segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Mergulhadores Contra o Lixo - Clean Up Day



Amigos e amigos mergulhadores!

Realizaremos mais uma ação para limpar o mundo e o convidamos para nos ajudar como voluntário! Mergulhadores estão convidados a submergir e retirar todo o lixo que conseguirem do fundo do mar! Não mergulhadores podem participar na limpeza da faixa de praia, e dos calçadões. Praticantes de rapel e escalada podem nos ajudar na limpeza dos paredões rochosos! Faxina completa! Será domingo, dia 25 de setembro de 2016 às 9h, nos encontraremos na Praia do Aterrinho!

Convidamos nossos amigos e clientes mergulhadores a se voluntariar conosco nesta linda ação! 

O Mar do Ceará dispões de 30 vagas para nossos amigos e clientes mergulhadores. Sua reserva deve ser feita através do email mardoceara@gmail.com até o dia 23 de setembro e, logicamente, está condicionada ao número de vagas. Todo o equipamento será fornecido gratuitamente aos participantes pelo Mar do Ceará! As camisetas do evento e as cargas de ar que serão utilizadas pelos mergulhadores foram patrocinadas pelos amigos da Conecta Consultoria ContábilTomodachi Sushibar, Copa Engenharia, Triunfo Tipografia e Contabilidade, Infitech Automação

Outros apoiadores estão contribuindo para esta linda ação: Cagece, Ecofor, Divers for Sharks, Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente,  Paula do Coco e Rede Cativa.

Todos unidos por um mundo melhor!

Haverá troca de mudas (de plantas) por recicláveis promovida pela Secretária de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA)!!

Lembre-se! Não é mergulhador? Você também pode participar do evento! A ação contará com mergulhadores para limpeza submersa, praticantes de rapel para a coleta de resíduos nos quebra-mares e voluntários para coleta na praia e ações de conscientização aos transeuntes!


Reunião dos Mergulhadores
Quinta-feiras, às 20:00, no Tomodachi Sushi Bar (Av. Desembargador Gonzaga, 1426)

Data do Evento
25 de setembro de 2016

Local de Encontro
Praia do Aterrinho, na Barraca Paula do Coco, ao lado do "Espigão" da Rua João Cordeiro.

Checkin: 
9h às 10h

Duração do Evento: 
9h às 15h

Recomendações: 
Boné ou chapéu, protetor solar, luvas.
Chegue no horário pois precisamos dar a confirmação dos participantes e as devidas instruções!

sábado, 17 de setembro de 2016

Recifes Artificiais Marinhos - o que são e como são utilizados

Recife artificial marinho no Cabeço do Arrastado, no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.
Os Recifes Artificiais Marinhos são sistemas que visam transformar ambientes marinhos no intuito de obter novos habitats, e também servirem de proteção contra o avanço do mar e proteção para o fundo marinho contra danos da pesca de arrasto. Geralmente são de ações antrópicas, pois trata-se de construção submersas artificialmente, tais como pilares de piers, cascos de navios, colunas e fundações de plataforma de petróleo e estruturas de concreto ou rocha natural.

Essas estruturas irão imitar os substratos rochosos presente no infralitoral, onde atuam como atrações para comunidades biológicas, assim contribuindo para a conservação da biodiversidade local. Alguns órgãos indicam o aproveitamento de recifes artificias, pelas nações, com o intuito de beneficiar-se corretamente de seus recursos marinhos. Além de favorecer como atrativos para uso nas atividades pesqueiras, pois elaboram oportunidades de pesca e diminui o tempo de procura da pesca. Outro benefício que possibilita é o aumento de turismo em torno da região, pois a áreas poderá ser utilizada por mergulhadores recreativos, tendo como incentivo: barcos naufragados e a história entorno do ocorrido, biodiversidade diversifica, e o mergulho diferenciado. O turismo poderá também  ser atraído pela pratica de surf, onde algumas cidades pretendem instalar os recifes artificiais para deixar mais consistente as ondas da região, temos como exemplo a cidade de Maricá (RJ). Sendo provavelmente um importante favorecimento na elaboração de pesquisas cientificas.

Tambor utilizado como recife artificial
Contudo, não é só espalhar os recifes artificiais em todas as praias. Algumas considerações têm que serem estudadas e analisadas para discernir a viabilidade deste incremento no ecossistema marinho, pois isso acarretar alterações na linha da costa, onde altera todo o meio. Também poderá ocorrer perda de estrutura pela inadequação do substrato e condições oceanográficas (regime de correntes, tempestades, altura e período potencial das onda e profundidade), ou até mesmos as estruturas utilizadas podem expor a biota à substâncias químicas e causar poluição do meio, por exemplo temos o uso de tambores que antes poderiam terem armazenado produtos químicos. Outro ponto preocupante é o abuso por captura dos pescados, como já citado anteriormente, os recifes artificiais são grande atrativos para vários indivíduos marinhos, portanto, muitas vezes são utilizados como armadilhas ou até mesmo por pesca de maneira desequilibrada causando diminuição significativa para as espécies do pescado.

Regulamentação mundial e nacional:
Para orientar a utilização de recifes artificiais em águas marinha, em contexto internacional, temos a Convenção de Londres de 1972 abordando normas internacionais que está relacionada com a poluição nos mares e métodos legais para a segurança de operações oceânicas. Outros atos internacionais tratam sobre prevenção e combate de possíveis contaminantes. Como a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo (1969), Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos ou outras Matérias (1972). E também convenção tratando sobre direitos e deveres dos países que é o caso da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM, 1982 – artigos 56, 60, 80 e 210) e dentre outros, todos com intuito de estabelecer procedimentos referente ao meio ambiente marinho e à segurança da navegação. Referente ao Brasil não existem ferramentas específicas para regulamentação dos recifes artificiais marinho. O pais acaba adotando normas acordadas na Convenção de Londres (1972) e regras de prevenção da vida humana, como também referente a poluição ambiental e segurança de navegações. 

Tipos e objetivos:
Os tipos utilizados são bastante diversificados quanto ao tamanho e a composição. Também variam desde simples à complexo modo de preparo. A baixo estão os tipos de recifes artificiais marinho utilizados:

  • Materiais naturais (bambus, folhas e toras de madeira);
  • Tubos de PVC;
  • Tambores de metal
  • Pneus;
  • Concreto;
  • Carcaças;
  • Meios de transporte (embarcações, aviões);

Os tipos de recifes artificiais marinho variam de acordo com os objetivos, onde os principais deles são:

  • Recifes de conservação da biodiversidade
  • Recifes de produção pesqueira;
  • Recifes para atividade de mergulho recreacional;
  • Recifes de proteção da orla

Os recifes artificiais também são utilizados para fins de pesquisas, mas para essa finalidade ainda precisa ter um amadurecimento técnico e cultural, pois essa finalidade é de grande importância, assim podendo esses recifes serem utilizados de maneira controlada e similar ao meio natural, assim possibilitando a estudar e esclarecer melhor todo o ecossistema presente em recifes.

Pontos de mergulhos: Internacional...
Museu subaquático em Mali Losinj
O melhor jeito para sabermos como realmente são os recifes artificiais marinho é por meio da prática do mergulho, pois dessa maneira o praticante tem a oportunidade de observar o ecossistema que fixam nas estruturas artificiais, e até mesmo entender como cada estrutura estão configuradas após ser submersa. Mas os recifes artificiais não são encontrados em todas as praias, e lembrando que existem grande diversidades dessas estruturas, como por exemplo temos na Turquia, na cidade turística de Kusadasi sob o Mar Egeu, um Airbus A300. Já na cidade de Nova York colocarão antigos vagões do metrô no oceano Atlântico para formar recifes artificiais e atrair de volta peixes e animais marinhos que antes habitavam a costa. Os mais famosos recifes artificiais são compostos por navios, e um dos navios que chama atenção, estar na Flórida, na costa de Pensacola, por ser um Porta Aviões construídos na era da Segunda Grande Guerra, possuindo 294 metros de comprimento. No litoral do México, cerca de oito metros de profundidade existem cerca 450 esculturas submersas que além de recifes artificias formam espécie de museu de arte. Há uma tendencia mundial de criar museu subaquático, pois existe um outro na Croácia em Mali Losinj, no local, cerca de 5 a 10 metros de profundidade, existem réplicas de armas navais antigas e réplicas de Apoxyomenos esse ultimo sendo o mais famoso do parque, que tem um percusso cerca de 300 metros de comprimento.

Recife artificial "REEF BALL",
fonte; http://www.reefball.com
... e nacionais
No Brasil também pode-se encontrar mergulhos para conhecer recifes artificiais e toda biodiversidade que essas estruturas formam. A cidade de Recife(PE) é considerada a capital nacional de mergulho em naufrágio. Por possuir mais de 25 naufrágios acabam tendo diversos pontos de mergulhos. No estado do Paraná existem recifes artificiais feitas de concreto, esse concreto tem alta tecnologia para não prejudicar o ecossistema marinho, além de proteger da pesca por redes de arrasto, esses recifes artificias são conhecidos como “REEF BALLS”. Já no Rio de Janeiro utilizam tubos de aço reciclados da indústria de petróleo e concreto para construir recifes artificiais, localizados cerca de 8 quilômetros do litoral de Rio das Ostras no estado fluminense. No estado cearense também pode se encontrar recifes artificiais por naufrágios como também estruturas similares a rochas e sobre os pilares dos piers.

Portanto, o que precisa ser feito antes de qualquer implantação de recifes artificial é o persistente e importante estudo e análise do possível meio a ser ocupado por tal estrutura, assim como também profissionais e estudiosos capacitados para planejamento, elaboração e excursão da engenhosa submersa. Contudo, é necessário elaborar uma legislação especifica para tal atividade, onde regulamente e esclareça todo e qualquer tipo de exploração, por meio dos recifes artificias, assim como também quem poderá se beneficiar das estruturas. E apresentar direitos e deveres para os mesmos.


Referências:

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Operação Regaste dos Cristais e o Naufrágio Amazônia

Após 35 sob a água o selo com a marca do fabricante permanece perfeitamente preservado


Em 2 de novembro de 1981 chegava ao Porto do Mucuripe uma embarcação avariada. O navio mercante Amazônia apresentava problemas em suas bombas de esgotamento e já estava um pouco adernado à bombordo quando se aproximava da entrada do porto. Nos momentos finais da aproximação o navio adernou completamente e deitou sobre seu bombordo no fundo da Enseda do Mucuripe. Sua carga foi se desprendendo aos poucos, contêineres e grandes toras de madeira foram despejadas no mar. Começava assim a Operação Resgate dos Cristais!

Alguns contêineres recheados de produtos industrializados na zona franca de Manaus e que antes eram destinados ao Rio de Janeiro flutuaram e foram dar à Praia do Pirambu, assim como sua carga de madeira. A população ficou histérica com a possibilidade de obter algum bem daquele sinistro e a carga foi saqueada! No frenesi do saque algumas pessoas se machucaram seriamente.

No entanto, alguns desses contêineres afundaram antes de chegar a margem levando consigo os produtos que traziam. E eles traziam peças de cristal! Travessas, cinzeiros, recipientes de diversos tamanhos feitos de um material que não se deteriora facilmente sob a água: vidro de alta qualidade, na verdade cristal. Segundo o wikipédia:
"cristal é a denominação popular para um vidro de alta qualidade, transparência e densidade obtido através da adição à massa vítrea (durante a fabricação) de variados sais metálicos e em especial, neste caso, o óxido de chumbo (Pb3O4).[...] Geralmente quando o teor de chumbo é maior que 10% tais vidros ganham a denominação comercial de "cristal", provavelmente se trata de tentativa de conferir uma distinção de "alta qualidade" em comparação aos vidros ditos "comuns". Os teores de óxido de chumbo podem chegar até a 25%."

Nos anos seguintes mergulhadores amadores localizaram e "fizeram a festa" retirando peças de qualquer maneira e sem as devidas autorizações. Os contêineres foram saqueados. Existem relatos sobre cerca de 200 peças oriundas do Amazônia estão agora em Jericoacoara e que peças foram vendidas pela internet. O problema desta prática é que a legislação brasileira é bem protecionista em relação à bens perdidos no mar. Depois de um certo tempo, qualquer bem perdido ou abandonado no fundo do mar passa a ser propriedade do Estado. Portanto, para retirar qualquer peça do mar são necessárias autorizações dos órgãos competentes, no caso a Marinha do Brasil e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 
O tempo passou e a história foi esquecida. Virou lenda atestada por alguns poucos que ainda lembravam ou conheciam a localização. Em 2006 quando comecei a pesquisar sobre este naufrágio tive dificuldade de encontrar a data mas localizei em jornais antigos fotos do seu afundamento. 

Mais tempo passou e em 2012 Régis Freitas, um mergulhador conhecido como "Régis Doido", trouxe para nosso conhecimento a localização de um desses contêineres. Augusto César Bastos abraçou o projeto de resgatar essas peças com o intuito de doá-las para o futuro Aquário do Ceará.

Augusto batalhou por 4 anos para que seu projeto de exploração fosse aprovado em Brasília. O longo processo burocrático de coleta de assinaturas foi árduo e o documento ainda foi perdido em transito de órgão para outro. Mas em novembro de 2015 ao lado do documentarista Roberto Bonfim, ainda sem a autorização em mãos mas ansiosos à sua espera, lançamos junto com o Atlas de Naufrágios do Ceará o documentário "O Naufrágio Amazônia e o Resgate dos Cristais" em que apresentamos o resgate desta história para o público cearense.

Mas no início de 2016 a autorização estava em mãos e a data escolhida para realizarmos definitivamente o resgate dos cristais. Acertamos meses antes a logística da operação que foi autorizada para ser executada por mergulhadores recreativos. Por este motivo, além do staff da Mar do Ceará, clientes e alunos foram convidados a participar da operação. 

No domingo, 21 de agosto, embarcamos no "Seu Lulu", um traineira de 12m para um curta navegação até o local planejado. Duplas foram definidas assim como suas funções sob a água. A primeira dupla mergulhou para localizar precisamente o contêiner. Fizeram uma busca circular ao redor do local mais indicado e após 20 minutos de busca foi dado o sinal verde. As peças foram colocadas cuidadosamente em caixotes e após alguns mergulhos uma dezena de caixas estavam cheias aguardando uma outra dupla que às elevava para a superfície com o uso de balões infláveis (saco elevatório ou lift bag). Neste dia conseguimos recuperar as peças que estavam expostas na areia.
Interessante observar que grande parte do papelão utilizado para embalar as peças ainda estava preservado e alguns selos com a logomarca do fabricante foram encontrados e é perfeitamente legível o nome "Kaysons Crystal Limitada" e o "CGC 04.299.301/0001-19" mesmo após 35 anos submerso.

Era um contêiner pequeno com mais ou menos 3m x 2m x 2m e toda a sua estrutura se deteriorou exceto sua armação e a parte inferior, enterrada na areia. Por isso nos dias seguintes foi necessário cavar. Utilizamos um sistema de sucção a ar para dragar o fundo  e expor as peças que estavam enterradas. O processo de cavar, coletar, amarrar e içar foi repetido por mais três dias até concluirmos a operação. Foram dias muito divertidos, mergulhos fáceis a 10m de profundidade e com visibilidade média 4m. Após a fase de mergulho, foi necessário limpar e armazenar as peças. 

Parte da carga recuperada será destinada a Marinha que solicitou uma porcentagem. Outra parte será vendida para custear as despesas operacionais. Como não obtivemos resposta do Aquário sobre a nossa oferta de doação idealizamos o "Museu Subaquático de Fortaleza". Mais um projeto de nosso grupo de pesquisas! Aguarde!

Alguns vídeos sobre a Operação Resgate dos Cristais:
Carga de Cristais é Retirada do Fundo do Mar (em 09/11/15)
Operação Conclui Retirada de Cristais do Fundo do Mar (em 26/08/16)

Participaram da Operação
Augusto Bastos
Alexandre Martorano
Alexsander Medeiros
Antônio Frazão
Cynthia Ogwa
Fabiana Santana
Francisco Carlos
Franco Bezerra
Joumar Roussine
Lídia Torquato
Lívia Torquato
Luciano Andrade
Marcondes Férrer
Marcus Davis
Melquíades Junior
Thiago Pereira
Thiago Magalhães
Pedro Emanuel
Rafael Alves

Veja também
Cristais do Navio Amazônia: 35 anos no fundo do mar