No mais, tomando todas as precauções necessárias é só aproveitar cada momento que o passeio lhe proporcionar. “Curtir as belezas naturais dessa cidade já é muito prazeroso e quando você junta esse prazer com a adrenalina de saltar do convés do Mara, a aventura fica completa.” Explanou o Mineiro de Belo Horizonte, Carlos Saldanha, 27.
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É, mas infelizmente momentos como esse não duram para sempre e como diz o ditado popular: “Tudo o que é bom, dura pouco.” Assim, um misto de sentimentos como euforia e saudosismo transparece nas faces dos aventureiros que após 2 horas de aventura, vêem o passeio chegando ao seu final. “É algo que estará registrado pra sempre em minha retina.” Falou emocionada e com os olhos marejados a estudante paulista Érica Quagliato, 19.

SAM_0602Levantar âncora; todos a bordo; hora de partir, são frases que não agradam a nenhum dos que fazem parte do passeio, mas ainda não é o fim. Isso mesmo, quando o passeio parece chegar ao final e não ter mais atrações, a volta é agraciada pela exuberância do crepúsculo proporcionado pelo inconfundível pôr do sol de Fortaleza que parece não querer ir embora como um namorado apaixonado que não quer partir sem sua amada.

Quase uma hora depois de deixar o Mara Hope a embarcação retorna, trazendo consigo pessoas que certamente levarão pra sempre em suas memórias esses momentos de contato com a natureza que fazem com que o ser humano reavalie suas condutas e pensamentos, procurando sempre zelar por aquilo que ainda lhes proporciona qualidade de vida e bem estar: o meio ambiente.

Segundo Marcus, o turismo ecológico na orla marítima de Fortaleza vem passando por um processo de revitalização e conscientização da preservação do local. Ele relata que as visitas ao Mara Hope vêem contribuindo para esse processo e que quanto maior o número de pessoas que façam essa releitura da praia de Iracema, melhor será para o nosso ecossistema marinho. “O turismo ecológico é uma forma estratégica para preservarmos o meio ambiente” Concluiu.

Um breve histórico do navio Mara Hope:
Em 1985 o petroleiro Mara Hope que após pegar fogo e incendiar durante 3 dias em um porto do Texas nos E.U.A e ser vendido como sucata para uma empresa na África do Sul, estava sendo rebocado quando seu rebocador teve problemas nas máquinas e parou na indústria naval do ceará (INACE) em 8 de março de 1985 , para reparos. Já o petroleiro foi fundeado no Porto do Mucuripe, quando em na noite do dia 21 de março de 1985, durante forte tempestade, o Mara Hope soltou-se de suas amarras e derivou dois quilômetros encalhando em frente ao estaleiro onde estava seu rebocador. O banco de areia no qual o navio encalhou era muito extenso e o navio estava profundamente atolado. Após várias tentativas inúteis de movê-lo foi constatada a perda do navio.


Fontes: Internet e Marcus Davis (Coordenador do “Mar do Ceará”).

Prestação de serviço:
O passeio ao Mara Hope é organizado pelo Clube do mar do Ceará e custa R$30,00 por pessoa, onde o visitante terá direito a 3 horas de passeio e toda segurança e conforto que a embarcação Trimarã lhe proporciona, além dos passeios de caiaque próximo ao navio encalhado e a subida ao convés. A bordo, são vendidos refrigerantes, água mineral e cerveja.

Mais Informações:
Telefones: (85) 8744-7226 / 9764-6553 

sábado, 13 de novembro de 2010

Fauna Marinha Cearense - Moréia-Verde

Nome Comum: Moréia Verde, Caramuru

Nome Cientifico: Gymnothorax funebris

Família: Muraenidae

Distribuição Geográfica:
Ocorrem em todo o Atlântico ocidental do Brasil ao Estados Unidos e o no Pacifico Orienta ao longo da América do Sul. Vive em áreas rochosas, recifes de coral ou manguezais e podem ser encontradas até 50m de profundidade sendo comum nos até os 30m. São conhecidas por habitar um mesmo recife por muitos anos.

Descrição:
Medem em média 1,8m mas podem chegar a 2,5m e pesar até 29kg. Alimenta-se principalmente a noite de peixes e crustáceos. Ao longo da vida sua coloração muda e passa do preto nos juvenis, ao verde escuro amarelado nos adultos. Possui corpo musculoso com uma nadadeira dorsal que se estende por todo o corpo e termina em uma nadadeira caudal curta. Possui dentes afiados que liberam toxinas, podem atacar sem ser provocada. Deve ser observada com cautela pelos mergulhadores.


Fontes:
Humann, DeLoach; Reef Fish Identification - Florida, Caribbean, Bahamas; 3a Edição, New World Publications, Inc.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Homenagem a Rodolfo Espínola

(Homenagem a Rodolfo Espínola.
Foto: Opovo - João Batista)
A história cearense perdeu no último dia 30 de outubro um dos seus maiores estudiosos da atualidade. O jornalista e escritor Rodolfo Espínola faleceu ao sofrer um ataque cardíaco enquanto dirigia na avenida Santos Dumont, próximo a Praia do Futuro onde morava.

Rodolfo era um dedicado estudioso da história marítima cearense. Além de uma série de reportagens para o jornal Opovo em 2000, publicou "Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil" em 2006 e em maio deste ano relançou a obra "Caravelas, Jangadas e Navios: Histórias do Ceará" um livro completo e muito interessante. 

Prestamos aqui nossa homenagem a um dos maiores pesquisadores da história do mar do Ceará. Tive o prazer de conhece-lo pouco antes de republicar seu último livro quando debatemos sobre fatos da Seguda Guerra Mundial. Rodolfo Espínola era uma pessoa carismática e divertida. O Ceará perdeu muito com sua morte, que descanse em paz.

Marcus D.


Fontes:

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vencedor do Concurso "Cultura e Mergulho no Mar do Ceará"

Ruver Bandeira autor da frase vencedora e Marcus Davis
Nosso amigo o Mergulhador Avançado Ruver Bandeira foi o autor da frase vencedora do concurso cultural lançado pelo Clube do Mar do Ceará em agosto de 2010! Ruver recebeu seu prêmio, o livro "Narcosis - histórias de mergulhador" e um Kit do Mar do Ceará, nesta última quarta-feira durante a palestra organizada pela AMAC.

‎"Mergulhar para mim, é estar num lugar em nosso planeta que é mais incomum do que qualquer outro - o menos conhecido e o mais misterioso. É um lugar semelhante ao espaço sideral, no qual as noções convencionais de tempo e distância se diluem. É um lugar mágico... ao qual o corpo humano, bem como seu espírito, precisa se adaptar... É o mar - a 'Imensidão Azul' ". Ruver Bandeira


terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Primeiro Naufrágio do Brasil

(O primeiro naufrágio europeu nas Américas teria acontecido nos arredores da Ilha do Frade em Fernando de Noronha. Imagem: Loreno Ritt - panoramio.com)

Nos primeiros anos após o descobrimento do Brasil várias expedições portuguesas, francesas e espanholas visitaram nosso litoral a fim de conhecer aquela terra e explorar suas riquezas. 

No dia 10 de junho de 1503, o italiano Américo Vespúcio partiu de Lisboa na companhia de Gonçalo Coelho sob bandeira portuguesa com destino às terras do Novo Mundo. Seis caravelas deixaram o porto e se dirigiram para Cabo Verde onde fizeram uma breve escala e depois seguiram para Serra Leoa, lá ficaram durante dois meses para escapar das calmarias do Atlântico. 

No dia 10 de agosto de 1503, menos de um mês após deixar a África, a expedição se deparou com uma ilha, "coisa de grande altura no meio do mar, verdadeira maravilha da natureza". A ilha foi batizada de São Lourenço mas entraria para historia como Fernando de Noronha.

Ao se aproximar da ilha o navio de Gonçalo Coelho se chocou contra um banco de recifes submersos e naufragou. Toda a tripulação se salvou e foi recolhida pelo navio de Vespúcio mas a caravela foi ao fundo. Vespúcio procurou um bom porto na ilha enquanto tentavam recuperar o que pudessem da embarcação naufragada.

Ficaram ancorados por uma semana e a ilha foi descrita como "cheia de aves marinhas e terrestres, inumeráveis e tão familiares que se deixavam apanhar à mão". Oito dias depois Vespúcio deixou Noronha para se encontrar com as outras embarcações que já estavam a caminho do Brasil.

Em 1987 as sociedades privadas Una Cultural e Águas Claras Produções Submarinas se associaram para iniciar as pesquisas subaquáticas em busca de vestígios da nau de Gonçalo Coelho. Em 1992 o presidente Fernando Collor se interessou pelo projeto e os pesquisadores obtiveram licença do IBAMA e IBPC para vasculharem o fundo do mar em busca dos vestígios do mais antigo naufrágio europeu ocorrido em território brasileiro. 
De acordo com as investigações de Werneck e Fonsceca o naufrágio teria acontecido nas cercanias do recife  chamados de Espigões, próximos a Ilha dos Sinos, atualmente conhecida como Ilha do Frade. Uma camada de 10m de calcário deve recobrir o que restou do navio. 


Fonte:
Bueno, Eduardo; Naufrágos, Traficantes e Degredados - as primeiras expedições ao Brasil, Editora Objetiva, 2006.