segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Naufrágio Macau: 48 anos no Fundo do Mar do Ceará


(Imagem Ilustrativa)


No litoral de Aracati encontra-se afundado um navio cargueiro chamado Macau. Segundo pescadores, o Macau vinha sendo rebocado quando incendiou-se e nos seus últimos momentos acima da linha d’água pegou uma onda por boreste que o virou.

O naufrágio está de cabeça pra baixo com o fundo do casco virado para a superfície. As características mais marcantes são o fundo chato, a proa elevada com cerca de 15 metros de altura, a existência de dois eixos de hélice e dois lemes. Nota-se uma barra de proteção no costado, na altura dos lemes. Era um navio de bom tamanho com pouco menos de 100 metros de comprimento. Pescadores lançaram grandes pedras ao longo da estrutura a fim de criarem rachaduras e “turbinarem” o ponto de pesca. Por boreste também observamos o seu mastro principal (ao lado) e diversas estruturas.

(Barra de proteçào do hélice. Imagem Ilustrativa)
Ao mergulhar no naufrágio podemos ter uma idéia de sua carga: sacas petrificadas (cimento?), rodas de metal com cerca de 50 cm de diâmetro, o-rings de borracha, etc.
Como de costume no MAR do CEARÁ a vida marinha é rica: cardumes de galos, parús, guarajubas e xilas, muitas lagostas, peixes recifais, arraias, tubarões lixa e muito mais.

(Arraia Manteiga. Naufrágio Macau, Aracati-CE)
O Macau era provavelmente um LST – Tank Landing Ship - da classe 511-1152 fabricado em 1943 em estaleiros norte-americanos para aprimorar o esforço de guerra alidado durante a Segunda Guerra Mundial. No início da década de 50 foi vendido para a Companhia de Navegação São Jorge e transformado em navio cargueiro. O Macau naufragou no dia 22 de dezembro de 1961 enquanto era rebocado para reparos.

(LST 511 transformado em cargueiro.Quebec, Canada)
Era um navio anfíbio de transporte e desembarque de veículos pesados criado durante a Segunda Guerra Mundial. Esta classe de navios anfíbios teve ainda importantes participações na Guerra da Coréia e Vietnam.

(LST - Tank Landing Ship - Transporte/desembarque de veículos pesados. Imagem Ilustrativa)

Fontes:
Naufrágios e Afundamentos na Costa Brasileira - Costa do Brasil 1503 a 1995; Ed. Instituto Historico e Geografico da Bahia. José Goes de Araujo

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Naufrágio milionário do século XVII é encontrado em Pernambuco


(Veleiro tipo "Fluyt")

Mergulhadores húngaros afirmaram ter encontrado os restos do Voetboog, um veleiro de três mastros holandês tipo “Fluyt” de 595 toneladas que em 1700 navegava para o seu porto de origem quando naufragou carregando seda, especiarias, chá, porcelana e nada menos que 180.000 moedas de ouro.
O Voetboog pertencia a VOC (sigla para Dutch East India Company em holandês), foi a maior companhia holandesa de comércio de sua época. Entre 1602 e 1795 possuiu mais de 100 navios mercantes e um mesmo número de embarcações menores. Atuou no Oriente onde chegou a ter mais de 250 portos e postos de apoio.

Em maio de 1700 o Voetboog navegava costeando o litoral de Pernambuco para afugentar-se de tempestades em mar aberto quando se chocou com arrecifes e naufragou levando consigo 109 tripulantes e toda sua carga.
No fim de novembro de 2009, mergulhadores húngaros membros da Octopus Association for Marine Archaeology liderados por Attila Szalóky afirmaram ter encontrado os restos do veleiro no fundo do mar de Pernambuco em novembro de 2008, mas só um ano depois divulgaram as descobertas. A notícia foi amplamente divulgada em jornais do mundo mas ganhou pouco destaque no Brasil.
Também existe a hipótese de tratar-se do galeão Santa Rosa, o nosso “Navio de Ouro” tupiniquim. Era um veleiro português também naufragado no litoral de Pernambuco com uma carga de ouro e prata estimada em 500 milhões de dólares. Os exploradores poderiam trocar a identidade dos naufrágios para mascarar o valor das descobertas.
Para nós, cidadãos brasileiros, resta cobrar das autoridades a fiscalização das atividades de tal empresa. Segundo fontes, a Expedição Octopus tem permissão apenas para localizar o naufrágio, mas não para realizar explorações nos destroços. A localização exata do naufrágio não foi e nem será divulgada em um futuro próximo e se um dia tivermos acesso ao local vamos visitar apenas os “restos” deixados pelos caçadores de tesouros.

(A única moeda retirada do sítio. Fonte: Octopus Association for Marine Archaeology)

(Canhão do Voetboog. Fonte: Octopus Association for Marine Archaeology)

(Âncora do Voetboog. Fonte: Octopus Association for Marine Archaeology)

Fontes

18 de Dezembro - Dia do Mergulhador



Atenção queridos amigos subaquáticos!

Nós também temos uma data!!

Hoje, dia 18 de dezembro, é comemorado o dia do mergulhador! Parabenizo a todos que se dedicam a este esporte/profissão e que fazem do mergulho um estilo de vida.

Nos dias atuais é importante lembrarmos o valor de tal atividade para a conscientização do público em geral sobre a importância da preservação dos nosso oceanos!

Desejo a todos bons mergulhos seguros e águas claras!

Abraços molhados!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Navio fabricado no Ceará é entregue a Marinha de Guerra do Brasil

(Navio Patrulha Macaé, fabricação Cearense)

O Industria Naval do Ceará entregou no último dia 09 de dezembro um navio que fará parte da frota da Marinha de Guerra Brasileira. O navio-patrulha Macaé foi um primeiro de uma série de seis, desses dois foram encomendados à Inace e outros quatro serão fabricados pelo Eisa, no Rio de Janeiro. O navio começou a ser construído há três anos e tem 54 metros de comprimento por oito de largura, sua velocidade máxima é de 21 nós. Entre os armamentos estão um canhão de 40 mm L70 e duas metralhadoras 20 mm GAM B-01.

A Armada abriu outra licitação do tipo carta-convite para fazer mais quatro navios, até 2012, também do tipo patrulha. A compra do navio-patrulha faz parte do Programa de Reaparelhamento da Marinha. De acordo com o comandante da Armada, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, a Marinha hoje tem 29 embarcações similares e a meta é adquirir outras 27, até 2030, seguindo as diretrizes da reestruturação. O navio será encaminhado ao Grupamento Naval do Sudeste, sediado no Rio de Janeiro e fará vigília das áreas destinadas à exploração de petróleo - inclusive do pré-sal. Ao todo, a frota da Marinha do Brasil tem 100 embarcações.

O projeto é baseado no aperfeiçoamento do navio françês Classe Vigilante 400CL54. O Macaé foi incorporado a armada no dia 09 de dezembro de 2009 em solenidade realizada no estaleiro.

O Macau é o segundo navio patrulha que está sendo fabricado pela Inace, tem previsão de entrega para maio próximo. De acordo ainda com a Armada, as embarcações, em média, custaram R$ 65 milhões. O perfil dos equipamentos é de patrulha naval e, ainda, socorro e salvamento. "O petróleo faz parte das nossas preocupações. Temos muitas riquezas, como o gás. E 95% do nosso comércio exterior é pelo mar".

Curiosamente Macau é o nome de um navio cargueiro afundado no litoral leste do Estado desde 22 de dezembro de 1961.


Fontes:

Foto:
Alex Costa

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fauna Marinha Cearense - Peixe-Frade

Nome Comum: Frade, Parú, Peixe-Frade, Parú-Preto

Nome Ciêntifico: Pomacanthus Paru

Família: Pomacanthidae

Distribuição Geográfica: É uma espécie costeira de águas rasas, vivendo em áreas coralinas e/ou rochosas. Ocorrem nas águas tropicais do Atlântico. No Brasil ocorrem em todo o litoral.

Descrição: Corpo bastante alto, ovalado e achatado. Dorsal e anal com os raios prolongados em longos filamentos. Na fase juvenil, possuem o corpo e a cabeça pretos com arcos irregulares amarelos. Na fase adulta tem coloração cinza-escura, apresentando cada escama um pequeno ponto preto e a borda amarelada em forma de meia-lua. Boca branca. Nadadeira e peitoral amarelo-brilhante.
São encontrados solitários, aos pares ou em pequenos grupos, nadando lentamente por entre as pedras do fundo. Alimentam-se de algas, esponjas e outros invertebrados.


Foto:
Marcus Davis (Frade no Naufrágio do Avião, Fortaleza, CE)


Fontes:


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O "Primeiro" Mergulho no Mar do Ceará - A intrepidez do Caboclo Cearense

(Trecho do Livro "Álbum de Fortaleza" de 1931)
Foi em Novembro de 1929 quando o navio "Higho"de nacionalidade desconhecida fundeou ao largo de Fortaleza trazendo consigo duas enormes caldeiras para a "Rede de Viação Cearense". Durante o desembarque as duas caldeiras soltaram-se dos guindastes e caíram no mar submergindo rapidamente a uma profundidade de 20 "braças" - aproximadamente 36 metros.
Pois foi então que o caboclo João Miguel, um catraiêiro* de muita coragem se dispôs a mergulhar e prender os cabos do guindate às caldeiras. Inicialmente visto com desconfiança João mergulhava durante o período de baixa da maré o que diminuia a profundidade e, utilizando somente o ar dos seus pulmões e um equipamento de mergulho rudimentar passava de 2,5 a 3 minutos submerso.

Após três dias de intensos trabalhos as caldeiras puderam ser içadas com êxito do fundo do oceano. O feito de João Miguel nos verdes mares cearenses foi tão admirável que ficou registrado em livros da época sobre história do Ceará.


(João Miguel, o mergulhador "catraiêiro")


*Catraiêiro. "Catraia" é como é chamada um tipo de jangada movida a remo utilizada para o embarque e desembarque de pessoas ou materiais. O catraieiro é quem rema a catraia.


Fonte:
Biblioteca Menezes Pimentel - Álbum de Fortaleza, 1931

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mergulhos em Fortaleza - Dezembro/2009


(Cabeço do Balanço, Fortaleza-CE. Foto: Marcus Davis)


Amigos!

Dezembro é mês de festa, o vento começa a abrandar e o mar acalma um pouquinho! Dizem até que tem um tal de 'Natal' aí também, mas a gente só quer saber de mergulhar! E para não ressecar as escamas dos meus amigos divulgarei aqui o calendário de saídas do "Clube de Mergulho do MARdoCEARÁ"!

A programação está feita e listada abaixo. Lembrando que aqueles que não são sócios também podem participar de todas as saídas!

Programação:
05/12 (sab) - Navio do Titanzinho
08/12 (ter) - Início do Curso Básico PADI
13/12 (dom) - Navio do Titanzinho
20/12 (dom) - Navio do Titanzinho
27/12 (dom) - Parque Marinho - Avião (apenas para mergulhadores avançados)

Esse mês teremos uma novidade! Devido a pedidos, organizamos um curso de mergulho básico, para iniciantes no mergulho! As aulas iniciarão dia 08/12 (terça-feira)! O curso envolverá treinamentos em piscina, mergulhos em lagoa, finalização do curso com mergulho no mar a 18m de profundidade, tudo de acordo com padrões internacionais de segurança! Interessados solicitar mais informaçoes por email!

Confirmem com antecedência! Vejo vocês lá!

Clube do Mar do Ceará (85) 8744-7226 / 9764-6553 / mardoceara@gmail.com)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Vídeos do MARdoCEARÁ

Uma pequena seleção de vídeos sobre mar, mergulhos e naufrágios no Ceará!
























Divirtam-se!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

III Encontro de Mergulho Autônomo de Fortaleza

Amigos Mergulhadores!

É com prazer que damos continuidade a serie de reuniões de mergulhadores autônomos de Fortaleza. Nos reuniremos no mesmo ponto de mergulho (no copo), o Tuchê Bar (Av. Santos Dumont, 4000), na quarta-feira, dia 25/11 às 20:00 horas.

A finalidade desses encontros é unir os mergulhadores cearenses para assim, mergulharmos mais e fincarmos as raízes de uma comunidade de mergulho ativa e unida em Fortaleza.

Para isto contamos com a presença de voces mergulhadores certificados, ou apenas interessados na prática de mergulho. Todos os insteressados em mergulho são bem vindos.

Abraços e até lá,

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nau Portuguesa encontrada na Baía de Guanabara, RJ


(Imagem Ilustrativa)


Uma equipe de mergulhadores encontrou perto da costa da cidade brasileira de Rio de Janeiro restos de uma nau portuguesa do século XVIII que possivelmente naufragou com uma carga avaliada em cerca de 670 milhões de euros, informou a imprensa local.
Os pesquisadores encontraram restos de madeiras que podem ter pertencido ao "Rainha dos Anjos", um barco que se afundou a 17 de Julho de 1722 frente à baía da Guanabara, na costa do Rio de Janeiro, escreve o jornal O Globo.
O navio carregava 56 canhões e viajava da China para Lisboa, em escala no Rio de Janeiro carregado com 136 preciosas peças de porcelana chinesa da era do imperador Kangxi (1662-1722), terceiro da dinastia Qing, das quais atualmente apenas está conservado um vaso no Museu Imperial da China.
"Os chineses eram conhecidos pelos cuidados com que embalavam a porcelana. É muito provável que encontremos peças inteiras", declarou o autor da descoberta ao jornal.
Muito embora os vestígios estejam pendentes de ser enviados a laboratórios dos Estados Unidos para confirmar a sua origem, o mergulhador José Galindo, autor da descoberta, já conta com várias empresas internacionais interessadas em patrocinar as investigações arqueológicas.
Pelas contas de Galindo, será preciso um investimento de 196 mil euros apenas para desenterrar parte da nau e mais 1.166 milhões de euros para a trazer à superfície.
Uma empresa britânica mostrou interesse em deslocar equipamento para a zona e participar nas investigações, enquanto que uma companhia norueguesa até já visitou o local.
O brasileiro José Galindo relata que fez a descoberta quando procurava uma hélice perdida por um rebocador no ano passado.
Imagina encontrar um desses por aqui!

Fontes:


sábado, 14 de novembro de 2009

Objeto Encontrado no Mar de Icapuí, CE

Na véspera do Natal de 2008, o pescador José Evaristo estava a 18 milhas da costa quando se deparou com um objeto flutando no mar com o formato semelhante ao de um avião, com aproximadamente 3 metros de envergadura. Evaristo amarrou o objeto a sua embarcação e o rebocou à praia da Barreira, no município de Icapuí a 202 quilômetros de Fortaleza.
Em terra, alertou as autoridades que a princípio nada fizeram. O evento gerou muitos comentários entre os pescadores e durante duas semanas a finalidade do obejto foi um mistério.

(Dispositivo de transporte de alvo aéreo, em frente a casa de José Evaristo)

O objeto
Segundo especialistas trata-se de um dispositivo de transporte de alvo aéreo modelo DT-25 fabricado pela EADS. Mas o estranho é que nenhuma unidade deste equipamento foi adiquirida pela FAB ou pela Marinha nem utilizada no exercício militar Cruzex IV realizado em novembro de 2008 - esta simulação de guerra aérea ocorreu nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco e envolveu 2,4 mil militares do Brasil, França, Venezuela, Chile e Uruguai.
O dispositivo poderia ter sido lançado a partir da Guiana Francesa ou por alguma embarcação francesa que tenha se aproximado da costa brasileira para treinamentos militar, para coleta de dados meteorológicos ou até para espionagem!

Fontes

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fauna Marinha Cearense - Tubarão-Lixa

Nome Comum: Tubarão-lixa, Tubarão-Cação, Lambaru

Nome Científico: Ginglymostoma cirratum

Família: Orectolobidae

Distribuição Geográfica:
Áreas tropicais e subtropicais da costa do Atlântico, do Pacífico e da África ocidental, embora eles tenham sido ocasionalmente observados em outros locais. Muito comum no mar das Caraíbas.

Descrição:
O tubarão-lixa é uma criatura noctívaga, que descansa durante o dia no fundo arenoso ou em grutas e sai à noite para se alimentar. Estranhamente, podem usar as suas fortes nadadeiras peitorais para se arrastar no fundo do mar ou nadar de forma tradicional.
Pode chegar até 4 metros de comprimento. Alimenta-se de peixes que habitam no fundo do mar, camarão, lula, polvo, caranguejo, lagosta e outros. Sua barbicha o auxilia na caça. Vive em águas mornas desde a superficie até uma profundidade de 60 metros esse animal habita o fundo do mar. São oviparos e nascem cerca de 30 filhotes por ninhada.
É um dos mais populares tubarões no mundo. Eles dormem empilhados uns em cima dos outros chegando a formar pilhas de até 30 tubarões. Com pequenos dentes, mas extremamente poderosos, esses tubarões mal sentem, o sabor de suas vitimas, por que eles simplesmente esmagam elas. Esse tubarão é um dos mais estudados devido a sua fácíl adaptação em cativeiro. O recorde de um tubarão-lixa vivendo em cativeiro foi de 25 anos o que possibilitou o estudo de todos os seus hábitos assim como a reprodução.

Foto:
Marcus Davis - (Naufrágio Macau - Aracati, CE)

Fontes:

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Submarino e o Jangadeiro - Um possível encontro

(Imagem Ilustrativa)

6 de julho de 1943. 5:00 horas da manhã.

O sol começa a lançar seus primeiros raios e Toinho, um pescador de rosto marcado prepara sua jangada para mais um dia no mar. Ele aproveita o vento terral, abre a vela e, passando pelas obras do Porto do Mucuripe, encara o mar aberto. É junho e o vento está brando, porém uma ameaça diferente assombra os pescadores: os temidos submarinos de Hitler.

Na praia, comentários entre os pescadores sobre afundamentos são constantes. A marinha os preparou, mostrando slides com imagens de submarinos e os instruindo a relatar qualquer encontro com essas embarcações.

Toinho sai sem medo. Uma vida inteira o ensinou a respeitar, mais do que temer, o mar do qual tira seu sustento. Hoje ele vai para um ponto de pesca chamado Pedra do Urubu, 30 graus ao norte de Fortaleza, um pesqueiro que sempre lhe rende bons sirigados e que anos depois viria a se chamar Pedra da Risca do Meio.

O vento brando faz com que a viagem seja mais lenta que o normal e por volta das 9 horas Toinho larga a ancora artesanal, feita com uma pedra grande envolta por madeiras. Logo que coloca a primeira isca na água os peixes começam a morder e após poucos minutos vem o primeiro. Pelo peso da linha e pelo modo como o peixe luta contra seu destino, ele já sabe o tamanho e a espécie da presa. E logo vem o segundo e o terceiro e isso prossegue por algumas horas.

Perto do meio-dia, com o sol a pino, os peixes pararam de morder e sumiram. O pescador se sente sozinho pela primeira vez no dia, pois o sumiço dos peixes é sinal que algo estranho está para acontecer. Momentos depois ele começa a escutar um zumbido distante! Com o olhar treinado, procura ao redor em busca de um navio, mas nada vê. Rapidamente puxa a linha da água e corre para puxar a ancora: seja lá o que for ele quer sair de lá o mais depressa possível! O barulho está ficando mais intenso enquanto puxa o cabo da ancora. De repente, um monstro azul-marinho enorme projeta-se para fora d’água a apenas poucos metros da pequena embarcação enquanto Toinho observa paralisado! Logo sua pequena jangada começa a balançar com as ondas provocadas pelo submarino!

O submarino emerge e prossegue indiferente ao pobre jangadeiro petrificado que não consegue fazer nada a não ser observar o monstro azul passar por ele. Nunca tinha visto um “barcão” como esse. Mesmo com sua jangada balançando como uma rolha, Toinho equilibra-se indiferente às ondas observando enquanto o submarino segue para noroeste, costeando o litoral cearense.

Quando retorna a si, o pescador volta a puxar a ancora, arma a vela com impressionante rapidez até mesmo para um jangadeiro e segue para a terra. Não consegue pensar em outra coisa, apenas naquele monstro azul com dois canhões e dois periscópios.

A viagem é lenta e Toinho chega à praia no começo da noite. Imediatamente, antes mesmo de levar seus peixes pra casa, se dirige até o posto da marinha e informa o acontecido. É levado para a base e interrogado minuciosamente durante a noite.

Aos primeiros raios de sol do dia seguinte, aviões norte-americanos sediados em Fortaleza decolam da Base Aérea e iniciam as buscas pelo submarino inimigo.

Apenas dois dias depois, no dia 9 de junho, pilotos norte-americanos avistam um submarino ao largo de Fortaleza. O inimigo mergulha evitando o confronto direto. Os pilotos instintivamente iniciam o ataque com cargas de profundidade e logo avistam uma mancha de óleo e alguns destroços na água. Tinham afundado um submarino a poucos quilômetros da costa do Ceará. No entanto, mais tarde no mesmo dia outro avião naval americano avista um periscópio a algumas dezenas de quilômetros da batalha inicial, mas, ao iniciar o ataque, o submarino mergulha a grande profundidade e se esquiva do combate.


A mancha de óleo e os destroços avistados após o primeiro combate faziam parte de uma medida defensiva alemã: após serem atacados os submarinos lançavam destroços pelos tubos de torpedos para enganar as patrulhas aliadas. O submarino não afundou neste combate.

O inimigo continuava lá, incógnito sob as águas, à espera de um navio mercante, fácil de afundar e extremamente necessário para o esforço de guerra aliado. Enquanto Toinho foi pescar no dia seguinte, satisfeito por ter participado de alguma maneira daquela guerra que seria lembrada pra sempre.

Crônica fictícia baseada em fatos reais.

Fontes:

Diversos pescadores já afirmaram a existência de um submarino afundado entre as praias da Taíba e Pécem, a oeste de Fortaleza. No entanto a história nunca foi confirmada in loco ou em registros oficiais.


Subsídios para a História Marítima Brasileira, vol. XII; Ministério da Marinha – Serviço de Documentação Geral da Marinha; Imprensa Naval, Rio de Janeiro, 1953. Pág. 197. Trechos do livro:

- No dia 6 [de julho de 1943] um pescador às 12h, avistou um submarino na superfície, o qual quase abalroou uma embarcação; estava a 30`N de Fortaleza. O submarino tinha 2 canhões, 2 periscópios e estava pintado de azul.

- No dia 9 [de julho de 1943] foi afundado submarino por um avião naval americano na posição 03˚ 22` S - 48˚ 28` W [Ao plotar essas coordenadas em carta náutica obtemos um ponto quilômetros terra adentro. No entanto, alterando apenas o primeiro número da longitude obtemos um outro ponto no mar, poucos graus ao norte de Fortaleza o que corrobora a história do pescador e na qual foi baseada esta crônica]. Às 8h 20m, do mesmo dia, foi avistado periscópio por avião naval americano, na posição 03˚ 00` S - 48˚ 44` W [Ao plotar essas coordenadas em carta náutica obtemos ponto quilômetros terra adentro. No entanto, alterando apenas o primeiro número da longitude obtemos um ponto no mar poucos graus ao norte de Fortaleza]. Não foi atacado por ter mergulhado à grande profundidade.

(Coordenadas plotadas com as devidas correções)

Imagens:
Google Earth
Marcus Davis - Texto e Foto

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Passeio ao Mara Hope - Um pouco da história do petroleiro


Mara Hope, 1985 - 2006


Com todos a bordo, partimos as 15:00 horas do Porto das Jangadas, na Av. Beiramar para mais um “Passeio de Trimarã ao Mara Hope” – trimarã é um tipo de barco com três cascos o que o torna, conseqüentemente, mais estável. Levantamos a ancora e velejamos pela Enseada do Mucuripe, passando pelo Porto e pela Praia Mansa. Em seguida avistamos o naufrágio Amazonas, na entrada da enseada. Seguimos então para nosso destino, o Naufrágio Mara Hope.
O Mara Hope era um petroleiro que em 1983 em um porto do Texas, nos EUA, pegou fogo e queimou durante três dias. O incêndio foi tão intenso que as pessoas que moravam nas imediações do porto foram evacuadas. O que restou do navio foi vendido para uma empresa de sucata na África do Sul.
Em 1985 o Mara Hope foi então levado pelo navio rebocador Sucess II que ao largo de Fortaleza teve problemas nas máquinas e ancorou no estaleiro da INACE para reparos. Sua carga – petroleiro – foi fundeada no Porto do Mucuripe.

Uma noite, durante uma forte tempestade o Mara Hope soltou-se de suas amarras e derivou por dois quilômetros vindo a encalhar justamente em frente ao estaleiro onde estava seu rebocador. O banco de areia no qual o navio encalhou era muito extenso e o navio estava profundamente atolado. Após várias tentativas inúteis de movê-lo foi constata da perda do navio.
Depois de confirmada sua perda, o navio ficou anos sob a ação de vândalos até que foi iniciada uma operação de desmonte. Suas peças e metais foram vendidos como sucata. Foi removida toda a estrutura da popa à meia-nau. Hoje em dia, fora da água, resta menos da metade do que foi o navio. No fundo do mar ainda existe boa parte dos motores, o hélice e leme. O mergulho é difícil, mas pode ser bem interessante com uma boa visibilidade.

Voltando a passeio. Ancoramos o trimarã ao lado do Mara. Bóias de apoio são amarradas entre o trimarã e a escada que dá acesso ao convés do navio. Os aventureiros que preencheram o termo de conhecimento de risco se preparam para conhecer um lugar onde poucos estiveram!

Ao chegar à escada uma surpresa: são 8 a 10 metros de subida por uma escada de ferro amarrada por cabos de aço ao convés. A subida é difícil. Chegando ao convés a vista é gratificante. São passadas instruções de segurança sobre a permanência no Mara Hope e instruções para o salto: apenas os mais destemidos enfrentam o desafio de saltar do navio!

Os que não desejam enfrentar o salto descem novamente pela escada e são conduzidos ao barco pela equipe de segurança. Mas aqueles que escolhem saltar... aceitam os riscos!
E começa a seção de saltos, tudo registrado por um fotógrafo. A emoção de saltar dessa altura é intensa. Alguns levam um bom tempo pra criar coragem, outros não se acham preparados e desistem, mas os que pulam não se arrependem!

Sem incidentes voltamos a bordo para observarmos o pôr-do-sol visto do mar com cores fantásticas. As fotos são apresentadas ainda a bordo e escolhidas por aqueles que desejarem adquirir-las. Navegamos próximo a orla e chegamos de volta ao Porto das Jangadas as 18:00.








Mais Informações: 


Fontes:
  • BrasilMergulho - http://www.brasilmergulho.com.br
  • Biblioteca Menezes Pimentel - Jornal O Povo
  • Biblioteca Menezes Pimentel - Jornal Diário do Nordeste
  • Entrevista com Sub Ten Gonçalves do Corpo de Bombeiros do Ceará
  • Texto e Fotos: Marcus Davis - marcusdab@gmail.com

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Encontro de Mergulho em Fortaleza

Nesta ultima quarta-feira, 21, aconteceu no Tuchê Bar o II Encontro de Mergulho Autônomo de Fortaleza! Contamos com a presença de vários mergulhadores. Muito bate papo de mergulho em que combinamos a primeira saída do "Clube", o destino escolhido foi o Avião e em breve publicarei mais informações sobre essa saída VIP! Também discutimos assuntos da atualidade da cena de mergulho em Fortaleza!


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Objeto Não Identificado - Balsa 'Livine'


Foto: Marcus Davis - 19/09/2009

Há aproximadamente dois meses afundou uma balsa da petrobrás na altura da Ponte dos Ingleses, na Praia de Iracema. A balsa derivou e, agora totalmente submersa, foi identificada pelo pescador submarino Régis Freitas. "Trata-se de uma balsa de aproximadamente 20 metros de comprimento, e chama-se 'Livine'" afirma.
Régis contou que num dia pela manhã notando a ausência dos rebocadores que vigiavam o sinsitro, nadou até a a balsa com seu equipamento básico para inspeciona-la. Identificou o nome da embarcação marcado com letras em alto relevo.