Com o planeta possuindo grandes mares, não é de se espantar que esse ambiente natural possua uma grande diversidade animal. Basta mergulhar para poder desfrutar de toda essa riqueza natural. São cores, formatos, tamanhos; variações que fascinam até o mais experiente mergulhador. Na costa cearense não é diferente!
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Diversidade de peixes ósseos no Parque Estadual Marinho da Pedra da Rica do Meio no Ceará! |
Não seria espanto falar que os peixes dominam e ocupam muito bem os mares e oceanos do nosso planeta. E são nesses mares onde os animais possuem diferentes modificações corporais para melhor obter alimentos, fugir de predação, conseguir parceiros para reprodução. Mas, muitas vezes, não temos muita noção de quais animais são representantes desses "peixes".
Peixes: quem são?
Didaticamente, o grande grupo dos peixes é dividido em Peixes Cartilaginosos, que são aqueles que não possuem processos de ossificação característico, e os Peixes Ósseos, os que possuem esqueleto ósseo com minerais associados à esses ossos. O Peixes Ósseos correspondem ao padrão de peixe que temos, aqueles animais marinhos ou dulcícolas, possuindo toda aquela estrutura de espinha rígida, variam muito em forma, tamanhos, cores.
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Quimera. |
Já os Peixes Cartilaginosos, que correspondem aos Tubarões, as Raias e as Quimeras, são animais que possuem uma estrutura corporal sustentada por cartilagem, um tecido pouco rígido, mas bastante flexível.
As Quimeras são exclusivamente marinhos de grande profundidades, com cauda em forma de chicote, nadadeira dorsal com espinhos característico e 3 pares de aberturas laterais, que correspondem à fendas branquiais, para respiração.
Os Tubarões são animais com corpo geralmente fusiforme, marinhos, carnívoros, com nadadeiras peitorais pares e separadas da cabeça e com 5 a 7 pares de fendas branquiais.
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Tubarão com 5 fendas branquiais vistas á direita da nadadeira peitoral. |
As Raias possuem essas fendas branquiais ventrais em 5 pares, nadadeiras peitorais grandes e unidas aos lagos da cabeça e corpo achatado.
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Mergulhador em contato com raia. 5 pares de fendas branquiais ventrais bem evidentes. |
As Quimeras, por apresentar hábito mais profundo, torna sua visualização em mergulho recreativo difícil, sendo bem mais comum observar os Tubarões e as Raias.
Tubarões e Raias: são tão iguais assim? Sim, mas possuem algumas diferenças.
Os Tubarões e as Raias são geralmente chamados de Elasmobrânquios, ou seja, são bem próximos quanto a suas características corporais e genéticas.
O que difere tubarões de raias é claramente o formato de seus corpos. Os tubarões possuem um corpo, como dito, fusiformes, bem característico deles, que corresponde aquele formato parecido com um torpedo; enquanto que as raias são 'achatadas dorso-ventralmente', ou seja, são mais planas. Quanto ao seu formato, tubarões são claramente nadadores e seu formato acaba por melhorar seus cortes na água; já as raias, geralmente ficam enterradas, tendo seu corpo achatado como vantagem.
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Corpo achatado da Raia. |
Essa diferença de comportamentos foi permitida devido a diversas modificações que ocorreram ao longo do processo evolutivo desses animais. É comum falar que as raias são tubarões achatados! Isso porque houve toda uma movimentação corporal para que esse achatamento favorecesse essa nova atuação das raias.
Tubarões possuem fendas branquiais laterais, enquanto raias possuem essas mesmas fendas branquiais ventrais. Além disso os tubarões possuem um par de nadadeira peitoral visivelmente separada da cabeça, enquanto que nas raias essa diferenciação é dificultada, pois há uma fusão entre essas partes corporais.
Ainda mais, tubarões se locomovem por movimentação de sua nadadeira caudal, já as raias usam as nadadeiras peitorais como 'asas', 'voando' pelas águas. A boca deles possuem localizações diferente: a de tubarões é frontal, a de raias é ventral. Entre outras características que diferenciam Tubarões de Raias.
Certo! Agora, temos como diferenciar machos e fêmeas?
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Cláspers presentes no tubarão
macho à esquerda. |
A reprodução dos peixes cartilaginosos é feita por fecundação interna, ou seja, o macho introduz seus gametas na fêmea. Produzem normalmente poucos filhotes e, sim, tem como diferenciar machos e fêmeas.
Os machos possuem uma adaptação nas nadadeiras pélvicas chamada de Clásper, que são adaptados para introdução de gametas na cloaca da fêmea. Ou seja, só há presença dessa modificação em machos. Normalmente é de fácil visualização em machos adultos, na região da barriga, ventral, deles.
E sua ecologia e conservação?
Tubarões são tratados como vilões assassinos brutais dos mares. Raias são as vilãs por matarem usando o 'ferrão' da cauda. Bem, sabemos que não é bem assim! (E essa ideia deve ser riscada mesmo!)
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"Encantadora de tubarões": mergulhadora em contato com tubarão. |
Muito do que tememos nesses animais são consequências da indústria cinematográfica com seus grandes filmes mostrando somente o comportamento selvagem e brutal de alguns indivíduos, de algumas espécies. Mas há uma grande diversidade desses organismos, inclusive para mergulhos recreativos em grandes aquários mundo a fora.
Para quem mergulha com frequência, se deparar com raias e tubarões não é algo tão desesperador. Isso pelo fato de saber que basta não se comportar com movimentos bruscos, não tentar tocar indiscriminadamente nesses animas. São raros os acidentes envolvendo mergulhadores bem treinados e responsáveis e esses animais, ou seja, eles não são vilões!
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Modelo realizando ensaio fotográfico
em meio à tubarões. |
Mas essa ideia de monstros assombrosos ameaça muitas espécies animais, e com os tubarões a raias não é diferente. Mas já foi dito aqui no blog do Mar do Ceará que
não devemos ter medo dos tubarões, ainda mais por saber que os principais registros de visualizações de tubarão no litoral cearense corresponde ao
Tubarão-Lixa, que apresenta raros ou nenhum registro de agressividade; sendo inclusive objeto de muitos estudos por apresentar facilidade com a vida em cativeiro para estudos.
Lembrando que ataques, quando ocorrem, são decorrentes de aumento do estresse animal causado por perturbações em seus ambientes naturais.
Agora, sabendo que Tubarões e Raias são tão parecidos, mesmo como suas diferenças; sabendo como identificar e diferenciar machos de fêmeas, e sabendo que eles não são vilões, quando será seu próximo mergulho?
Referências:
Livro: POUGH, F. Harvey; A vida dos vertebrados. 4. ed. - São Paulo : Atheneu Editora, 2008.
Fotos:
http://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2016/04/peixes.jpg;
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http://mundo-marinho.mundoentrepatas.com/imagenes/os-tubaroes.jpg?phpMyAdmin=PfqG0iessiXP%2C5Zcan9pxZp0nv2;
http://noticiasdatv.uol.com.br/media/_versions/mega_shark_space_free_big.jpg;
http://tucuna.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/09/tumblr_l307eraEEs1qzou5ko1_1280.jpg;
https://thefisheriesblog.files.wordpress.com/2014/07/female-shark-and-male-shark-with-claspers2.jpg;
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