sábado, 30 de outubro de 2010

A Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático brasileiro – uma breve avaliação

(Imagem Ilustrativa. Fonte Live Information News)



Daniel M. Gusmão

No último dia 7 de outubro, o jornal O Globo noticiou na sua coluna Ciência/Cultura que o governo da Espanha, por meio de sua Marinha de Guerra, juntamente com o Ministério da Cultura estavam empreendendo um grande trabalho de salvamento do patrimônio cultural subaquático.

Por meio da Campanha de Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático a Marinha espanhola, com dois navios de guerra e uma lancha hidrográfica, juntamente com seus mergulhadores e arqueólogos subaquáticos do Centro de Arqueologia Subaquática (CAS) pretendem localizar, identificar e quando possível, resgatar naufrágios existentes na plataforma continental do Golfo de Cádiz até uma profundidade de 200 metros. Num segundo momento este trabalho se estenderá a toda costa espanhola.

Esta empreitada da armada espanhola faz parte de um grande projeto denominado Plano Nacional para a Proteção do Patrimônio Arqueológico Subaquático (PNPPAS), aprovado em 20NOV2007 pelo governo espanhol. Este plano prever que sejam adotadas medidas efetivas para a salvaguarda, conservação e difusão do patrimônio espanhol subaquático, no intuito de evitar que as atividades de exploração não afetem diretamente este patrimônio e velar para que as atividades subaquáticas legalmente autorizadas não incidam negativamente em sua conservação.

Cabe destacar, que o governo espanhol desde 06JUN2005 tornou-se um dos países signatários da convenção da UNESCO sobre a Proteção ao Patrimônio Cultural Subaquático aprovada em 02NOV2001. Ratificada por mais de trinta países como Espanha, Portugal, México, dentre outros ela ainda apresenta algumas divergências diante do conceito de “patrimônio da humanidade”, sendo que nações como o Brasil, Inglaterra, Holanda, Alemanha, etc; que mantêm políticas voltadas para o proteção do patrimônio cultural subaquático não ratificaram a presente convenção.

A convenção estabelece como regra básica, a proibição da exploração comercial do patrimônio arqueológico subaquático e regula normas relativas às atividades voltadas para a proteção deste acervo tornando-os patrimônios da humanidade.

A Espanha despertou para a proteção do seu patrimônio cultural subaquático somente depois de ter o seu mar territorial invadido pela empresa de explorações submarinas Odyssey Explorer, sediada na Flórida (EUA). Em 2007, esta empresa localizou e explorou a embarcação de guerra Nuestra Señora de las Mercedes, que naufragou em 1804, atacada por navios ingleses no Estreito de Gilbraltar e dela retirou mais de 500.000 moedas e diversos objetos, desde então o governo espanhol vem travando uma batalha judicial para obter a posse desse seu patrimônio histórico e arqueológico.

Apesar de não ser signatário da convenção da UNESCO, o Brasil vem engatinhando na adoção de medidas para a proteção de seu patrimônio arqueológico subaquático.

No início da década de 80, notícias de saque em naufrágios da costa do nordeste brasileiro mobilizaram um navio de guerra, o Navio de Socorro Submarino Gastão Moutinho, mergulhadores da Marinha do Brasil (MB) e especialistas do então Serviço de Documentação-Geral da Marinha para trabalhos de salvamento dos referidos naufrágios.

A partir deste trabalho de salvamento, o Museu Naval e Oceanográfico inaugurou, em 10DEZ1993, a exposição Arqueologia Subaquática no Brasil, primeira exposição museológica do gênero no País. 
Mesmo sem realizar um projeto arqueológico subaquático dentro dos parâmetros acadêmicos vigentes atualmente, este trabalho de salvamento da Marinha propiciou uma reflexão sobre a atividade arqueológica no Brasil. 

Até meados da década de 80, não havia no País norma especifica que regulamentasse as atividades de arqueologia subaquática. O que havia até então dispunha apenas sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos cabendo ao então Ministério de Educação e Cultura, por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a gerência destas atividades no País.

Foi somente em 1986, que se sancionou lei que dispunha sobre a pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em terreno de marinha e seus acrescidos e em terreno de marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar . A referida lei propunha que a coordenação, controle e fiscalização das atividades subaquáticas passaram a ser de competência do então Ministério da Marinha.

A partir desta lei, iniciava-se uma forma sistemática de proteger o patrimônio cultural subaquático, que ganhou força três após a sua vigência com uma portaria interministerial, aprovando normas comuns, no intuito de 

“(...) estabelecer procedimentos visando à padronização de ações adotadas pelos Ministérios da Marinha e da Cultura quanto à pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens de valor artístico, de interesse histórico ou arqueológico afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em terrenos de marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar ”.

Até então, a proteção do patrimônio cultural subaquático brasileiro estava gerido por um conjunto de regras que o protegiam, pois as citadas normas proibiam a sua comercialização; porém, de acordo com o Livro Amarelo (...) irônica e lamentavelmente, em 27 de dezembro de 2000 (entre as festas de Natal e Ano Novo) foi sancionada a Lei Federal nº 10.166, que alterou significativamente os procedimentos da Lei nº 7.542 .

A lei em vigor, a partir de 2000, propiciou concessão para a realização de operações e atividades de pesquisa, exploração, remoção ou demolição a pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras, e também a possibilidade do pagamento de recompensa a terceiros que venham a explorar patrimônio arqueológico subaquático nacional.

Estas mudanças apresentaram um retrocesso pela salvaguarda e proteção do patrimônio cultural. Porém, a partir de 2006, com a iniciativa da Deputada Nice Lobão, encontra-se tramitando no Senado Federal, Projeto de Lei da Câmara nº 45, de 2008, dispondo sobre o patrimônio cultural subaquático brasileiro e revogando os artigos da Lei nº 10.166/2000, que tratam do pagamento de recompensa sobre o referido patrimônio.

Nestes últimos quatros anos, diversos fatores ocorreram que influenciou de maneira positiva ou negativa a atividade arqueológica subaquática no Brasil. 

Em 2007, um dos maiores grupos de pesquisa e explorações subaquáticas do mundo, a empresa húngara Octupus (www.deepresearch.hu), obteve autorização da Marinha do Brasil para localizar uma embarcação holandesa naufragada na costa do Estado do Pernambuco.

Foi a primeira vez, que se concedeu autorização a um grupo estrangeiro para realizar pesquisas arqueológicas subaquáticas em águas jurisdicionais brasileiras.

Nos últimos anos, grupos vêm realizando trabalhos de pesquisa e exploração de naufrágios na costa brasileira. Cabe destacar que estes trabalhos são autorizados pela MB e devem ser acompanhados/fiscalizados, em conjunto pela MB e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 

Um exemplo de trabalho que vem sendo bem efetuado e acompanhado pelos órgãos competentes é a atividade de conservação e estudos de um naufrágio localizado na Praia dos Ingleses, na Ilha de Santa Catarina pela Organização Não-Governamental Projeto de Arqueologia Subaquática (ONG PAS) - http://www.ongpas.com/.

Cabe ressaltar, que o domínio das técnicas de atividades aplicadas ao mergulho tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos, propiciando desta forma uma maior permanência do homem no meio subaquático. Desta forma, o patrimônio cultural que permaneceu guardado durante séculos tende-se a ser deteriorado em pouco tempo devido à ação do homem se não for devidamente pesquisa, estudado e conservado.

Exemplo desta ação indevida, fora noticiada recentemente quando da retirada de embarcações e objetos do leito do Rio Paraná por terceiros sem autorização da Autoridade Marítima.

A importância deste segmento para a preservação do patrimônio arqueológico nacional, redundou na criação do Centro Nacional de Arqueologia (CNA), órgão do Ministério da Cultura que se voltará especificamente para as atividades de preservação e proteção do patrimônio arqueológico nacional.
Destarte, cada vez mais os países desenvolvidos estão lançando maciças campanhas de proteção ao patrimônio cultural subaquático notadamente contra a exploração indevida por grandes grupos de caça-tesouros, a exemplo do que a Espanha vem realizando a favor do seu patrimônio. 

Ações como a do governo espanhol, inibirão as atividades de tais grupos, fazendo com que eles se voltem para países, como o nosso, que mantém uma tímida política de proteção ao seu patrimônio, que poderá ser contornada com a aprovação do projeto de lei que tramita no congresso e uma ação mais efetiva do governo brasileiro, assim como fez o governo da Espanha, por meio da utilização dos seus navios de guerra.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Certificadoras de Mergulho

Na hora de escolher seu curso de mergulho surge a dúvida: o que são as certificadoras de mergulho? qual devo seguir?

As certificadoras de mergulho são instituições que se propõem a desenvolver métodos e técnicas de ensino de mergulho. Todas tem o mesmo propósito: difundir a prática de mergulho mergulho mundo a fora, mas elas se diferem na filosofia e metodologia. Existem as mais técnicas, mais teóricas, mais "militarizadas" e as mais comerciais. Se voce escolher o curso da certificadora X, seu instrutor deve ser filiado a ela, os materiais didáticos e sua carteirinha de mergulho serão produzidos pela mesma. Isto significa que voce aprendeu a mergulhar segundo a certificadora X.

Procure seguir uma certificadora que padronize os seus cursos de mergulho. Quando voce escolhe uma certificadora que é centrada no instrutor (que o deixam decidir o que ensinar ou não) se ele não for um bom profissional voce terá um treinamento deficiente. Mas quando voce escolhe uma instituição que padroniza seus cursos de mergulho (voce faria o mesmo curso aqui ou na Indonésia) voce não corre tanto esse risco.

Algumas possuem materiais didáticos excelentes e programas de cursos completos. Lembre-se que é um esporte de risco e que estamos falando de sua vida então escolha com cuidado onde fará seu curso de mergulho e qual certificadora seguir.

No Brasil as mais comuns são a PADI (a maior, possui cerca de 70% do mercado de merglho recreativo), PDIC (vem perdendo força no mercado nacional, mas possui excelentes profisionais e materiais didáticos), CMAS (instituição francesa fundada por Jacques Cousteau, mas no Brasil vem perdendo espaço), NAUI (certificadora que treina os astronautas da nasa nos exercícios em piscina)... Essas são apenas algumas, veja a lista abaixo:

  • ACUC - American and Canadian Underwater Certifications
  • ADC - Association of Diving Contractors UK
  • AED - Associated European Divers
  • AIDA - Association International pour le Developpement de l’Apnee (International Association for the Development of Apnea)
  • ANDI - American Nitrox Divers International
  • ANIS – Associazione Nazionale Istruttori Subacquei
  • ANMP - National (France) Association of Diving Instructors
  • APDI - Association of Swiss Professional Diving Instructors
  • ATEC - Association of Technical and Recreational Scuba Diving Instructors AG
  • AUF - Australian Underwater Federation
  • AUSI - Association of Underwater Scuba Instructors
  • BSAC International - British Sub Aqua Club International Schools
  • CADC - Canadian Association of Diving Contractors
  • CDAA - Cave Diving Association of Australia
  • CDG - Cave Diving Group (Great Britain)
  • CEDIP - European Committee of Professional Diving Instructors
  • CFT - Irish Underwater Council
  • CMAS - Confederation Mondiale des Activites Subaquatiques
  • DI - Diving Index
  • DIR – Doing It Right
  • DIVERS SUPPLY - Worldwide Diving Equipment Supplier
  • DIWA - Diving Instructor World Association
  • DMT Training Group - Education partnership for commercial & recreational instructors
  • DRI - Dive Rescue International
  • DSAT(PADI) TecRec - Diving Science and Technology Corporation
  • EELS - The Eels on Wheels Adaptive Scuba Program (Handicapped Scuba Association HSA)
  • EÖBV - Erster Österreichischer Berufstauchlehrer Verband
  • ERDI - Emergency Response Diving International
  • ETDO - European Technical Dive Organization
  • FEDAS – Federación Española de Actividades Subacuáticas
  • FFESSM - Fédération Française d'Etudes et de Sports Sous-Marins
  • FIAS - Federazione Italiana Attivita Subacquee
  • FPAS - Federação Portuguesa de Actividades Subaquãticas
  • GUE - Global Underwater Explorers
  • HDS – Historical Diving Society
  • HRS – Hrvatski Ronilacki Savez
  • HSA - Handicaped Scuba Association
  • IAHD – International Association for Handicapped Divers
  • IANTD - International Association of Nitrox and Technical Divers
  • IART - International Association of Rebreather Trainers
  • IDA – International Diving Association
  • IDD – Instructor Dive Development
  • IDEA - International Diving Educators Association
  • IDF – Israeli Diving Federation
  • ITDA - International Technical Diving Assosiation
  • JDI - Just Dive It
  • KDP PTTK - Komisja Działalności Podwodnej Polskiego Towarzystwa Turystyczno-Krajoznawczego
  • LOK - Liga Obrony Kraju Komisja Działalności Podwodnej
  • NACD - National Association for Cave Diving
  • NAPD – National Academy of Police Diving US
  • NASDS - National Association of Scuba Diving Schools
  • NASE – Naional Association of Scuba Educators US
  • NAUI - National Association of Underwater Instructors
  • NDF – Norges Dykkeforbund
  • NEDU – U.S. Navy Experimental Diving Unit
  • NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration
  • NSS/CDS - National Speleological Society / Cave Diving Section
  • PADI - Professional Association of Diving Instructors
  • PDA - Professional Diving Association
  • PDIC - Professional Diving Instructors Corporation International
  • PSAI - Professional Scuba Association International
  • PZPS - Polski Związek Płetwonurkowania Sportowego
  • SAA - The Sub-Aqua Association
  • SDI - Scuba Diving International
  • SNSS - Scuola Nazionale di Speleologia Subacquea
  • SSAC - The Scottish Sub Aqua Club
  • SSDF – Swedish Sport Diving Federation
  • SSI - Scuba Schools International
  • SUF - Singapore Underwater Federation
  • TDI - Technical Diving International
  • UDIP - Ukranian Society of Professional Diving Instructors
  • UEF - Underwater Explorers' Federation
  • UTD - Unified Team Diving
  • VDST - Verband Deutscher Sporttaucher
  • VDTL - Verband Deutscher Tauchlehrer e.V
  • VVW - Vlaamse Vereniging voor Watersport
  • YMCA - YMCA – Young Men’s Christian Association Scuba

Fonte: Dive-Net

sábado, 23 de outubro de 2010

Representantes de Grandes Marcas de Mergulho de olho em Fortaleza!

De olho em um mercado em expansão representantes de equipamentos de mergulho se voltam para Fortaleza.

Nesta semana, Marcelo Gesteira, instrutor de mergulho e representante nacional do renomado Grupo Aqualung fez sua primeira visita comercial a Fortaleza. O Grupo Aqualung abrange marcas como US Divers, Apex, Technisub, entre outras. Marcelo nos apresentou as novidades em equipamentos desta marca que é, sem dúvida, top de linha! 

Aqualung Wave 2010
Os destaques são a nadadeira Aqualung Express que chegou para substituir a antiga Technisub Stratos FP que após mais de 10 anos no mercado saiu de linha, também destacamos o colete Aqualung Wave 2010, a nova linha de coletes Wave trás várias novidades, uma delas a opção de utilizar lastro integrado ou não, e a máscara Teknika também é uma ótima escolha para que gosta de ângulo de visão/pouco espaço interno.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Todo dia é Dia de Limpeza de Praias!



(Thiago Magalhães fazendo sua parte, recolhendo uma tampinha de plástico da praia.)

"Começou um incêndio na floresta. 
Todos os animais fugiam desesperados quando o leão notou que o beija-flor ia na direção errada e perguntou:
- Beija-flor o que voce esta fazendo? Salve-se!
- Estou levando um pouco de água - no bico - para ajudar a apagar o fogo!
- Mas voce não vai conseguir apagar sozinho, Beija-flor!
- Sei que não vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte!"

Todo dia é dia de limpeza de praias! Todo dia é dia de fazer a sua parte!

É através dessa filosofia que a equipe do Mar do Ceará faz sua parte. Mesmo nos momentos de lazer podemos contribuir para a limpeza do meio ambiente. Se cada pessoa que fosse a praia não sujasse e ainda retirasse um pequeno saco com resíduos recolhidos na areia, nossas praias seriam muito mais limpas.


Durante uma breve caminhada em uma praia do litoral leste encontramos na areia uma quantidade absurda de lixo, cuja a maior parte era composta por resíduos plásticos. Pela quantidade encontrada não fica difícil imaginarmos que um dia teremos praias inteiras de plástico! Possivelmente nossos netos ou bisnetos não brincarão em praias como conhecemos: ao invés da areia comum, teremos praias com areia de plastico! Faz medo, mas se pensarmos que todo esse plástico descartado agora vai se fragmentar e ficar na areia por centenas de anos até se decompor totalmente, e como a população mundial tende a aumentar... se não nos conscientizarmos é apenas uma questão de tempo. São os restos de sacolas, embalagens, recipientes, garrafas pet, tampinhas diversas, restos de cordas, resíduos de pesca... 

Siri usou um recipiente de plástico para compor sua morada
É triste quando observamos a vida marinha interagindo com o lixo. Em um dos casos, o melhor, observamos um siri usando recipientes de plástico para proteger a entrada de sua toca. Em casos mais graves aves, tartarugas e peixes comem tampinhas, pedaçinhos de isopôr, sacos plástico que se confundem com algas marinhas, terminam tornando-se parte da dieta desses animais e como não conseguem digerir esses materiais vão se acumulam em seu estômago ou intestino provocando sua morte.

Lixo Recolhido por 02 pessoas em 3 horas de coleta
Sei que é clichê, mas se cada um de nós fizermos nossa parte teremos um mundo melhor. Não podemos esperar temos que preservar agora. Tudo bem, não precisar tornar-se um "ecochato", mas ao invés de jogar futebol com seus filhos no domingo de praia, por que não fazer uma gincana cujo tema seria "Coleta de Plástico", ou "Gincana da Praia", etc, cujo objetivo seria coletar a maior quantidade, ou mais tampinhas, mais garrafas, o lixo mais "exótico"... tenho certeza que todos vão se divertir e o meio ambiente vai agradecer ou melhor... seus filhos, seus netos e as tartarugas vão agradecer!

Todo dia é dia de limpeza de praias!



domingo, 17 de outubro de 2010

Povos do Mar do Ceará - Diário do Nordeste


Viagem pelo litoral cearense - Diário do Nordeste

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Vida e luta dos povos do mar
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Crianças brincam e se divertem achando que sairão no Rota 22
FOTOS: MELQUÍADES JÚNIOR
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17/10/2010 
Camocim. Se a história do Ceará fosse contada a partir da ocupação do homem "civilizado", o litoral deste Estado seria a primeira "terra à vista" no contexto histórico de "descobrimento do Brasil". Antes mesmo de Cabral, os navegantes espanhóis Vicente Pinzón e Diogo Lepe teriam pisado em solo cearense. Mas, muito antes de Cabral e Pinzón, milhares de pessoas já ocupavam essa área de litoral. Até hoje as famílias indígenas resistem à ocupação, reunidas com famílias de não-índios e negros que também se mantêm há séculos, constituindo todos os "Povos do Mar do Ceará". Em mais de 570km de costa, compreendendo 21 municípios, o litoral é fonte de cultura e de sobrevivência de centenas de comunidades. Mar é mais do que água. É areia, dunas, falésias, pássaros, mangues, povos e suas culturas. "Mas é aquilo que a gente tem desde que nasce, até morrer", comenta a marisqueira Tereza Nunes.

Enquanto o leitor confere esta e as próximas páginas, dona Tereza Nunes cata búzios na Praia de Arpueiras, em Acaraú, para completar o almoço de domingo, mesmo que nos outros dias também tenha comido marisco; também, neste dia, os amigos Ermeson da Silva, Carlos Mateus, Carlos Eduardo e Ícalo Bastião estarão brincando na Praia da Redonda, em Icapuí, procurando peixe nas poças de água e usando lama como protetor solar para a pele. O bugueiro José Alves Paulino sobe o morro para os turistas se deslumbrarem com a Praia de Águas Belas, em Cascavel. E seu José Ivan Rodrigues de Oliveira estará no "15° sol" de uma viagem de 20 dias de pesca, a partir de Camocim. Vivendo mais dias em mar aberto do que em terra, não sabe mais dizer o que é mais importante.

Em séculos de ocupação e história, o litoral é talvez a única região que não descansa. Enquanto houver onda, tem gente indo e vindo, de longe ou de perto. Na madrugada escura, em que o pescador se despede da terra, tem jovens dançando reggae numa barraca de Canoa Quebrada, com testemunho da lua e iluminação de uma fogueira. O dia amanhece e tem mais gente. Pode ser turista, nativo, empreendedor ou a equipe de reportagem, seguindo um roteiro de visitas a comunidades litorâneas ou sendo impedida de passar, porque uma empresa se apropriou de parte da praia com a única estrada de acesso à comunidade Xavier, em Camocim. São pelo menos 93 grupos de povoados numa extensão que percorre desde a comunidade de Bitupitá, em Barroquinha, já na divisa com o Piauí, até Arrombado, em Icapuí, na divisa com o Rio Grande do Norte. Muitos quilômetros de vidas, alegrias, guerras e resistências.

A maioria das famílias vive, basicamente, da pesca e complementa a renda com artesanato e turismo. Peixes, crustáceos e mariscos caem na rede ou nas mãos de milhares de pessoas. Elas alimentam seus filhos, eles estudam nas escolas da comunidade, alguns querendo ser "doutores", outros pescadores mesmo. "Os dois filhos-macho estão comigo, e as três fêmeas ajudam a mãe em casa, sendo que uma ´tá´ seguindo nos estudos e vai se formar", contou José Ivan, de mochila na mão, minutos antes de embarcar para a viagem de 20 dias pelo mar. Na ida, água, bolacha, farinha, feijão e rapadura; para a volta, certamente na próxima quinta-feira, espera trazer até 700kg de peixe, que pode ser sardinha, sirigado, mas "se Deus quiser", guaiúba, o favorito para venda.

"Faz é tempo que a pescaria ´tá´ ruim", diz Ivan. Enquanto é fotografado, os amigos brincam que "vai passar no Rota 22", programa policial da TV Diário. Mas "aqui só vai assim, na molecagem", explica. A última fotografia é das mãos. Quando os calos estão muito grossos, passa a faca, como quem descama um peixe.

Pelo trabalho, mar aberto é um campo de prisão de muitos homens pescadores, que alguns já chamam de bóias-frias do mar. O barco nem os equipamentos são de Zé Ivan. E para cada quilo de guaiúba que os pescadores trazem, os atravessadores lhes pagam R$ 1,50, revendem a comerciantes maiores por R$ 9,00, e o quilo do peixe pode chegar a R$ 12,00 na prateleira do supermercado na mesma cidade do pescador.

Depois de Vicente Pinzón, Pero Coelho e Martins Soares Moreno, o litoral foi ponto de chegada de muitos sertanejos fugidos da seca. Na praia, o índio e o não-índio têm morada. O único lugar que não para de ter vento e o grande mugido das águas.

A zona da costeira do Ceará é celeiro econômico, turístico, de belezas e riquezas naturais. O lugar é o terreno de quem fez o caminho inverso, veio do sertão em busca de dias melhores, ergueu a cabeça e concordou com o que havia no horizonte: "mar à vista

terça-feira, 12 de outubro de 2010

U-507: Um Relato sobre o Afundamento do Submarino que "empurrou" o Brasil para a II Guerra Mundial

(Submarino U-507 sendo atacado por um avião norte-americano no litoral cearense)

Em agosto de 1942 o submarino alemão U-507 comandado pelo capitão-de-corveta Harro Schacht afundou cinco navios brasileiros em menos de 3 dias. Este ato indignou o povo brasileiro que exigiu a entrada do Brasil ao lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.

Em uma missão posterior  o U-507 também afundou o navio inglês SS Baron Dechmont, atualmente conhecido como "Navio do Pecém" e naufragado a 30km da praia que deu nome ao naufrágio. Após torpedear três navios mercantes ingleses este submarino foi atacado por um avião da US Navy Air Force que decolou de Fortaleza em 13 de janeiro de 1943 as 5:00 da manhã. Depois deste ataque o submarino cessou qualquer contato com sua base e  não retornou à mesma.    

Foi no dia 13 de janeiro que o U-507 encerrou sua quarta patrulha após 47 dias no mar. O Tenente Aviador Lloyd Ludwig e sua tripulação decolaram no dia 2 de janeiro a bordo do avião Catalina PBY 10 do esquadrão norte-americano VP83, com a missão de dar cobertura aérea a comboios aliados entre Natal e Belém. Logo após a primeira decolagem, avistaram 3 botes salva-vidas repletos de sobreviventes, provavelmente do MV Oakbank. Após dez dias voando entre as bases de Belém, Fortaleza e Natal receberam a informação de que um submarino estava seguindo um comboio nas proximidades de Fortaleza..."

Veja agora o relato do afundamento do submarino alemão mais importante para história do Brasil pelo Ten. Aviador Lloyd Ludwig. O ataque aconteceu no litoral do extremo norte do Ceará.

Agora as palavras do Ten. Ludwig:
No dia 12 de janeiro, chegamos a Fortaleza após o anoitecer. Nós “emprestamos” dois galões de combustível de avião a um taxista para que nos levasse a um hotel local. Depois de jantar e tomar uma garrafa de cerveza e nos recolhemos por volta das 23 horas. Antes do sol nascer já estávamos a caminho do aeroporto. [Quando chegamos] Nosso avião estava com as luzes do interior acesas e o radiomen Seaman Second Class R.O. Siemann e o mecânico de avião Aviation Mechanic Mate First Class (AMM1c) R.K Gernhofer, estavam bem acordados. Gernhofer me entregou uma mensagem de Natal informando que um submarino alemão estava seguindo um comboio e nos deu instruções para agir.

Antes de partirmos eu e a tripulação, mais precisamente o co-piloto Ten. Mearl Taylor e Ensign Harry Holt, o navegador, o radiomen e os dois artilheiros chamados Merrick e Thurston, revisamos nosso plano. Nós não usaríamos o intervalometer quando lançássemos as cargas de profundidade, pois houve casos em que elas travaram. Nós voaríamos a 6.000 pés [aproximadamente 2.000m] de altitude usando a cobertura das nuvens quando possível. Se fizéssemos um ataque, eu lançaria duas cargas de profundidade usando o controle manual, ou seja, as duas de bombordo. Mearl no assento do co-piloto soltaria manualmente a da direita e aí Harry, ajoelhado entre nós soltaria a última. Com sorte eles as lançariam com dois ou três segundos de intervalos.

Gernhofer ficou encarregado de avisar a base quando estivéssemos atacando. Os dois artilheiros operariam as metralhadoras .50 e não atirariam até que eu ou Mearl os ordenasse. Nós voaríamos 50 milhas a frente do provável percurso do comboio e iríamos ao seu encontro. Desta forma nós estaríamos olhando a favor do sol, o que aumentaria nossa chance de surpreender o inimigo.

Ninguém comentou quando nós o passamos pelo meu lado. Seja lá o que foi, fosse sorte ou as noites mal dormidas e as nuvens abaixo, eu não o vi. Logo depois Mearl se inclinou e disse “Aquilo parece um pc boat?”. Só precisei olhar uma vez: “É um sub!”.

Parece que aconteceu tudo de uma vez, a força foi cortada, nariz [do avião] abaixado, alarme de aviso soando postos de batalha e as carga de profundidade armadas. Harry Holt veio para a frente e se ajoelhou entre Mearl e eu. Logo nós estávamos em um mergulho excedendo 200 nós de velocidade. Nos aproximávamos do submarino pela proa e ainda nenhum sinal que ele nos avistara. Pareceu muito tempo, mas em questão de segundos descemos para 1.200 pés. O sub tinha nos avistado e começava a submergir. Nós diminuímos o mergulho, mas o nariz do avião ainda estava baixo. Aumentamos a força do motor para mantermos a velocidade. Mearl já estava prestes a empurrar a soltar as bombas do lado direito. Harry estava na esquerda. Eu estava com o pickeral, o mecanismo de soltar as bombas, em minhas mãos. Nós estávamos quase lá e o sub tinha acabado de submergir, estava apenas com a torre de comando sendo inundada. Nós estávamos a menos de 100 pés e ainda descendo. Eu pressionei o pickeral mirando um pouco depois da torre de comando. Então Mearl e Harry também soltaram as suas cargas de profundidade.

Ainda bem que todas as quatro cargas foram lançadas pois nós estávamos a menos de 25 pés e a perda de de 2.000 pounds [1 tonelada] nos ajudou a ganhar altitude. Logo nós estávamos em uma curva ascendente para a esquerda. Eu olhei pra trás e que vista! Pareciam as cataratas de Niágara viradas de cabeça para baixo, um paredão de água foi lançado para o ar, não em quatro colunas, mas em uma só. Nós circulamos os destroços, jogamos duas bombas de fumaças mas não vimos nada do submarino excerto os vestígios das cargas de profundidade. Harry Holt voltou para o compartimento de comunicação, marcou nossa posição e avisou a base do ataque. Eu perguntei pelo rádio “Alguém viu o comboio?”. Eu acho que foi o capitão de aeronaves AMM2c J.W Dickson na torre que respondeu “Nós o passamos mais ou menos 5 minutos antes de iniciarmos o ataque.”

Eu passei os controles para Mearl seguir até o comboio e me voltei para a tripulação e perguntei:

“Vocês viram onde as cargas de profundidade caíram?”

“Sim!”

“Pareceu ter atingido o submarino?”

“Logo antes da torre de comando.”

“O que vocês acharam do ataque?”

“Achei que nós íamos bater nele!"

"Bem, foi bem perto mesmo, mas mantenhas os olhos na fumaça enquanto puder, nós estamos voltando para avisar ao comboio."

O Tenente Ludwig contatou o cruzador Omaha que estava escoltando o comboio. O navio de guerra se deslocou para o local do ataque mas falhou em encontrar qualquer evidência da destruição do U-boat. Um relatório foi enviado para o escritório de inteligência do esquadrão VP83 e no dia seguinte Ludwig e sua tripulação fizeram um ataque simulado em uns arbustos próximos a Natal. O esquadrão deu ao Tenente Ludwig e sua tripulação crédito por causar pouco estrago ao submarino, mas o U-507 não sobreviveu ao ataque.  

O U-507 foi ao fundo levando consigo 4 prisioneiros britânicos: o comandante do MV Oakbank, o comandante do SS Baron Dechmont - Navio do Pecém - chamado Donald MacCallum e o imediato e o comandante do SS Yookwood. Seu afundamento só foi confirmado após o fim da Guerra.


Tradução:
Marcus Davis Andrade Braga


Fontes:

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Concurso "Cultura e Mergulho no Mar do Ceará" - Vote!

VOTAÇÕES ENCERRADAS EM 12/10/2010 ÀS 17:00 HORAS. RESULTADO EM BREVE!

Amigos,

Aqui estão as frases finalistas do concurso "Cultura e Mergulho no Mar do Ceará"! Escolha a vencedora: indique o nome do autor da frase de sua preferência e vote através do email (mardoceara@gmail.com) ou nos 'Comentários'.

O autor da frase vencedora ganhará um exemplar do livro Narcosis - Histórias de mergulhador, um 'Kit do Mar do Ceará' e terá sua frase/nome publicados ao final de cada postagem deste ano!

"Mergulho para mim é algo que transcende aos problemas do dia a dia, levando-me a contemplar ao menos por algumas horas o maravilhoso mar."
Wellington Azevedo

‎"Mergulhar para mim, é estar num lugar em nosso planeta que é mais incomum do que qualquer outro - o menos conhecido e o mais misterioso. É um lugar semelhante ao espaço sideral, no qual as noções convencionais de tempo e distância se diluem. É um lugar mágico... ao qual o corpo humano, bem como seu espírito, precisa se adaptar... É o mar - a 'Imensidão Azul' ".
Ruver Bandeira

"Mergulhar é deixar o problemático universo terrestre e se transportar para um novo ambiente, cheio de harmonia, silêncio e vida. Mais que isso, é sair do Planeta Terra e ir para o Planeta Água!"
Marcelo Albuquerque

"Mergulho é deslumbrar a vida marinha e suas maravilhas!"
Cláudio Leite(Cacau)

"Mergulhar é contemplar a natureza divina dos mares e oceanos."
Reney Davi