por Paula Christiny
O Arquipélago de Abrolhos está localizado no município de Caravelas, no sul do litoral do estado da Bahia, Brasil. O local foi a primeira área do Brasil a receber o título de “Parque Nacional Marinho” devido a seu ecossistema marinho constituído por riquíssimos recifes de corais, variedade de fauna marinha e pelas aves que habitam as ilhas. Além disso, possui uma das melhores áreas de mergulho para a exploração de naufrágios no Brasil.
São enormes os impactos ambientais causados pela poluição e aquecimento globais constantemente sofridos por Abrolhos. Além disso, interferem negativamente no equilíbrio ecológico do ambiente a pesca, turismo predatório e a exploração de petróleo e gás. Na contramão vem a luta de ambientalistas, que tentam mostrar importância ecológica do local e de sua preservação.
Hoje o arquipélago abriga uma base da Marinha do Brasil |
O que muita gente não sabe é que Abrolhos nos períodos iniciais de sua ocupação já foi palco de outras batalhas. Durante o século XVII, o arquipélago vivenciou um grande combate naval entre potências europeias que ansiavam pelo domínio de territórios, rotas comerciais e acesso a matérias-primas.
Holandeses e a União Ibérica
Holandeses e a União Ibérica
A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, formada por mercadores holandeses em busca de expansão comercial, tinha como objetivo atacar os principais pontos do império de Espanha e Portugal que estavam unidos sob a União Ibérica (1580-1640), dessa forma, ampliando os diferentes postos de comércio estabelecidos pelos seus mercadores.
Os ataques da ação da Companhia as Índias Ocidentais feitos ao Brasil, especialmente ao litoral do Nordeste, foram contra Salvador e Pernambuco pelo fato dos mesmos serem detentores do monopólio da produção do açúcar, produto principal na pauta de exportação das terras brasileiras.
Bandeira da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais |
A Batalha
O entrave que ficou conhecido como Batalha dos Abrolhos foi um conflito ocorrido em 12 de setembro de 1631 pondo em confronto as forças conjuntas de Portugal e Espanha que até 1640 estavam unidas para recuperar territórios de Pernambuco, comandada por Antônio de Oquendo, contra a esquadra holandesa liderada por Adrien Hanspater.
O almirante espanhol Antônio de Oquendo foi escolhido pelo conselho de guerra espanhol para a missão de barrar dos holandeses que já ocupavam Olinda, a capital da capitania pernambucana na época, e bloqueavam o litoral brasileiro para os luso-espanhóis. Sob o seu comando vieram ao Brasil 19 navios de guerra em comboio com mais 35 embarcações com um reforço total de 3000 homens. Nesse período eram comuns conflitos marítimos de maneira que as embarcações mercantis navegavam junto a navios de guerra em comboios. Pelo lado holandês vinha Hanspater que saíra de Recife, Pernambuco, com dezesseis navios somando um contingente de 2.200 marinheiros e soldados a bordo.
Almirante espanhol Antônio de Oquendo |
O início da batalha se deu na manhã, quando houve a primeira investida de uma embarcação holandesa contra uma espanhola, porém o ataque foi revidado por um inimigo espanhol. O navio atingindo foi o de almirante Hanspater que naufragou e afundou junto com o seu barco. O embate durou o dia todo e terminou sem um vencedor, porém se tem relatos que o almirante Oquendo ainda conseguiu levar seus reforços ao arraial do Bom Jesus e a capitania de Pernambuco, que estavam lutando contra invasão holandesa. Em virtude das baixas sofridas nesse combate as tropas holandesas, procuraram reorganizar sua disposição no território brasileiro e deixaram Olinda se fortificaram em Recife, temendo ataque por mar e terra.
O Resultado
O Resultado
Segundo estudiosos durante o conflito foram a pique embarcações dos dois lados. Entre elas estão a nau capitânia Prins Wilhelm, munido de 46 canhões e 300 tripulantes, e o Provincie van Utrecht, com 38 canhões e 262 tripulantes da frota holandesa. Entre os luso-espanhóis afundaram a nau San Antonio, com 28 canhões e 344 tripulantes mais o N.S. dos Prazeres Menor, de 8 canhões 188 tripulantes. Tais naufrágios de inestimável valor histórico nunca foram encontrados, o que se sabe são vagas informações acerca da localização das mesmas. Elas estariam 150 e 200 metros de profundidade, numa distância media de 80 léguas a leste dos Abrolhos. Além desses, muitos outros navios, caravelas, naus e galeões, de mais diversos usos, naufragaram durante o período conturbado da História brasileira durante a ocupação do Nordeste pela Companhia das Índias Ocidentais holandesa, no século XVII.
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