sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mergulho Profissional Saturado: um desafio para poucos

Paula Christiny

Fonte: http://buscarempregooffshore.blogspot.com.br/
O que você acha de um trabalho de quatro meses por ano, com bonificações dez vezes maiores que o salário, podendo chegar até R$30.000 e se aposentar com 25 anos de serviço (não estou falando dos políticos brasileiros). Parece ser o trabalho dos sonhos, não é? Não é bem assim. Esse regime de trabalho dos mergulhadores saturados não é tão encantador.

Os gases e a pressão
Já ouviu falar em mergulhos a 300m de profundidade? Isso seria um mergulho saturado: o mergulhador antes de entrar na água, é levado a um grande cilindro e dentro deste é aumentada a pressão ambiente, simulando um mergulho.
O mergulho saturado se baseia no princípio de que a pressão dos gases dissolvidos no sangue e nos tecidos é o mesmo que o gás presente nos pulmões. Ou seja, um mergulhador descerá a uma profundidade, possivelmente a 300 pés (91 m), e continuará lá até que não haja mais gás a ser dissolvido nos que ficarão saturados de nitrogênio.
Fonte: http://buscarempregooffshore.blogspot.com.br/
Quando o mergulhador chega ao ponto de saturação, o tempo necessário para a descompressão será o mesmo não importando o tempo que os mergulhadores permaneçam naquela profundidade, quer seja um minuto ou uma semana. Este princípio tem sido usado por mergulhadores que vivem e trabalham em ambientes subaquáticos extremos.
A ONU considera a profissão de Mergulhador a mais arriscada de todas e na legislação trabalhista brasileira, tida como “atividade insalubre de grau máximo”. Quem trabalha como instrutor do esporte ou na construção e manutenção de pontes, hidrelétricas, embarcações e plataformas de petróleo tem que sobreviver num ambiente extremamente hostil ao corpo humano.
Quando um mergulhador de scuba faz um mergulho superior a 300 pés (91 m) de profundidade, ele sente a pressão da água ao seu redor, que é aproximadamente dez vezes maior que a pressão ao nível do mar. A esta quantidade de pressão, os gases resultantes do ar em seus pulmões, principalmente o nitrogênio, se dissolvem no sangue e nos tecidos. Quando os gases invadem o sangue e os tecidos, o mergulhador pode permanecer àquela profundidade apenas por um curto período de tempo, menos de cinco minutos.
Um exemplo. Quando mergulhamos, até a lei de Boyle atrapalha. Esse cara diz que em temperatura constante o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão. Em outras palavras, apertado pela pressão crescente, o ar dentro da máscara vai diminuir de volume. Se o mergulhador não injetar um pouco de ar na máscara pelo nariz, tornando iguais as pressões do mar naquela profundidade e a do ar em sua máscara, a estrutura elástica da borracha comprimirá seu rosto e surgirão hematomas e, claro, vai doer (uma explicação bem convincente para equalizarmos a máscara).

A Rotina do Mergulhador Profissional Saturado
O mergulho de saturação envolve grandes profundidades para atender grande demanda de atividades subaquáticas em principalmente em plataformas de petróleo, mas também em outras áreas profissionais como construção civil, hidrelétricas, pesquisas de universidades e resgates diversos. Ou seja, não falta emprego.
Fonte: http://buscarempregooffshore.blogspot.com.br/

A rotina desse profissional é "mergulhar" a profundidades que podem chegar a 300 metros. Depois disso ir para uma acomodação não muito confortável: um cilindro de aço de 2,5m de largura por 6 metros de comprimento onde ficam até 28 dias, para a realização desses trabalhos em águas profundas. As atividades dos mergulhadores são tão perigosas, que para esses profissionais alcançarem 200 metros de profundidade, é preciso que eles passem por um processo de compressão dentro de uma câmara que dura até 18 horas, apenas para "chegar lá".

A formação dos mergulhadores 
Para atuar profissionalmente como mergulhador raso (até 50 metros de profundidade) é necessário um curso de nove semanas, onde o candidato aprende as técnicas de respiração por ar comprimido e mergulho. Já para o ramo de mergulho saturado, feito a partir de 50 metros até 300 metros de profundidade, o profissional precisa ter dois anos de carteira assinada como mergulhador raso e fazer um novo curso, este de reconhecimento internacional. No entanto aquacidade é virtude essencial para esse profissional. Se deseja entrar para esse mundo a recomendacao é primeiro realizar um curso de mergulho básico recreativo a fim de verificar sua aptidão.
Nesses cursos são abordados temas especiais de mergulho, onde ele aprende todas as técnicas necessárias, estuda tabelas de mergulho, procedimentos de emergência e o manuseio de equipamentos especiais. 

Mergulhador também é gente que sofre
A absorção de gases durante a compressão e descompressão deixa a voz mais aguda e o paladar menos apurado. As refeições, entregues periodicamente através de uma pequena antecâmara, ganham gosto metálico. Os nervos também ficam a flor da pele, o hélio dificulta a regulagem térmica do ambiente, tornando comuns discussões sobre a temperatura. Como adicional, a umidade nas câmaras facilita o ataque de bactérias e fungos à pele, às unhas e aos ouvidos.
Muitas vezes, o peso do confinamento é pior do que os riscos. É comum ouvir choros nos camarotes. Todos eles querem está fora da câmara. Mas para muitos, o alto preço recompensa. A cada saturação de 28 dias, o mergulhador ganha cerca de R$ 32 mil (o governo leva uma boa parte), praticamente dez vezes seu salário mensal, por lei, só é permitido fazer quatro mergulhos desse tipo por ano. É tanto dinheiro que se gasta muito e a vida de alto padrão se torna um vício, o pagamento vai embora com tatuagens, viagens, festas e mulheres. Alguns mergulhadores com anos de profissão não tem nem uma casa própria.

A ciência pode ajudar
Fonte: http://buscarempregooffshore.blogspot.com.br/
Tentando amenizar os riscos do mergulho saturado, pesquisas estão sendo feitas para evitar a necessidade do mergulho saturado e a descompressão: a respiração líquida poderá trazer resultados muito positivos. O mergulhador não respira gás, mas sim composto não compressível, o perfluorocarbono líquido, que contém oxigênio. Nos anos 60, foram feitos estudos com ratos que puderam sobreviver mais de 20 horas imergidos na mistura. Se os estudos derem certo, a respiração líquida pode permitir que mergulhadores atinjam profundidades maiores que 3.000 pés (914m) (não paro de pensar nos naufrágios que podem ser encontrados com esses mergulhos). A respiração líquida ainda está em fase de pesquisa e seu objetivo é ajudar a salvar bebês prematuros e pacientes com traumas pulmonares ou cardíacos graves.

Quero ser mergulhador
Para tornar-se mergulhador é necessário fazer um curso técnico oferecido em escolas especificas para tal. No Brasil existem a Diver University em São Paulo e o SENAI no Rio de Janeiro que oferencem esses curso além da Marinha do Brasil. O curso tem duração de 1 a 3 meses podendo o capacitado realizar outros cursos de especialização. No entanto aquacidade é virtude essencial para esse profissional. Se deseja entrar para esse mundo recomendamos que primeiro realize um curso de mergulho básico recreativo a fim de verificar sua aptidão. Após formar-se Mergulhador Profissional Raso (50m) o candidato pode fazer o curso de Mergulho Saturado (300m) quando o mesmo tem os pré-requisitos necessários.



Fontes de pesquisa:

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A Pesca Artesanal e os Mergulhadores de Bitupitá no Extremo Norte do Litoral Cearense


Mergulhador de Nativo de Bitupitá.
Uma pequena e encantadora vila no extremo norte do litoral cearense. Assim pode ser descrita a última praia em nosso litoral antes da divisa com o Piauí. Bitupitá tem um povo simpático e que forma uma comunidade única de pescadores. O nome vem das línguas indígenas e faz referência ao vento que muda a paisagem composta pelo mar e dunas de areia branca.

Os currais em mar aberto não são
visíveis da praia.
Mas o que chama atenção aqui é a tradição pesqueira. Os tradicionais currais de pesca é que se destacam na Praia de Bitupitá. Alias, não se destacam pois não os vemos, eles estão distantes mar adentro. Os currais são armadilhas artesanais para a captura de peixes compostas por um cercado localizado normalmente na área entre marés, onde o peixe entra durante maré alta e fica aprisionado na baixa-mar. O que chama atenção em Bitupitá é a distância que esses currais ficam a partir da costa. Os mais distantes estão a cerca de 10 km e suas estacas estão fincadas entre 8 e 10m de profundidade.
Sua destreza na água é incrível.
O mergulho é o que torna essa pesca especial. Os pescadores tem que mergulhar para fazer a manutenção constante da estrutura e principalmente para recolher os peixes que ficam aprisionados como resultado da pesca. Durante o trabalho a tripulação do curral que pode conter até 12 homens se divide. Cada um parece saber exatamente a sua função: costurar a tela de aço que eventualmente se rompe, fincar e (incrivelmente) martelar as grande toras de madeira que compõem o cercado são partes da faina bem como capturar os peixes, é claro. 

Grandes cardumes entram no curral e são recolhidos com uma grande rede que é manuseada pelos pescadores-mergulhadores de dentro da água. Eles passam a rede para dentro do curral por uma abertura, em um dos compartimentos do curral desenrolam a rede e tangem os peixes para dentro. Repetem esse procedimento uma ou duas vezes e levam os peixeis que são soltos no chão do barco sem muito critério. Sardinhas, xaréu, serra e outros peixes de valor comercial renderam o bom trabalho. Todos os tripulantes mergulham e a maioria possui máscaras adequadas mas nenhum outro equipamento além disso. Outro fato curioso é que assim como Jacques Cousteau todos fumam e parecem não se importar com isso. O clima a bordo é amigável e reina o companheirismo.

Ao aproximar-se da praia a embarcação é tomada de assalto por atravessadores "selvagens" em busca do melhor negócio que é fechado com o Chefe do Curral. Todo o produto da pesca foi vendido para um só atravessador que fez o melhor lance.

Parte do trabalho é fixar as imensas estacas que compoem o cercado.

A tripulação avalia o rendimento do dia.
Um método de pesca único que vem passando de geração a geração mas que corre risco de extinção em virtude da falta de perspectiva da vida no mar. As dificuldades e o perigo são queixas constantes da categoria não só em Bitupitá, mas em todo o Estado. Preservar a pesca artesanal-sustentável é uma estratégia de preservação ambiental que deveria ser mais explorada. A lógica é simples: valorizando a pesca artesanal automaticamente combatemos a pesca predatória.


Pescador orgulhoso com o seu trabalho.
Texto e Fotos
Marcus Davis

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Luta e Resistência da Comunidade do Balbino

Paula Christiny

Praia do Balbino. Fonte: http://revistalitoralleste.blogspot.com.br/
A comunidade de Balbino possui cerca de 960 moradores, abrangendo uma área de 250 hectares no litoral Leste do município de Cascavel e ao distrito de Caponga, localizada a 60 km da capital cearense. Partindo de Fortaleza, os acessos são via BR 116 e CE 040.

O Balbino é formado por mangue, praia e lagoa, formando uma das mais belas paisagens do litoral cearense. É povoada por uma comunidade de pescadores que dependem da pesca artesanal de peixes e crustáceos para o seu sustento.Além do turismo que movimenta as barracas de praia e o comércio local, outra característica da comunidade são suas expressões culturais como a dança do coco, a renda de bilros.

Pescadores do Balbino
descendentes de guerreiros negros e índios.
Fonte: http://revistalitoralleste.blogspot.com.br/
A Origem da Comunidade
Não existem registros escritos sobre origem da comunidade de Balbino. O que se tem acerca do tema é a tradição oral existente na localidade. Segundo os moradores, o surgimento está ligado à existência de um quilombo. Nas lembranças e nas histórias contadas da descendência étnica, de negros e de índios se fala de bravura, luta e resistência. Segundo essas memórias a resistência do povo do Balbino, quando viria dos índios e negros que chegaram ao local fugidos da escravidão e da Guerra do Paraguai, ou seja, foram essas lutas que tornaram seus descendentes um povo guerreiro e forte.

Pode-se perceber, segundo moradores, que a Comunidade do Balbino foi construída partir de ideais pela unidade, identidade e solidariedade. Foi naquela praia que essas pessoas geraram e ciaram seus filhos, pescando, construíram lar e de onde tiram seu sustento.

O Início da Luta
A zona costeira cearense é atingida pela valorização e do desenvolvimento do turismo de alto padrão vindo dos interesses relacionados à especulação imobiliária. A partir dos anos de 1980 a zona costeira cearense é de vez incorporada à economia global. Sendo envolvidas no quadro as comunidades litorâneas cearenses como a Prainha do Canto Verde, Flecheiras, Canoa Quebrada, Balbino, entre outras. Essa fase de ocupação do litoral é caracterizada pelo interesse de especuladores imobiliários em ocupar as terras dos pescadores.

A especulação imobiliária na da zona costeira, nesse período, está ligada a processos de modernização da região Nordeste que estabeleceram o desenvolvimento turístico como perspectiva de geração de lucro. Nessa época surge o ideal do Ceará das grandes e paradisíacas áreas litorâneas com um modelo de turismo baseado no sol e no mar. Esse modelo foi uma das bandeiras levantadas pelos governos de Tasso Jereissati (1987-1990; 1995-1998; 1999-2002) e de Ciro Gomes (1991-1994), considerados como os governos das mudanças em contraposição aos governos dos coronéis do Ceará. Rui Caminha, proprietário da Imobiliária IWA, foi a principal figura do meio imobiliário interessado nas terras do Balbino.

Os conflito sem defesa da Comunidade do Balbino começaram em 1984, intensificando-se em 1986-87, levando à organização da Comunidade a iniciar uma luta pela posse de suas terras, tendo em vista que estavam ocorrendo invasões violentas de empreendimentos imobiliários na localidade.

As terras de Balbino, oficialmente, em parte pertenciam à Marinha do Brasil e outra parte estava sendo ocupada pelos moradores, com alguns processos para conseguir legalizar a sua posse. Assim, diante da ameaça, a Comunidade se organizou politicamente e socialmente junto a entidades governamentais e não governamentais para iniciar uma luta por suas terras. Esses elementos retomam as narrativas de sua origem caraterizada pela participação de um povo guerreiro e resistente em sua constituição.

Em 21 de fevereiro de 1987 os moradores criaram a Associação de Moradores do Povoado de Balbino com o intuito de defender a natureza local, o interesse dos nativos era lutar contra os "predadores e exploradores”, ou seja, contra a especulação imobiliária. Já em 1988, com a interferência da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) e do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA), foi criada em 21 de setembro de 1988, através da Lei N° 479, a Área de Proteção Ambiental de Balbino (APA). A APA de Balbino com 250 hectares compostos uma paisagem de dunas, lagos, praias, manguezal, além da fauna existente, sendo a primeira APA do Estado. A sua criação trouxe garantias de que pelo menos as terras próximas à praia não pudessem ser comercializadas, cabendo à Associação de Moradores do povoado a sua administração dessa terra, que seria dada às famílias ou aos indivíduos que necessitassem, tendo como condição para receber a terra ter nascido na localidade.

A associação de moradores.
Fonte: http://revistalitoralleste.blogspot.com.br/
Mesmo com a criação da APA, os moradores do Balbino não tiveram paz. Suas terras ainda permaneceram sofrendo com a especulação imobiliária, principalmente por parte de estrangeiros, que compram áreas do Balbino que haviam sido vendidas antes da criação da Associação de Moradores, impedindo que a mesma interferisse nessa comercialização.

Uma Nova Batalha
Em 2013, a Associação de Moradores recebeu a informação de que a Prefeitura de Cascavel, por meio de sua prefeita Francisca Ivonete Mateus Pereira, havia enviado a Câmara Municipal um Projeto de Lei (mensagem nº 099/2013 de 2 de dezembro de 2013) propondo alterações na Lei nº 1.014 de 28 de junho de 2000 que define o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município de Cascavel. O que era proposto era a redefinição das áreas e do uso da Zona Especial APA do Balbino – (ZE6), transformando a APA em uma área urbana do município de Cascavel-CE e dividindo-a em Área de Preservação Permanente (APP), Zona de Urbanização Consolidada do Balbino (ZUC01) e Zona de Interesse Turístico (ZIT). Nesta seria permitido o parcelamento do solo para implantação de Condomínio Urbanístico Sustentável.

Mesmo trazendo em seu texto aspectos como desenvolvimento socioeconômico sustentável e bem estar da população do município, o processo de criação do Projeto de Lei foi feito de maneira autoritária, sem consulta e sem diálogo com a Comunidade de Balbino.

Os moradores ficaram sabendo do projeto através de contatos, novamente se organizaram para não ser esquecido por aqueles que defendem interesses de quem visa lucrar através da exploração de homens e de mulheres, da natureza e de suas riquezas, ignorando culturas tradicionais, com propostas excludentes e segregadoras. Como seus antepassados a comunidade reuniu forças e conseguiu a retirada do Projeto de Lei. A Associação dos Moradores do Povoado de Balbino, em nome da população, produziu um documento que trazia história da comunidade e solicitando a não aprovação do projeto. Segundo o documento dos moradores não se quer evitar o turismo, mas sugerem uma proposta que vincule a conservação dos recursos naturais com o conhecimento da cultura local.

O Balbino ainda resiste aos grandes complexos turísticos.
Fonte: http://revistalitoralleste.blogspot.com.br/
A Comunidade Ensina um Novo Caminho
Como forma der não esquecer de celebrar as memórias do povo do Balbino, vem sendo realizado a “Regata Ambiental de Balbino”. Tais eventos trazem diversas atividades: lual na praia, apresentação de dança do coco, venda de culinária tradicional e adivinhações ao redor da fogueira, café da manhã coletivo, caminhada por uma trilha ecológica e brincadeiras na praia, além da regata e da sua premiação. Isso mostra que a comunidade do Balbino está em pleno processo de construção de um modelo de turismo comunitário, sustentável e responsável, que visa à inclusão direta das famílias de Balbino nas atividades turísticas.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Recifes Artificiais Ilegais são Localizados no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio

Marambáia (nome dado por pescadores a recifes artificiais feitos por eles mesmos)
feita com tambores de aço localizada no Cabeço do Arrastado


Apesar da baixa qualidade das imagens o que podemos observar é uma estrutura composta por dois tambores de aço achatados e amarrados a fim de formar uma espécie de abrigo para lagostas. A ideia é que ao posicionar esta estrutura em uma localização conhecida apenas pelo seu "proprietário" somente ele terá acesso às lagostas que povoam este recife artificial de pequeno porte. Cada pescador possui as suas marambáias, dezenas e às vezes centenas espalhados em locais marcados através de GPS.

Marambáia já está parcialmente povoada
O perigo é que estas estruturas são consideradas responsáveis por contaminar as lagostas com resíduos das substâncias químicas que eles antes continham e sua utilização é proibida pelo risco de contaminação do pescado e, consequentemente, do consumidor final. Isso fez com que o preço da lagosta brasileira caísse no mercado internacional.

É comum encontrarmos estas estruturas em todo o litoral cearense como relatado aqui em 2011. O que impressiona agora é a audácia de localizarmos essas marambáias dentro dos limites de uma suposta Unidade de Conversação.

Embarcação de Peixes Ornamentais
Pescando no Parque Marinho
A estrutura encontrada está dentro dos limites do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, no ponto conhecido pelo nome "Cabeço do Arrastado" que é visitado por diversos mergulhadores recreacionais da região. O fato de terem posicionado esta estrutura tão próximo de um local que é visitado frequentemente por mergulhadores recreativos mostra que esses pescadores ilegais não possuem nenhum medo de uma possível fiscalização. Isso também é exemplificado pelo fato de ser comum encontrarmos embarcações realizando pesca de peixes ornamentais ou mesmo mergulhadores com compressor pescando lagostas à luz do dia de um sábado ou domingo.


O descaso com "uma das Unidades de Conservação agraciadas com a "verba da copa" é evidente. Em 2010 roubaram um avião do fundo do mar de dentro do mesmo Parque, fato que também foi denunciado aqui. Os nosso mares não tem lei... mas isso é apenas um reflexo da situação atual do país em que vivemos.


Saiba mais: