quarta-feira, 11 de abril de 2012

Canhões do Forte de Jericoacoara: Patrimônio Particular ou da Sociedade?

Canhões de origem holandesa esquecidos em um sítio particular.


por Augusto César
revisão Marcus Davis

Recentemente fui informado pelo pesquisador Ricardo Arruda, que ele e o Josué, o "arqueólogo-pescador" da Ponta Grossa, tinham encontrado três canhões em um sítio em Messejana. Segundo o próprio Ricardo este sítio pertencia anteriormente à Associação dos Servidores da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), sendo vendido posteriormente para um particular permanecendo as armas no imóvel.

Pedi o endereço e fui até lá, e para minha grata surpresa lá estavam os canhões. Fotografei e passei  um e-mail para o especialista Maurício Carvalho, do site Naufrágios do Brasil, e  conforme sua opinião se tratam de uma colubrina (antiga peça de artilharia naval) provavelmente dos séc. XV ou XVI, e os outros dois petardos de tempos mais recentes. Para o pesquisador Ricardo eles eram parte da defesa  do forte de Jericoacoara, talvez ainda do período da ocupação holandesa no Nordeste  brasileiro, pois no Ceará tiveram fortificações também em Fortaleza e Camocim.

Solicitei então ao atual proprietário que ele "doasse" essas armas para a sociedade brasileira, pois as mesmas muito embora tenham ficado no imóvel, pertencem à nação. Infelizmente parece que nem todos pensam desta forma e por isso estamos correndo o risco de não contar com este belo  acervo conforme vocês podem ver.

Eis o grande risco dos acervos particulares: a descaracterização e descontextualização de peças de grande valor historico. Expostas em um jardim de um sítio distantante esses canhões não passam de velharias expostas ao tempo, mas depois de estudados e identificados corretamente passam a ter grande valor histórico para a sociedade.

Como podemos observar tratam-se de armas de grande valor histórico e arqueológico, estão bem conservadas e seriam uma boa contribuição para o aprimoramento do conhecimento sobre este período, podendo ficar  expostos e com a devida conservação, em uma das entidades que promovem preservação do patrimônio nacional.

5 comentários:

  1. Lamentável a demonstração de egoísmo por parte do proprietário em se apossar de um bem que pertece à memória da história cearense

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  2. Concordo com o Renê, em Ilhabela no Estado de São Paulo, todos os canhões da cidade são preservados. Devería ser assim em Jericoacoara CE.

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  3. Os canhões não parecem estar esquecidos. Estão protegidos contra corrosão, em bases bem conservadas e pintadas.

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    1. Amigo,

      Acreditamos que ainda sim estão esquecidos do conhecimento público e acadêmico.

      O mínimo que poderia ser feito seria protege-los contra corrosão como mencionado.

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  4. Caros,
    vivemos em um regime capitalista, se o proprietário comprou as terras e nela consta o inventario com as peças bélicas, só nos esta apelar para o bom senso, já que compra-los seria crime federal. Ou então comunicar ao Iphan sobre a depredação e tentar repatria-los ao sitio histórico.

    Fabio Do Lago. fabio@geoarqueologia.com.br

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