terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mar do Ceará apóia Circuito Surf Pesca



Neste fim de semana aconteceu na Praia da Taíba a 9a edição do Circuito Surf Pesca organizado pelos alunos do Curso de Engenharia de Pesca da UFC. O Clube do Mar do Ceará que não poderia ficar de fora, apoiou este evento com a premiação de um kit de mergulho básico para o vencedor.



sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Emergências no Mergulho: como proceder?

Imagem Ilustrativa. Foto: Marcus Davis

Todas as atividades praticadas em condições extremas apresentam algum risco. No  mergulho autônomo não é diferente, emergências poderão surgir, a questão é se voce vai estar preparado ou não. Desenvolver seus conhecimentos e praticar (mergulhar muuuuuito!) trarão mais segurança evitando o risco de estresse e aumentando sua capacidade de reação quando enfrentar um problema. Ter algum tipo de treinamento em primeiros socorros é fundamental e um curso de Mergulhador de Resgate PADI também pode ser uma boa opção. Estar bem equipado também faz a diferença assim como estar bem preparado fisicamente.

Mas quando o problema surgir um bom Plano de Emergência previamente formulado pode aumentar as chances do mergulhador acidentado de recuperar-se sem seqüelas. 

Veja abaixo que passos seguir no caso de enfrentar uma emergência de mergulho (doença descompressiva, híperexpansão pulmonar, etc).


- Em primeiro lugar mantenha-se informado sobre como proceder e tenha práticas de mergulho seguro. Visite o site da DAN Brasil (http://www.danbrasil.com.br) e fique a par dos procedimentos e equipamentos de emergência.

- Por telefone: Ligar para 0800-684-9111 (Hot-line DAN) e solicitar atendente que fale português OU ligar para os EUA no número 00-XX-1-919-684-9111 (Hot-line da DAN EUA) e solicitar atendente que fale português.

- Por rádio: Colocar no canal 16, pedir ligação para 0800-684-9111 (Hot-line DAN Brasil) quando atendido solicite atendente que fale português OU solicite ligação a cobrar para os EUA no número 1-919-684-9111 (Hot Line da DAN EUA) e solicitar atendente que fale português.

- Anotar e passar os dados do mergulho e do mergulhador (com o máximo de detalhes possível) e solicitar informações sobre como proceder.

- Se o mergulhador estiver consciente mantê-lo deitado de costas. Se estiver inconsciente colocar o mergulhador na posição de recuperação.

- O mergulhador acidentado deve respirar Oxigênio puro (100%) todo o tempo.

- Em suspeita de doença descompressiva o acidentado pode ingerir líquidos não-alcoólicos.

- O acidentado deve ser encaminhado para o hospital mais próximo para ser estabilizado. Se o mesmo tiver seguro da DAN, a mesma deve ser contatada (se ainda não tiver sido) para cobrir a remoção e o tratamento em Câmara Hiperbárica, bem como orientar o tratamento do acidentado. Para isso deve ser passado o perfil do mergulho. Se o acidentado não possuir seguro, ainda sim se deve pôr o médico do hospital em contato por telefone com a DAN Brasil.

- Se necessitar de ajuda para remover o paciente ligue para o 193 (Corpo de Bombeiros) ou 190 (Centro Integrado de Operações de Segurança - CIOPS).

- Evacuação aeromédica somente em baixa altitude (máximo 1000 pés).

- Se ainda não tiver feito, entre em contato com a Câmara Hiperbárica mais próxima (no endereço) e informe que está com um mergulhador acidentado e passe os dados do mergulho e do mergulhador abaixo:

Clínica São Bento
Rua Paula Ney, No170, Aldeota.
(85) 32240892 / (85) 32683562

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sucata de barco está à espera da Justiça para ser retirada

O barco está encalhado há cerca de 10 anos, segundo o Movimento Amigos da Beira Mar (FOTO: GEORGIA SANTIAGO
)
O barco está encalhado há cerca de 10 anos, segundo o Movimento Amigos da Beira Mar (FOTO: GEORGIA SANTIAGO )

Indiferente aos golpes das ondas e ao olhar de quem passa, ele jaz no começo da avenida Beira Mar, em frente ao Hotel Esplanada. Apesar de quieto, o barco encalhado no local há cerca de dez anos – ou o que sobrou dele – incomoda visitantes e moradores, que pedem sua remoção imediata. 

Quem puxa o movimento é Tadashi Enomoto, coordenador do movimento Amigos da Beira Mar. Segundo ele, há pelo menos dez anos a retirada da embarcação é aguardada pelos moradores. “Está atrapalhando demais. Todo mundo reclama disso”, cita. Ele diz que a presença do barco é tão incompreensível como um carro velho abandonado num estacionamento de shopping. “Estamos numa praia que é das mais bonitas do Nordeste e tem uma sucata jogada no meio do mar”, indigna-se.

Para ele, o principal problema do barco enferrujado é visual. “É horrível. Estão fazendo toda a parte urbanística, com cerâmica nova, e está lá o monstrengo”, aponta Tadashi, que promete acionar o Ministério Público Federal em busca de respostas sobre a responsabilidade de retirada do barco. Outro problema, continua ele, é o potencial perigo para banhistas, porque, em períodos de maré baixa, forma-se uma pequena praia no local do encalhe.

A doméstica Vanda Alves, 39, endossa as críticas de Tadashi. Para ela, o barco já deveria ter sido retirado da área, porque, segundo ela, o local serve de abrigo para pessoas usarem drogas e até para encontros amorosos. “Se fosse pelo menos algo de novidade, mas não, vai fazer 12 anos que eu trabalho por aqui e ele continua aí”.

Autorização
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional II, a retirada da embarcação encalhada, que recebe a denominação de Alimar VII, depende apenas de autorização da 13ª Vara Cível para a quebra em vários pedaços. 

Segundo a prefeitura, a Justiça autorizou a retirada do equipamento e sua armazenagem em um depósito da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), mas ainda não deu resposta a ofício enviado no dia 15 de abril deste ano pedindo autorização para a quebra.

De acordo com a assessoria de imprensa do Fórum Clóvis Beviláquia, o barco é objeto de penhora de uma dívida da empresa Alimar Pesca e Exportação ao Banco do Estado de São Paulo. A assessoria confirma o recebimento do ofício do pedido de fragmentação para retirada e completa que o processo está na mesa da juíza para análise, sem prazo específico para a decisão.

Onde

ENTENDA A NOTÍCIA
A Beira Mar de Fortaleza é o principal cartão postal da cidade. O barco está encalhado em frente ao Hotel Esplanada. Moradores da área, reclamam do perigo que a embarcação pode causar a banhistas

SAIBA MAIS
Para o instrutor de mergulho Marcus Davis, existem duas hipóteses para o barco enferrujado ter parado lá.

A primeira é ele ter encalhado enquanto estava sendo rebocado. A segunda hipótese é ele ter sido levado pela maré enquanto estava sendo desmontado para ser vendido como sucata.

Ainda segundo ele, por conta do estado de conservação, não há mais condições de levar o barco para alto-mar e naufragá-lo, o que ajudaria para torna-lo abrigo para peixes. “O único caminho é retirar dali”, avalia o instrutor.

A embarcação, chamada de Alimar VII,é objeto de penhora de uma dívida da empresa Alimar Pesca e Exportação ao Banco do Estado de São Paulo. Não se sabe ao certo como ela foi parar no local, em plena Beira Mar de Fortaleza, próximo ao Hotel Esplanada.
Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Avião da Enseada do Mucuripe

Corpo do Tenente Renato Ayres sendo desembarcando no Iate Clube
O dia era 22 de outubro de 1967 e milhares de pessoas lotavam a faixa de areia do Iate Clube até a Praia de Iracema para assistir ao show aéreo prometido para aquele dia como parte das comemorações da semana da asa. Dez aeronaves participavam do evento e até um alvo incendiário foi montado dentro da Enseada do Mucuripe para demonstrações de tiro.

Uma dessas aeronaves era o caça não municiado TF-33 da Força Aérea Brasileira sob comando do 1o Tenente Renato Ayres que havia sido incumbido da missão de fazer manobras acrobáticas durante a apresentação. O Ten. Ayres tinha apenas 25 anos de idade mas possuía mais de 2 mil horas de vôo em seu currículo. Ele deveria fazer manobras diversas de modo a "permitir ao público máxima visibilidade das evoluções de seu aparelho".

1o Tenente Renato Arzuaga 
Ayres da Silva 
Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Algo deu errado logo após o meio-dia quando o TF-33 se aproximava a baixa altitude em trajetória paralela a linha da praia para uma manobra ousada em que giraria algumas vezes em torno do seu próprio eixo, chamada de "toneaux". A aeronave chocou-se com violência contra os verdes-mares do Mucuripe. O impacto causou uma explosão imediata chocando a população que assistia perplexa. 

O corpo do piloto foi retirado do mar cerca de 30 minutos após o acidente por "homens-rãs" (como eram chamados os mergulhadores) da Marinha e do Corpo de Bombeiros. No entanto, o impacto da explosão foi tão grande que a aeronave se estraçalhou. Nos dias posteriores membros do piloto foram encontrados em praias da capital.

O momento foi capturado pelo experiente
fotógrafo Esdras Guimarães.
Segundo o Coronel-Aviador Edivio Caldas Sanctus que na época era o comandante da Base Aérea de Fortaleza, "o acidente ocorreu quando o avião realizava a segunda virada do dorso, ocasião em que ocorreu uma perda de altitude que os pilotos chamam de 'colherada'. A dois mil metros com o bico do aparelho levantado a manobra não oferece risco. Entretanto o Ten. Ayres realizou a acrobacia a baixa altitude a fim de permitir ao público sua plena visibilidade e o aparelho não teve como compensar a perda de altitude, chocando-se com a água e explodindo imediatamente".
TF-33

O Coronel Sanctus também se queixou da tecnologia obsoleta dos aviões da FAB. Segundo ele, os TF-33 já eram aeronaves obsoletas que se tornavam a principal escolha da FAB devido a seu custo-benefício. 

Uma breve história de família: meu pai que na época tinha pouco mais de 13 anos, havia combinado com meu avô alguns dias antes de assistir as demonstrações da Semana da Asa. No entanto, no dia do evento meu pai por motivo fútil se desentendeu com meu avô e de birra não foi assistir a apresentação das aeronaves. Resultado: deixou de presenciar um dos "maiores" acontecimentos da cidade na época!


Reprodução total ou parcial apenas com autorização. Obrigado!


Pesquisa e Texto:
Marcus Davis


Fontes:
Tribuna do Ceará
Correio do Ceará
Opovo

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Naufrágio da Santa Edwiges

Mergulhadore sobre os destroços do "Naufrágio da Santa Ewirges"
Os verdes mares cearenses já foram temas para diversos escritores e poetas. No entanto a tonalidade marrom-esverdeada que muitas vezes se mantém próxima à costa do Ceará é característica de pouca visibilidade enquanto submersos. Para nossa sorte em alguns períodos do ano águas mais claras chegam a nosso litoral revelando mistérios a muitos anos escondidos.

No fim do século XIX e início do século XX a área onde foi construído o hotel Marina Park e o local onde hoje funciona a Indústria Naval do Ceará - INACE era conhecida como Poço da Draga. Fortaleza ainda não possuia instalações portuárias adequadas e este local funcionava como ancoradouro natural. Muitas embarcações de diversos tamanhos terminaram seus dias ali, incógnitas. 

E foi num desses naufrágios que uma equipe do Mar do Ceará mergulhou, uma embarcação a muito tempo esquecida que é trazida de volta para nossos livros de história. São estruturas de aço localizadas em frente a estátua da Santa Edwiges, ao lado do hotel. A dica veio de pescadores que há muito tempo conhecem bem o local e nos informaram da existência de "uns ferros" naquela área.

Mergulhadore entre as "pás" do hélice
A área dos destroços se estende por cerca de 30m de comprimento. A proa está voltada para praia em um ângulo aproximado de 60 graus para boreste. O tamanho do hélice parcialmente enterrado coincide com as estimativas de comprimento. A embarcação está completamente destruída mas algumas estruturas ainda puderam ser observadas apesar da precária visibilidade: cabeços de amarração que sempre são deixados pra trás e são uma boa forma de se orientar em um naufrágio, estruturas do leme, quilhas e cavernames. 

O único motivo do hélice não ter sido levado por saqueadores é que ele não foi feito de metais nobres ou seja, sem valor comercial. Parte do seu eixo também foi identificada, mas nada dos seus motores. As chapas que constituíam o casco parecem ter sido soldadas e não pregadas com rebites, o que nos dar uma pista quanto a sua idade.

Lancetas nos destroços do naufrágio
Existe uma grande possibilidade de tratar-se o pequeno vapor Rio Formoso, pertencente a Companhia Pernambucana de Navegação e que encalhou em uma praia nos arredores do "Porto do Ceará" em 1913.  

A vida marinha é tímida, pequenas lagostinhas, lancetas e outros pequenos peixes recifáis. 

É importante lembrarmos que todas as embarcações naufragadas guardam uma pequena parte do quebra cabeças da nossa história marítima e devem ser preservadas.

Ficha Técnica
Nome: Naufrágio da Santa Edwiges (nome real desconhecido)
Localização: Em frente a estátua da Santa Edwirgens, na Av. Leste-Oeste.
Data: desconhecida
Tamanho: aproximadamente 30m de comprimento
Estruturas localizadas: hélice, leme, quilha, cavernames cabeços de amarração da popa.
Profundidade: 1m - 4m
Visibilidade: 0m - 2m




Texto e fotos
Marcus Davis A Braga

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vistando Antigos Pontos de Mergulho: Serra Pelada e Mara Hope

Mergulhadores na Serra Pelada, Fortaleza, CE

Neste mês de outubro os ventos deram uma trégua e a água limpa encostou na praia! Mergulhadores do Mar do Ceará aproveitaram para fazer o reconhecimento de antigos pontos de mergulho e avaliar sua operacionalidade.


Em uma equipe de 8 mergulhadores partimos em direção a Serra Pelada. Este ponto se localiza na metade do caminho entre o Parque Estadual Marinho e o Porto do Mucuripe. São os restos de um antigo conteiner depositado ali na década de 80 e algumas ferragens que ganharam esse nome pela quantidade de vida marinha que nele existia. Antigos mergulhadores relatam uma quantidade considerável de meros, um peixe pré-histórico cuja espécie se encontra em extinção.
Encontramos alguns metais e apenas a armação do conteiner, pois suas "paredes" a muito se desmancharam. Apesar de poucos atrativos uma boa quantidade de vida marinha estava presente no local a uma profundidade de 22m. Fizemos um drift (mergulho seguindo a correnteza) a procura de outras estruturas mas nada mais foi localizado.

Seguimos para o local onde estão sendo criados novos pontos de mergulho mas a água não aparentava boa visibilidade. Esses pontos serão ideais durante a temporada de mergulho que vai de março a julho. Alteramos a rota e nos aproximamos ainda mais da costa para um mergulho no naufrágio Mara Hope.

No Mara constatamos visibilidade de até 4m entre suas ferragens e pouca vida marinha: apenas alguns batatas, ciliares e lancetas, uma lagosta tímida tentava não ser notada em sua loca. O mergulho neste naufrágio deve ser feito com cuidado pela quantidade de chapas soltas que rangem com a força das marés.

À quem interessar segue a marca da Serra Pelada 03 37,888 S / 038 27,150 W.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aventura em Alto Mar - Contexto Esportivo

Matéria publicada no blog Contexto Esportivo em 06 de novembro de 2010.

por André Pinheiro (Zizou)

Navio encalhado há 25 anos é utilizado como ponto de apoio ao turismo ecológico na orla marítima de Fortaleza


Visitar a cidade de Fortaleza sem conhecer o litoral da capital Cearense é um “pecado”. Milhares de turistas locais e não locais visitam diariamente um dos cartões postais mais importantes do estado: a Avenida Beira mar. Do Mucuripe à Ponte metálica muitas atrações turísticas como comida regional, artesanato local e show de humor são oferecidas aos turistas, porém nada que associe nossa cultura com a beleza natural de nosso litoral e sua fauna marinha. Para quem pensa em visitar a orla marítima de Fortaleza, em especial a praia de Iracema e não vê atrações que estejam diretamente ligadas à natureza é porque ainda não foi informado dos passeios de barco ao Mara Hope, um petroleiro que encalhou há 25 anos em um barranco de areia próximo ao estaleiro na praia de Iracema.

Foi pensando em divulgar o mar do ceará e a história do Mara Hope, que o Instrutor de mergulho, Marcus Davis, teve a idéia de juntar a beleza natural da orla marítima de fortaleza com a curiosidade que as pessoas tinham sobre aquele “monstro de ferro” que há 25 anos está no mesmo local. “As pessoas sempre me questionaram sobre o Mara Hope, muitos sequer sabiam que era um navio”, Disse Marcus. Em Agosto de 2009, Marcus tira do papel o projeto de realizar passeios de barco ao navio encalhado e junto com uma equipe de profissionais, inicia os passeios ao Mara hope.

Os passeios ao Mara hope são realizados em média 2 vezes ao mês e são divulgados através do site da própria empresa, www.mardoceara.com.br e através de outra mídias sociais como Orkut e Tweeter. Os interessados fazem a reserva através do telefone do “Mar do Ceará” e chegam com meia hora de antecedência do embarque ao local marcado, que fica localizado no calçadão da beira mar em frente à escola de Wind surf nº 4320. O passeio dura em média 3 horas, sendo 45 minutos até chegar ao Mara Hope onde a embarcação é ancorada por mais ou menos 1 hora e 15 minutos e o retorno leva em média 1 hora até o ponto de onde a embarcação saiu.

SAM_0587Uma pequena jangada leva o visitante a fazer o embarque no “Trimarã” (uma embarcação de 3 cascos) que leva o turista ao Mara Hope. A embarcação é tripulada por 1 comandante e 2 marinheiros, além da equipe do “Mar do Ceará”, liderada por Marcus Davis. O Trimarã está totalmente equipado com equipamentos de segurança; bóias; caiaques; radio; GPS; motor e vela, proporcionando assim, total segurança aos visitantes. Dentro da embarcação, o visitante pode ainda comprar cerveja, refrigerante e água mineral, lembrando que só é permitido tomar cerveja durante a volta do passeio por questões de segurança. Ao embarcar, os visitantes são conscientizados de como proceder durante o passeio através de um briefing (uma lista de orientações), passadas pelo coordenador do passeio, Marcus. “É muito importante passar essas informações aos visitantes, pois servirá para o bem estar deles durante o passeio” Afirma Marcus. Além do briefing, existe um termo de responsabilidade que é disponibilizado àquelas pessoas que desejam subir ao convés do navio encalhado, já que apesar do local estar marcado com tinta branca avisando dos pontos perigosos, ainda assim há riscos pelos quais a organização do passeio não pode se responsabilizar.
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Feito o briefing e recolhido os termos de responsabilidade, a embarcação segue em direção ao Mara hope. Durante o percurso, a beleza da cidade vista do mar é exuberante e quando golfinhos aparecem para completar a bela paisagem é como se Picasso cumprimentasse Portinari. Aos marinheiros de primeira viajem o início do passeio parece não agradar muito, pois com o balanço do barco logo ficam enjoados, contudo, a equipe conta com a presença da socorrista Karla Prudente, que acompanha durante todo o passeio aqueles que passam mal, os auxiliando com medicamento contra náuseas além de instruções para o bem estar dos mesmos.

SAM_0599No decorrer do passeio, a equipe do “Mar do Ceará”, vai explanando aos visitantes questões como a fauna marinha do litoral Fortalezense, bem como a importância de se preservar o local, dando dicas de como evitar a degradação do ecossistema marinho, através de um trabalho realizado junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (SEMAM).

A aventura ecológica parece chegar ao seu ápice quando o Trimarã vai se aproximando do Mara Hope. Ao ver de perto aquele “monstro de ferro” já deteriorado pela ferrugem, logo começam as indagações a respeito de sua história. O coordenador do passeio, Marcus Davis, além de mergulhador profissional é também um historiador de naufrágios e está extremamente gabaritado para fornecer aos visitantes informações, bem como respostas satisfatórias pertinentes ao Mara Hope. “Estar em contato com o Mara já é emocionante e quando se conhece um pouco mais da história dele, o passeio se torna mais interessante.” Comenta Marcus.
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Lançar âncora! A ordem do comandante é a alegria dos que estão a bordo da embarcação. Todos recebem coletes salva-vidas e buscam da melhor maneira que lhes apraz desfrutar do ambiente natural no qual está inserido o navio encalhado. Alguns poucos contidos resolvem apreciar a paisagem sem sair do Trimarã. Outros se satisfazem com um mergulho raso no mar. Já para a maioria, o interessante mesmo é subir nos caiaques ou até mesmo nadando, irem conferir de perto o “gigante de ferro”. Esses de espírito mais aventureiro chegam a subir ao convés do navio e são contemplados com uma vista inigualável. “Já tinha visto o pôr do sol de Fortaleza na ponte metálica, mas do convés do Mara Hope, a visão e a sensação são indescritíveis.” Disse o turista do Rio Grande do Sul, Mário Hoffmann, 30. Outros ainda mais aventureiros, não só sobem ao convés como também arriscam um salto de aproximadamente 10 metros de altura. Eles sobem por uma escada na lateral do navio com bastante cuidado, pois apesar dela estar sempre sob reparos é sempre bom estar atento para não escorregar e provocar algum acidente mais de maior gravidade. No mais, tomando todas as precauções necessárias é só aproveitar cada momento que o passeio lhe proporcionar. “Curtir as belezas naturais dessa cidade já é muito prazeroso e quando você junta esse prazer com a adrenalina de saltar do convés do Mara, a aventura fica completa.” Explanou o Mineiro de Belo Horizonte, Carlos Saldanha, 27.
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É, mas infelizmente momentos como esse não duram para sempre e como diz o ditado popular: “Tudo o que é bom, dura pouco.” Assim, um misto de sentimentos como euforia e saudosismo transparece nas faces dos aventureiros que após 2 horas de aventura, vêem o passeio chegando ao seu final. “É algo que estará registrado pra sempre em minha retina.” Falou emocionada e com os olhos marejados a estudante paulista Érica Quagliato, 19.

SAM_0602Levantar âncora; todos a bordo; hora de partir, são frases que não agradam a nenhum dos que fazem parte do passeio, mas ainda não é o fim. Isso mesmo, quando o passeio parece chegar ao final e não ter mais atrações, a volta é agraciada pela exuberância do crepúsculo proporcionado pelo inconfundível pôr do sol de Fortaleza que parece não querer ir embora como um namorado apaixonado que não quer partir sem sua amada.

Quase uma hora depois de deixar o Mara Hope a embarcação retorna, trazendo consigo pessoas que certamente levarão pra sempre em suas memórias esses momentos de contato com a natureza que fazem com que o ser humano reavalie suas condutas e pensamentos, procurando sempre zelar por aquilo que ainda lhes proporciona qualidade de vida e bem estar: o meio ambiente.

Segundo Marcus, o turismo ecológico na orla marítima de Fortaleza vem passando por um processo de revitalização e conscientização da preservação do local. Ele relata que as visitas ao Mara Hope vêem contribuindo para esse processo e que quanto maior o número de pessoas que façam essa releitura da praia de Iracema, melhor será para o nosso ecossistema marinho. “O turismo ecológico é uma forma estratégica para preservarmos o meio ambiente” Concluiu.

Um breve histórico do navio Mara Hope:
Em 1985 o petroleiro Mara Hope que após pegar fogo e incendiar durante 3 dias em um porto do Texas nos E.U.A e ser vendido como sucata para uma empresa na África do Sul, estava sendo rebocado quando seu rebocador teve problemas nas máquinas e parou na indústria naval do ceará (INACE) em 8 de março de 1985 , para reparos. Já o petroleiro foi fundeado no Porto do Mucuripe, quando em na noite do dia 21 de março de 1985, durante forte tempestade, o Mara Hope soltou-se de suas amarras e derivou dois quilômetros encalhando em frente ao estaleiro onde estava seu rebocador. O banco de areia no qual o navio encalhou era muito extenso e o navio estava profundamente atolado. Após várias tentativas inúteis de movê-lo foi constatada a perda do navio.


Fontes: Internet e Marcus Davis (Coordenador do “Mar do Ceará”).

Prestação de serviço:
O passeio ao Mara Hope é organizado pelo Clube do mar do Ceará e custa R$30,00 por pessoa, onde o visitante terá direito a 3 horas de passeio e toda segurança e conforto que a embarcação Trimarã lhe proporciona, além dos passeios de caiaque próximo ao navio encalhado e a subida ao convés. A bordo, são vendidos refrigerantes, água mineral e cerveja.

Mais Informações:
Telefones: (85) 8744-7226 / 9764-6553 

sábado, 13 de novembro de 2010

Fauna Marinha Cearense - Moréia-Verde

Nome Comum: Moréia Verde, Caramuru

Nome Cientifico: Gymnothorax funebris

Família: Muraenidae

Distribuição Geográfica:
Ocorrem em todo o Atlântico ocidental do Brasil ao Estados Unidos e o no Pacifico Orienta ao longo da América do Sul. Vive em áreas rochosas, recifes de coral ou manguezais e podem ser encontradas até 50m de profundidade sendo comum nos até os 30m. São conhecidas por habitar um mesmo recife por muitos anos.

Descrição:
Medem em média 1,8m mas podem chegar a 2,5m e pesar até 29kg. Alimenta-se principalmente a noite de peixes e crustáceos. Ao longo da vida sua coloração muda e passa do preto nos juvenis, ao verde escuro amarelado nos adultos. Possui corpo musculoso com uma nadadeira dorsal que se estende por todo o corpo e termina em uma nadadeira caudal curta. Possui dentes afiados que liberam toxinas, podem atacar sem ser provocada. Deve ser observada com cautela pelos mergulhadores.


Fontes:
Humann, DeLoach; Reef Fish Identification - Florida, Caribbean, Bahamas; 3a Edição, New World Publications, Inc.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Homenagem a Rodolfo Espínola

(Homenagem a Rodolfo Espínola.
Foto: Opovo - João Batista)
A história cearense perdeu no último dia 30 de outubro um dos seus maiores estudiosos da atualidade. O jornalista e escritor Rodolfo Espínola faleceu ao sofrer um ataque cardíaco enquanto dirigia na avenida Santos Dumont, próximo a Praia do Futuro onde morava.

Rodolfo era um dedicado estudioso da história marítima cearense. Além de uma série de reportagens para o jornal Opovo em 2000, publicou "Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil" em 2006 e em maio deste ano relançou a obra "Caravelas, Jangadas e Navios: Histórias do Ceará" um livro completo e muito interessante. 

Prestamos aqui nossa homenagem a um dos maiores pesquisadores da história do mar do Ceará. Tive o prazer de conhece-lo pouco antes de republicar seu último livro quando debatemos sobre fatos da Seguda Guerra Mundial. Rodolfo Espínola era uma pessoa carismática e divertida. O Ceará perdeu muito com sua morte, que descanse em paz.

Marcus D.


Fontes:

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vencedor do Concurso "Cultura e Mergulho no Mar do Ceará"

Ruver Bandeira autor da frase vencedora e Marcus Davis
Nosso amigo o Mergulhador Avançado Ruver Bandeira foi o autor da frase vencedora do concurso cultural lançado pelo Clube do Mar do Ceará em agosto de 2010! Ruver recebeu seu prêmio, o livro "Narcosis - histórias de mergulhador" e um Kit do Mar do Ceará, nesta última quarta-feira durante a palestra organizada pela AMAC.

‎"Mergulhar para mim, é estar num lugar em nosso planeta que é mais incomum do que qualquer outro - o menos conhecido e o mais misterioso. É um lugar semelhante ao espaço sideral, no qual as noções convencionais de tempo e distância se diluem. É um lugar mágico... ao qual o corpo humano, bem como seu espírito, precisa se adaptar... É o mar - a 'Imensidão Azul' ". Ruver Bandeira


terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Primeiro Naufrágio do Brasil

(O primeiro naufrágio europeu nas Américas teria acontecido nos arredores da Ilha do Frade em Fernando de Noronha. Imagem: Loreno Ritt - panoramio.com)

Nos primeiros anos após o descobrimento do Brasil várias expedições portuguesas, francesas e espanholas visitaram nosso litoral a fim de conhecer aquela terra e explorar suas riquezas. 

No dia 10 de junho de 1503, o italiano Américo Vespúcio partiu de Lisboa na companhia de Gonçalo Coelho sob bandeira portuguesa com destino às terras do Novo Mundo. Seis caravelas deixaram o porto e se dirigiram para Cabo Verde onde fizeram uma breve escala e depois seguiram para Serra Leoa, lá ficaram durante dois meses para escapar das calmarias do Atlântico. 

No dia 10 de agosto de 1503, menos de um mês após deixar a África, a expedição se deparou com uma ilha, "coisa de grande altura no meio do mar, verdadeira maravilha da natureza". A ilha foi batizada de São Lourenço mas entraria para historia como Fernando de Noronha.

Ao se aproximar da ilha o navio de Gonçalo Coelho se chocou contra um banco de recifes submersos e naufragou. Toda a tripulação se salvou e foi recolhida pelo navio de Vespúcio mas a caravela foi ao fundo. Vespúcio procurou um bom porto na ilha enquanto tentavam recuperar o que pudessem da embarcação naufragada.

Ficaram ancorados por uma semana e a ilha foi descrita como "cheia de aves marinhas e terrestres, inumeráveis e tão familiares que se deixavam apanhar à mão". Oito dias depois Vespúcio deixou Noronha para se encontrar com as outras embarcações que já estavam a caminho do Brasil.

Em 1987 as sociedades privadas Una Cultural e Águas Claras Produções Submarinas se associaram para iniciar as pesquisas subaquáticas em busca de vestígios da nau de Gonçalo Coelho. Em 1992 o presidente Fernando Collor se interessou pelo projeto e os pesquisadores obtiveram licença do IBAMA e IBPC para vasculharem o fundo do mar em busca dos vestígios do mais antigo naufrágio europeu ocorrido em território brasileiro. 
De acordo com as investigações de Werneck e Fonsceca o naufrágio teria acontecido nas cercanias do recife  chamados de Espigões, próximos a Ilha dos Sinos, atualmente conhecida como Ilha do Frade. Uma camada de 10m de calcário deve recobrir o que restou do navio. 


Fonte:
Bueno, Eduardo; Naufrágos, Traficantes e Degredados - as primeiras expedições ao Brasil, Editora Objetiva, 2006.

sábado, 30 de outubro de 2010

A Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático brasileiro – uma breve avaliação

(Imagem Ilustrativa. Fonte Live Information News)



Daniel M. Gusmão

No último dia 7 de outubro, o jornal O Globo noticiou na sua coluna Ciência/Cultura que o governo da Espanha, por meio de sua Marinha de Guerra, juntamente com o Ministério da Cultura estavam empreendendo um grande trabalho de salvamento do patrimônio cultural subaquático.

Por meio da Campanha de Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático a Marinha espanhola, com dois navios de guerra e uma lancha hidrográfica, juntamente com seus mergulhadores e arqueólogos subaquáticos do Centro de Arqueologia Subaquática (CAS) pretendem localizar, identificar e quando possível, resgatar naufrágios existentes na plataforma continental do Golfo de Cádiz até uma profundidade de 200 metros. Num segundo momento este trabalho se estenderá a toda costa espanhola.

Esta empreitada da armada espanhola faz parte de um grande projeto denominado Plano Nacional para a Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático (PNPPAS), aprovado em 20NOV2007 pelo governo espanhol. Este plano prever que sejam adotadas medidas efetivas para a salvaguarda, conservação e difusão do patrimônio espanhol subaquático, no intuito de evitar que as atividades de exploração não afetem diretamente este patrimônio e velar para que as atividades subaquáticas legalmente autorizadas não incidam negativamente em sua conservação.

Cabe destacar, que o governo espanhol desde 06JUN2005 tornou-se um dos países signatários da convenção da UNESCO sobre a Proteção ao Patrimônio Cultural Subaquático aprovada em 02NOV2001. Ratificada por mais de trinta países como Espanha, Portugal, México, dentre outros ela ainda apresenta algumas divergências diante do conceito de “patrimônio da humanidade”, sendo que nações como o Brasil, Inglaterra, Holanda, Alemanha, etc; que mantêm políticas voltadas para o proteção do patrimônio cultural subaquático não ratificaram a presente convenção.

A convenção estabelece como regra básica, a proibição da exploração comercial do patrimônio arqueológico subaquático e regula normas relativas às atividades voltadas para a proteção deste acervo tornando-os patrimônios da humanidade.

A Espanha despertou para a proteção do seu patrimônio cultural subaquático somente depois de ter o seu mar territorial invadido pela empresa de explorações submarinas Odyssey Explorer, sediada na Flórida (EUA). Em 2007, esta empresa localizou e explorou a embarcação de guerra Nuestra Señora de las Mercedes, que naufragou em 1804, atacada por navios ingleses no Estreito de Gilbraltar e dela retirou mais de 500.000 moedas e diversos objetos, desde então o governo espanhol vem travando uma batalha judicial para obter a posse desse seu patrimônio histórico e arqueológico.

Apesar de não ser signatário da convenção da UNESCO, o Brasil vem engatinhando na adoção de medidas para a proteção de seu patrimônio arqueológico subaquático.

No início da década de 80, notícias de saque em naufrágios da costa do nordeste brasileiro mobilizaram um navio de guerra, o Navio de Socorro Submarino Gastão Moutinho, mergulhadores da Marinha do Brasil (MB) e especialistas do então Serviço de Documentação-Geral da Marinha para trabalhos de salvamento dos referidos naufrágios.

A partir deste trabalho de salvamento, o Museu Naval e Oceanográfico inaugurou, em 10DEZ1993, a exposição Arqueologia Subaquática no Brasil, primeira exposição museológica do gênero no País. 
Mesmo sem realizar um projeto arqueológico subaquático dentro dos parâmetros acadêmicos vigentes atualmente, este trabalho de salvamento da Marinha propiciou uma reflexão sobre a atividade arqueológica no Brasil. 

Até meados da década de 80, não havia no País norma especifica que regulamentasse as atividades de arqueologia subaquática. O que havia até então dispunha apenas sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos cabendo ao então Ministério de Educação e Cultura, por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a gerência destas atividades no País.

Foi somente em 1986, que se sancionou lei que dispunha sobre a pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em terreno de marinha e seus acrescidos e em terreno de marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar . A referida lei propunha que a coordenação, controle e fiscalização das atividades subaquáticas passaram a ser de competência do então Ministério da Marinha.

A partir desta lei, iniciava-se uma forma sistemática de proteger o patrimônio cultural subaquático, que ganhou força três após a sua vigência com uma portaria interministerial, aprovando normas comuns, no intuito de 

“(...) estabelecer procedimentos visando à padronização de ações adotadas pelos Ministérios da Marinha e da Cultura quanto à pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens de valor artístico, de interesse histórico ou arqueológico afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em terrenos de marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar ”.

Até então, a proteção do patrimônio cultural subaquático brasileiro estava gerido por um conjunto de regras que o protegiam, pois as citadas normas proibiam a sua comercialização; porém, de acordo com o Livro Amarelo (...) irônica e lamentavelmente, em 27 de dezembro de 2000 (entre as festas de Natal e Ano Novo) foi sancionada a Lei Federal nº 10.166, que alterou significativamente os procedimentos da Lei nº 7.542 .

A lei em vigor, a partir de 2000, propiciou concessão para a realização de operações e atividades de pesquisa, exploração, remoção ou demolição a pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras, e também a possibilidade do pagamento de recompensa a terceiros que venham a explorar patrimônio arqueológico subaquático nacional.

Estas mudanças apresentaram um retrocesso pela salvaguarda e proteção do patrimônio cultural. Porém, a partir de 2006, com a iniciativa da Deputada Nice Lobão, encontra-se tramitando no Senado Federal, Projeto de Lei da Câmara nº 45, de 2008, dispondo sobre o patrimônio cultural subaquático brasileiro e revogando os artigos da Lei nº 10.166/2000, que tratam do pagamento de recompensa sobre o referido patrimônio.

Nestes últimos quatros anos, diversos fatores ocorreram que influenciou de maneira positiva ou negativa a atividade arqueológica subaquática no Brasil. 

Em 2007, um dos maiores grupos de pesquisa e explorações subaquáticas do mundo, a empresa húngara Octupus (www.deepresearch.hu), obteve autorização da Marinha do Brasil para localizar uma embarcação holandesa naufragada na costa do Estado do Pernambuco.

Foi a primeira vez, que se concedeu autorização a um grupo estrangeiro para realizar pesquisas arqueológicas subaquáticas em águas jurisdicionais brasileiras.

Nos últimos anos, grupos vêm realizando trabalhos de pesquisa e exploração de naufrágios na costa brasileira. Cabe destacar que estes trabalhos são autorizados pela MB e devem ser acompanhados/fiscalizados, em conjunto pela MB e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 

Um exemplo de trabalho que vem sendo bem efetuado e acompanhado pelos órgãos competentes é a atividade de conservação e estudos de um naufrágio localizado na Praia dos Ingleses, na Ilha de Santa Catarina pela Organização Não-Governamental Projeto de Arqueologia Subaquática (ONG PAS) - http://www.ongpas.com/.

Cabe ressaltar, que o domínio das técnicas de atividades aplicadas ao mergulho tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos, propiciando desta forma uma maior permanência do homem no meio subaquático. Desta forma, o patrimônio cultural que permaneceu guardado durante séculos tende-se a ser deteriorado em pouco tempo devido à ação do homem se não for devidamente pesquisa, estudado e conservado.

Exemplo desta ação indevida, fora noticiada recentemente quando da retirada de embarcações e objetos do leito do Rio Paraná por terceiros sem autorização da Autoridade Marítima.

A importância deste segmento para a preservação do patrimônio arqueológico nacional, redundou na criação do Centro Nacional de Arqueologia (CNA), órgão do Ministério da Cultura que se voltará especificamente para as atividades de preservação e proteção do patrimônio arqueológico nacional.
Destarte, cada vez mais os países desenvolvidos estão lançando maciças campanhas de proteção ao patrimônio cultural subaquático notadamente contra a exploração indevida por grandes grupos de caça-tesouros, a exemplo do que a Espanha vem realizando a favor do seu patrimônio. 

Ações como a do governo espanhol, inibirão as atividades de tais grupos, fazendo com que eles se voltem para países, como o nosso, que mantém uma tímida política de proteção ao seu patrimônio, que poderá ser contornada com a aprovação do projeto de lei que tramita no congresso e uma ação mais efetiva do governo brasileiro, assim como fez o governo da Espanha, por meio da utilização dos seus navios de guerra.