Vele improvisada em um barco a motor! |
Em um fim de semana de novembro um grupo de mergulhadores partiu para Ponta Grossa com dois objetivos: aventurar-se e aprimorar seus conhecimentos na leitura equipamentos de sondagem do fundo marinho. Queríamos fazer um reconhecimento da área entorno de Barra Grande, em Icapuí, mas não objetivávamos mergulhar e sim ganhar mais intimidade com a sonda tipo sidescan.
Viajamos de Fortaleza para Ponta Grossa. Cinco tripulantes divididos em dois carros cheios de equipamento. Pernoitamos e saímos em um confortável horário: 10:00 da manhã. O planejamento era o seguinte: navegaríamos duas horas até Barra Grande, funcionaríamos o equipamento por duas horas, portanto deveríamos iniciar o retorno por volta das 14:00 ou às 15:00 no mais tardar chegando em Ponta Grossa no máximo às 17:00 horas. Como sabemos expedições desse tipo são cheias de imprevistos. Desde incidentes técnicos à falhas humanas toda operação é passível de atrasos. Precavido é aquele que conta com ele. Não fomos e partimos com com suprimento limitado de água e comida. Éramos um total de nove cuecas em uma relativamente confortável embarcação. Entre biólogos, historiadores, mergulhadores, velejadores e pescadores: a paixão pelo mar.
Tudo correu muito bem durante a operação de sondagem. Encontramos um marcador no meio do mar que, em uma sincronizada comunicação, localizou nosso barco. Ligamos o equipamento que funcionou sem maiores problemas. Fizemos várias leituras do fundo com nosso equipamento que se mostrou extremamente útil. Por volta das 15:00 horas paramos para um banho de mar antes das previstas duas horas de navegação até Ponta Grossa. O mestre desligou o motor para não nos colocar em risco com as hélices do barco.
Estávamos prontos para partir e ao tentar ligar o motor, o comandante nos dá uma triste notícia: a bateria "arriou". Alguma fuga de corrente à descarregou. Nos voltamos todos para ele, certos de que havia uma bateria reserva como padrão, mas não seria tão fácil... não havia bateria reserva! Nos reunimos para ponderar as opções. Levantamos uma bandeira de socorro para alguma outra embarcação que por acaso passasse por ali. Sem desespero discutimos a opção de retornar a nado, afinal estávamos à no máximo 3km da costa, mas concluímos que não seria uma opção. O mestre logo chamou um colega pelo rádio que se prontificou a ajudar-nos, mas como estava no mar, precisava retornar para terra para pegar uma bateria reserva (que ele também não possuía à bordo de seu barco) e só então vir à nosso encontro. Previsão de retorno: 20:00 horas. O clima à bordo não baixou. Tínhamos água e em breve estaríamos em terra firme. Relaxamos.
Mas como nessas horas é difícil relaxar em um barco parado e cheio de homens do mar e do ar, logo apareceu alguém com uma lona e uma ideia: "vamos fazer uma vela!" O vento estava a nosso favor e poderíamos nos aproximar mais de nosso destino. Demos a palavra a nosso velejador Augusto César e seu colega de infância, o paraglider Carlão Prestes que nos acompanhavam. Ambos posicionaram a vela e iniciamos nossa "derrota". "Aperta aqui, e afrouxa aquele cabo!" - dizíamos. Com o mestre no leme e os marinheiros nos velames navegamos margeando a costa. Desviando de currais de pesca e enchendo a vela percorremos cerca de 10km em direção ao nosso socorro. Vibramos!
Lançamos a âncora quando nos aproximamos demais da terra e não tínhamos equipamentos para dar um bordo. Agora só nos restava contar outras mentiras e esperar a ajuda! Algumas horas depois, por volta das 20:30h, o barco nos encontrou e em meio a um mar revolto e com uma manobra espetacular nos passaram uma bateria e mantimentos que recebemos e agradecemos com muito carinho. O motor pegou de primeira!
Navegamos a noite e por volta das 22:00 chegamos ao nosso porto. Uma pequena catraia foi ao nosso encontro para nos levar para terra firme. Ela vinha silenciosa. Seu motor quebrou... Isso mesmo. Sofríamos o segundo prego de motor do dia! O forte vento deixou o mar revolto e as ondas molharam as velas do motor da pequena embarcação. Mas não foi nada para experientes velejadores! Chegamos enxarcardos e famintos com um banquete posto à nossa espera no restaurante do Sidrak!
Como diria meu amigo Augusto César: "Foi tudo verdade!"
Josué Crispim - Arqueólogo Amador
Ricardo Arruda - Cinegrafista
Augusto César - Mergulhador/Velejador
Carlão Prestes - Paraglider
Pedro Bastos - Mergulhador/Biólogo
Victor Emanuel - Mergulhador/Mar do Ceará
Marcus Davis - Mergulhador/Mar do Ceará
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