segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Corais: como vivem e por que estão sofrendo branqueamento?

Mergulhador junto a corais e esponjas em Natal, RN.
Os Corais
São animais do filo dos Cnidários e do táxon Anthozoa. O nome desse filo veio da palavra knide que tem origem no latim e significa urtiga (o que remete a característica dos animais desse filo provocarem "queimaduras") e além de ser o filo dos corais, é o filo dos polipos, medusas, anêmonas, caravelas e de outros animais. O táxon dos Anthozoa ou "Animais-flor" é uma subdivisão dos Cnidários e é a classe dos corais, anêmonas, gorgônias entre outros tipos de animais.
Polychaeta sobre um conjunto de corais

Os corais são carnívoros oportunistas (capturam as presas quando elas nadam ou derivam em contato com eles) e podem se reproduzir de forma clonal, por brotamento ou fragmentação. Portanto, se um mergulhador que não controla a sua flutuabilidade ou não possui consciência ecológica, quebra os corais ao entrar em contato com eles, estará prejudicando a reprodução desse animal.

Um recife de coral não é formado apenas por corais, mas por um conjunto de seres vivos que vivem associados à outros animais e fazem com que o recife seja um ecossistema altamente complexo e rico em vida marinha. Os corais secretam um exoesqueleto de carbonato de cálcio (aragonita), o que faz com que o recife esteja sempre sobre uma "grande rocha".

Enquanto uma colônia de corais está viva, carbonato de cálcio novo é depositado abaixo dos tecidos vivos. Essa deposição aumenta o diâmetro e a espessura do exoesqueleto do coral, o que faz com que o tamanho do recife aumente.

A deposição de carbonato de cálcio e o crescimento do animal variam diária e sazonalmente com a temperatura e com a luz. Assim, muitos corais exibem faixas de crescimento sazonais como os anéis das árvores, que podem ser evidenciados em imagens de radiografia que determinam a idade e a taxa de crescimento do ser vivo. Muitos corais crescem somente 0,3 a 2,0 centímetros por ano. Os corais normalmente são encontrados em ambientes de águas rasas nos trópicos, ensolaradas e pobres em nutrientes.

Alguns desses animais realizam mutualismo (associação entre dois seres vivos que gera benefício aos dois) com algas fazendo com que os corais fiquem com a tonalidade desses organismos fotossintetizantes, as algas oferecem derivados da fotossíntese e oxigênio ao coral em troca de habitat protetor e nutrientes como fosfato (PO4), amônia (NH3) e gás carbônico (CO2).

Mergulhador e coral no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.


O Branqueamento
Em condições adversas, esses animais expelem parte ou todas as algas que estão associadas. Com a perda das algas pigmentadas, o esqueleto calcário branco é, então, visível através do tecido transparente, e é dito que o coral sofreu branqueamento. Os estresses causadores do branqueamento podem ser sub ou sobre iluminação, excesso de exposição UV, flutuação de salinidade e mudanças de temperatura.

Em razão de muitos corais viverem em temperaturas da água perto do limite superior letal, uma elevação de temperatura de apenas 1°C pode ser suficiente para induzir o branqueamento. Episódios extensos de branqueamento de corais, registrados nos últimos 20 anos, podem ser ligados ao efeito estufa.

O branqueamento de um coral não é sempre completo e não resulta sempre na mortalidade do coral, especialmente se o período de tensão ambiental não for prolongado.

Apesar de belos, esses animais podem ferir o ser humano devido a presença de estruturas chamadas de coanócitos que provocam as "queimaduras" características do filo desse animal. Diante disso, nunca pegue em corais pois você pode se machucar ou machucar o animal.

Fotos:
Marcus Davis

Referências:
  • Zoologia dos Invertebrados de Ruppert, Edward E. 7° edição, 2005
  • Ecologia: De Indivíduos a Ecossistemas de Begon, Michael 4° edição 

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