segunda-feira, 9 de abril de 2018

Um oceano feito de plástico


Todos os dias, do momento em que acordamos até quando vamos dormir, nós estamos cercados de plástico. É a escova de dentes, o cartão de crédito, a embalagem do shampoo, o pacote do biscoito ou salgadinho, canudinhos e por aí vai. Até nas nossas roupas há plástico. E esse plástico se tornou um problema. Na última década, temos produzido mais plástico do em todos os anos anteriores desde o aparecimento do plástico. E a produção continua a crescer. E todo esse plástico trouxe um problema junto com ele.



Produzimos toneladas e toneladas de lixo plástico todos os dias. E esse lixo representa muitos problemas. O plástico demora muito para degradar, para desmanchar e desaparecer. Esse muito é realmente muito. Mesmo se você, que está lendo esse texto, agora tiver 100 anos, o plástico leva em média três vezes a sua vida para sumir. Se você tiver apenas trinta anos será dez vezes a sua idade! Ou seja, pelo menos 300 anos para sumir. Você pode pensar agora “Mas e a reciclagem? Plástico pode ser reciclado!”. Uma parte do plástico sim. Mas sabia que sacolas plásticas não podem? E mesmo o plástico que pode ser reciclado a maior parte não é. Por que? Bom, isso requer um investimento. Requer dinheiro. Mesmo em países como Inglaterra e Estados Unidos menos de 10% do plástico é reciclado.


E o que acontece com todo esse lixo? Essas toneladas e mais toneladas de plástico, de lixo indestrutível que nós produzimos todos os dias. A maior parte vai parar nos mares e oceanos. Através de rios e sendo arrastada pela chuva. Algumas vezes simplesmente jogado diretamente no mar. Como isso é possível? Simplesmente estamos produzindo mais lixo do que damos de conta.

Mas muito desse plástico é desnecessário. Quando foi a última vez que você saiu de uma loja com uma sacola de plástico? E no supermercado? Quando foi a última vez que você pegou uma sacola de plástico para carregar somente um produto? E usou um canudinho em um copo que não precisava de canudo? Ou usou um copo plástico sem nem perguntar se tinha a opção de copo de vidro? Parte do problema é que não somo ensinados sobre tudo isso. Não questionamos hábitos corriqueiros do nosso dia a dia. Simplesmente consumimos e produzimos lixo plástico indiscriminadamente.

Você pode ter ouvido falar da ilha de plástico no Pacífico. Mas será que você sabe o quão responsável pela existência dessa ilha você é? Ou será que você sabe que há pelo menos outras três grandes ilhas de plástico? Uma vez que não temos acesso a toda a informação fica difícil decidir.

Outra parte do problema é que as vezes não temos escolha. Faça o teste. Entre em um supermercado. Qualquer supermercado. Agora compre dez produtos  que você esteja precisando entre alimentos e produtos de limpeza ou higiene pessoal e tente não comprar nada que tenha embalagem de plástico. Difícil? Agora tente cinco produtos. Ainda difícil? Quando a gente começa a refletir, a gente vê o quanto está mergulhado em plástico, cercado e quase literalmente refém de uma vida de plástico.

Eu imagino que você que está sentado aí lendo ama alguém. Ama um filho ou cônjuge. Um pai ou uma mãe. Um amigo ou amiga. Um caso, um parceiro. Espero que você se ame também. Baseado nesse amor, qual seria a dificuldade de começar a refletir as suas escolhas? Seria muito difícil na próxima vez que você entrar no supermercado recusar uma sacola plástica? Ou quando for tomar um suco beber no copo, sem canudinho? São pequenas escolhas, mas que fazem uma grande, enorme diferença. Então, escolha.

A decisão de diminuir a quantidade de plástico que jogamos nos mares e oceanos é nossa. Minha aqui sentada escrevendo. Sua aí sentado lendo. É meu dever. É seu dever. É nosso e todo e qualquer ser humano nesse planeta. Se não fizermos nada estaremos literalmente nadando em plástico nos próximos anos. As previsões mais otimistas dizem que até 2050 haverá mais plástico nos oceanos do que peixes. Parece que ainda falta muito tempo.  Na verdade, é pouco mais de 30 anos. Não é tanto tempo assim.

A maior parte do lixo plástico que produzimos é totalmente desnecessária. Verdade que de muitas coisas somos reféns. Se diante desse quadro tenebroso hoje você decidisse não usar mais nada de plástico, é possível que você tivesse que se mudar para uma colônia de nudistas. E não estou exagerando. Há plástico nas roupas de baixo. Há plástico na tinta de camisetas. E é muito provável que os botões de todas as suas roupas sejam de plástico. Pare e observe. O que não tem plástico a sua volta?

Todos os anos o mar sufoca mais um pouco em plástico. Milhares de animais morrem em decorrência do lixo plástico todos os meses. São tartarugas, pássaros, tubarões, golfinhos e focas. Peixes, centenas de peixes todos os dias. Isso dos animais que podem ser considerados grandes. E os camarões? E pequenos peixes e larvas? Não sabemos. Conseguimos apenas contar o que vemos. E o que vemos é que milhares de animais “grandes” morrem todos os meses em decorrência de todo esse plástico que nós usamos.

Assusta um pouco pensar nisso. Assusta ainda mais assumir a responsabilidade e dizer “Eu sou responsável pela baleia que morreu de fome com o estômago cheio de plástico”. Se der muito medo não precisa fazer. Mas as pessoas que você ama e os outros bilhões de pessoas que vivem nesse planeta precisam que você assuma sua parcela de responsabilidade e comece hoje. Recuse o copo plástico. Recuse o canudinho. Recuse a sacola. Recuse qualquer plástico que você puder recusar. O que você não puder recusar a gente vai resolvendo. Aos poucos. Dia após dia. Mas é preciso começar. Nos pequenos passos. No imediato. Nas escolhas de hoje.

Fontes: 
https://oceanservice.noaa.gov/facts/
https://marinedebris.noaa.gov/info/faqs.html
https://plasticoceans.org/

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